Governo recua e desiste de tabela
Após a repercussão negativa, Ministério volta atrás e revoga a lista de preços mínimos e realiza reunião hoje
Brasília. O Ministério dos Transportes informou, no fim da noite dessa quinta-feira, que revogará a nova tabela com os preços mínimos dos fretes, publicada pelo governo no fim da tarde de ontem. Trata-se de mais um capítulo na crise desencadeada pela paralisação dos caminhoneiros e as concessões do governo Temer para atender às reivindicações da categoria.
Segundo o portal G1, a tabela será revogada porque os caminhoneiros reagiram negativamente aos novos valores definidos. Diante disso, uma reunião foi marcada para hoje, na sede da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em Brasília, para governo e caminhoneiros discutirem a formulação da nova tabela.
Na prática, explicou o ministério ao portal, com a revogação da tabela publicada ontem, volta a valer a tabela publicada em 30 de maio, que já havia sido alvo de polêmica. Segundo a pasta, não há data definida para a publicação da nova tabela de fretes. Mais cedo, ontem, o ministro dos Transportes, Valter Casimiro, havia informado que a tabela reduziria em média 20% os preços dos fretes, como publica hoje o caderno Negócios, cujo fechamento ocorreu antes do recuo anunciado no fim da noite.
Segundo informara o ministro, a metodologia usada para a formulação era "factível" e com preços mais próximos aos praticados pelo mercado. "Então, esta tabela conseguiu normalizar o valor do frete próximo ao que já vinha sendo aplicado no mercado". Assim que foi divulgada, a nova tabela recebeu críticas de especialistas. "Tabelar o custo do frete é absurdo, por ferir o direito de concorrência. Depois, houve o erro do cálculo. O governo se colocou numa encruzilhada, prometendo algo que não pode cumprir, pois os custos são diversos no setor", avaliou Maurício Lima, sócio-diretor do Instituto de Logística e Supply Chain.
O tabelamento do frete, disse ele, pode desencadear um processo em que setores produtivos mais fortes consigam condições diferenciadas de preço.