Maior fabricante de turbinas eólicas do mundo, dinamarquesa Vestas estuda ampliar fábrica de Aquiraz

Investimentos em geração eólica offshore, segundo executivo da Vestas, devem ser intensificados apenas na próxima década

Escrito por Luciano Rodrigues , luciano.rodrigues@svm.com.br
aerogerador da vestas no Ceará
Legenda: Vestas produz aerogeradores para parques eólicos
Foto: Fabiane de Paula

Atenta ao aumento exponencial de geração de energias renováveis devido ao iminente início da produção de hidrogênio verde (H₂V) no Complexo do Pecém (Cipp S/A), a empresa dinamarquesa Vestas, líder na produção de turbinas eólicas em todo o mundo, analisa a ampliação da fábrica da companhia no Ceará, localizada em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza.

A ampliação, no entanto, não significa que a Vestas deve constituir, pelo menos por enquanto, uma segunda fábrica no Ceará, como explicou Leonardo Euler de Morais, vice-presidente da companhia para assuntos institucionais e governamentais na América Latina, durante participação no Fiec Summit 2023 Hidrogênio Verde.

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Não estamos falando de uma nova fábrica, mas não significa dizer que não estamos estudando novos investimentos em um parque fabril onde estamos. Estamos estudando, mas ainda não temos uma decisão definitiva a respeito disso, a gente segue sem dúvida acreditando nesse potencial, caso contrário não estaríamos estudando".
Leonardo Euler de Morais
Vice-presidente da Vestas para assuntos internacionais e governamentais na América Latina

Há dois anos, em 2021, uma comitiva do Governo do Ceará esteve na Dinamarca para acompanhar o funcionamento de eólicas offshore, turbinas instaladas em alto-mar que aumentam a eficiência de produção de energia. 

Na ocasião, a companhia passou a estudar a possibilidade de construir uma segunda fábrica no Estado para atender a demandas de pás eólicas offshore, que estavam prestes a ser regulamentadas, mas segundo Leonardo Euler de Morais, o investimento em geração de energia em alto-mar deve ser intensificado apenas na próxima década.

“Digo isso porque em um projeto onshore, enquanto você fecha com o seu cliente, você vai entregar 18, 24 meses depois. No projeto offshore, a gente está falando de cinco anos em média. Então, dado que tem todas essas etapas do arcabouço legal e depois todo o procedimento relacionado através de um leilão, a cessão do direito de uso do bem público, a gente entende que esses projetos estarão operando na próxima década apenas. O que a gente entende é que offshore é muito diferente de onshore em termos tanto de escala e também de complexidade”, avaliou o vice-presidente da empresa.

Ele completou ressaltando a importância da infraestrutura portuária no Estado para atrair investimentos para novas fábricas.

“Acho que o Porto do Pecém tem feito esforços importantes para atrair não só os fabricantes de turbinas eólicas, mas também fornecedores da cadeia de valor. Dialogamos recorrentemente com as autoridades, entendemos que o Estado tem colocado essa questão da transição energética de maneira mais ampla no centro das suas políticas públicas”.

Das fábricas da Vestas instaladas ao redor do mundo, a única em território brasileiro está em Aquiraz, que em 2019 passou pela última e mais recente ampliação. Para Leonardo Euler, a crescente demanda por energia renovável deve incentivar a desburocratização de leis nacionais que favorecem a importação de turbinas eólicas em detrimento das peças produzidas no País.

"Temos aproximadamente 19 fábricas ao redor do mundo, e a Vestas continua estudando possibilidades de investimento, mas hoje em dia existem regras e incentivos tributários que favorecem mais a importação de turbinas do que a produção local. Por exemplo, turbinas importadas que tenham potência acima de 3,3 MW entram no Brasil sem impostos, e a menor turbina fabricada no Brasil é justamente a da Vestas de 4,5 MW"

Leonardo Euler também disse que é preciso rever regras da competição com o mercado exterior de energia.

"É preciso rever também regras que hoje em dia desequilibram o campo de competição a favor da turbina importada, queremos uma competição isonômica, e para isso, queremos também que os concorrentes se instalem no Brasil e adensem essa cadeia de valor", salientou. 

Potencial

No Fiec Summit, a Vestas mostrou que estudos onshore apontam possível produção de 16 GW até 2026, com R$ 100 bilhões de valor bruto acrescentado à economia do Nordeste e cerca de 1,35 milhão de empregos gerados na região. Segundo a companhia, há potencial ainda de US$ 200 bilhões em geração de hidrogênio verde. 

A empresa afirmou também que para cada megawatt instalado no Nordeste, 11,3 empregos são gerados. O potencial onshore, conforme a companhia, é de produção de 500 GW. Já offshore, a previsão é de pelo menos 700 GW.  

 

 

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