Energia solar se torna mais acessível e oferece economia de até 99% na conta de luz

Perfil do consumidor de sistemas fotovoltaicos mudou nos últimos 5 anos, com o equipamento se tornando mais em conta e bancos oferecendo linhas de financiamento

Escrito por Heloisa Vasconcelos , heloisa.vasconcelos@svm.com.br
Legenda: A energia solar tem crescido de forma ascendente nos últimos 5 anos, abrangendo um público mais amplo
Foto: Natinho Rodrigues

O perfil de consumidor de placas está mudando ao longo dos últimos anos. A adesão à produção própria de energia solar tem crescido e se torna vantajosa mesmo para famílias que não estão na classe A ou B. 

De acordo com o diretor técnico do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia-CE), Daniel Queiroz, há cinco anos o Ceará tinha apenas 335 unidades consumidoras de energia solar. Hoje, já são 20.060

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Novas tecnologias que permitem instalações mais baratas, linhas de financiamento e outras opções como compartilhamento de placas tornam a energia solar mais acessível a um número maior de famílias.  

A opção traz economia na conta de luz que pode chegar a até 99% a depender do consumo mensal da residência. Conforme Daniel, a instalação ainda não faz sentido para todos os consumidores, mas o setor avança para abranger públicos cada vez maiores.  

Mudança de perfil 

O gerente comercial da Sou Energy Distribuidora, Mário Viana, destaca que o aumento do custo da energia é um fator principal para motivar que um público mais diverso busque opções de energia solar. Segundo ele, o custo do equipamento também caiu. 

“Apesar da alta do dólar, como o volume dos equipamentos aumentou muito, o custo caiu muito. Há dez anos o equipamento custava o triplo do que custa hoje. Já chegou em valores dolarizados em preços próximos à Europa, que é onde deveria chegar”, diz. 
Mário Viana
gerente comercial da Sou Energy

Ele destaca que hoje é possível adquirir sistemas fotovoltaicos a partir de R$ 13 mil, com condições de financiamento de até 72 meses a depender de cada consumidor. Isso torna a compra mais fácil mesmo para quem não tem uma renda mensal tão alta. 

Para Daniel Queiroz, é inegável que a energia solar está chegando a um maior número de pessoas, mas a instalação ainda não é acessível para todas as faixas de renda.  

“Classes C e D, principalmente D, são baixa renda. Não tem ainda algo tangível, mas acredito que muito em breve pode passar a ter com algum benefício social. Um produto que antes era muito prime, a gente já vê a classe B e classe C+ entrando. Classe D tem outras prioridades, não tem nem imóvel próprio”, delimita. 

Quando compensa?

Daniel Queiroz considera que, em termos de consumo, a instalação de placas solares tem um retorno mais vantajoso para quem tem conta de luz a partir de R$ 500, já que nesses casos a economia pode girar entre 95% e 99%. 

Quem tem um consumo menor pode demorar mais para ter um retorno, já que ainda é necessário o pagamento da conta de energia. 

“Para 100, 200 reais não está ainda no perfil do consumidor de energia [solar]. Esse cliente não busca, não é o perfil. Uma pessoa que consome isso não é um consumo alto, não deve ter chuveiro elétrico, ar condicionado”, diz. 

Para Mário Viana, qualquer família que tenha um consumo acima de 30kW, que é o consumo mínimo cobrado pela disponibilidade de energia, pode se beneficiar das placas fotovoltaicas. A diferença, segundo ele, é no tempo em que o investimento será compensado.

"O que vai mudar é que para a pessoa que consome 500kW, o payback é mais rápido. Para quem consome 60kW, também é interessante, mas o payback vai demorar mais para acontecer porque a economia vai ser menor", coloca.

Fonte democrática 

O professor do departamento de energia elétrica da UFC, Paulo Carvalho, reforça que a energia solar é a mais democrática do mundo em termos de matéria-prima. A desigualdade reside nas condições de adquirir os equipamentos, que ainda tem um preço elevado. 

O Ceará e o Nordeste têm um potencial especial na geração distribuída devido à incidência solar, mas o setor ainda está evoluindo.  

“É uma barreira ainda real, se a gente observa os estados do Brasil que mais tem fotovoltaico são estados da região Sul, que tem menor radiação solar que no Nordeste, [mas mais condições financeiras]. Na região Sul tem uma classe média rural”, percebe. 

Alternativas para uso 

Novas soluções estão surgindo no mercado para quem não dispõe de recursos para comprar um sistema fotovoltaico à vista. Para além dos financiamentos, é possível alugar placas solares e até compartilhar o equipamento com outras famílias por meio de cooperativas. 

“Posso participar de forma compartilhada com pessoas que compartilham espaço para instalar painéis. Isso virou um certo modelo de negócios, a empresa adquire painel e oferta essa energia para pessoas que queiram entrar nesse modelo de negócio”, explica o pesquisador do FGV Ceri, Diogo Lisbona.  

Quem mora em apartamento também tem como optar pela geração de energia solar, mesmo sem ter um teto para instalação. O gerador pode ser instalado em outro imóvel e o crédito ser direcionado para a conta de energia do apartamento, desde que estejam em mesma titularidade. 

Mário acrescenta que algumas famílias têm saldo de FGTS ou dinheiro aplicado na poupança, que atualmente está rendendo abaixo da inflação. Na opinião do gerente comercial, investir o dinheiro guardado em um sistema de energia solar é mais vantajoso a longo que deixá-lo rendendo em aplicações financeiras como a poupança. 

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