Empréstimo do Caixa Tem vale a pena? Confira vantagens e riscos da modalidade
Especialistas apontam que, apesar da taxa de juros mais alta que o esperado, as linhas cumprem o papel de facilitar o acesso ao crédito
As novas linhas de crédito lançadas pela Caixa na segunda-feira (27) frustraram parte da expectativa gerada em torno do anúncio. Com famílias de baixa renda como público alvo, especialistas esperavam uma taxa de juros mais baixa e alertam ainda para o risco de superendividamento.
Ambas as linhas de crédito, uma para pessoa física e outra para jurídica, possuem as mesmas condições. Os valores tomados podem variar entre R$ 300 e R$ 1 mil, pagos em até 24 vezes e com juros de 3,99% ao mês.
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O economista Alex Araújo revela que o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, já vinha anunciando o lançamento desses novos produtos, o que gerou um certo nível de expectativa.
A grande surpresa - negativa - foi a taxa de juros acima de outras praticadas no mercado, especialmente pelo público-alvo ser de famílias de baixa renda.
"Se olharmos para o público de baixa renda que não tem muita disponibilidade orçamentária, essa taxa, que está dando quase 48% ao ano, é muito elevada. Então, acho que é uma medida importante, porque facilita o acesso ao crédito, mas tem esse grande impeditivo que é a taxa de juros", avalia.
Uma das razões para a expectativa de juros mais baixos é a operacionalização do crédito, feito quase completamente através do aplicativo Caixa Tem, o que reduz significativamente os custos para a instituição financeira.
Ainda assim, o economista não acredita que o juro alto e a análise de risco devam limitar o acesso aos recursos. Isso porque, nesses casos, a avaliação geralmente consiste em verificar apenas o comprometimento do consumo corrente, que é a capacidade da família em manter as despesas básicas.
Terceira ou quarta alternativa
Segundo Araújo, a utilização desse crédito sem um trabalho de educação financeira associado pode levar a um superendividamento das famílias. A alternativa também não deve ser acionada caso outros tipos de crédito mais baratos, como o consignado e o microcrédito, estiverem ao alcance.
"Hoje, a taxa média do microcrédito é de 2% ao mês, quase metade da taxa que a Caixa está praticando. E se ele tiver algum tipo de rendimento que permita o consignado, que é uma das operações mais acessíveis que se tem hoje, ele vai conseguir taxa entre 1,5% e 1,8%"
O presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon), Ricardo Coimbra, confirma certa frustração com a taxa de juros elevada, assim como a utilização desse crédito apenas quando opções mais baratas não estiverem disponíveis.
Conforme Coimbra, as linhas da Caixa são boas opções para uma espécie de troca de dívidas.
"Só é interessante para aquelas famílias que já têm algum tipo de endividamento que a taxa de juros seja superior a da Caixa. Ou seja, se você tem algum endividamento no cartão de crédito, cheque especial", ressalta
Ele também indica que produtos como o consignado estejam à frente na hora de avaliar qual crédito tomar. A busca por alternativas mais baratas vale também para o micro e pequenos negócios.
"Pode ser uma alternativa. Agora, o que esse microempreendimento vai ter que observar é quais as outras operações do mercado comparativas a essa linha de crédito, por exemplo o microcrédito, ou o Ceará Credi do Governo do Estado. São linhas de crédito ao micro e pequeno negócio precisam ser comparadas para saber qual vale a pena"
Coimbra também alerta que a facilidade para a solicitação desse crédito pode ser outro fator que impulsione o endividamento. Outro ponto de atenção seria a utilização do cadastro significativo de potenciais tomadores existente por conta do pagamento do auxílio emergencial.
"É a instituição financeira aproveitando o cadastro que foi feito com um número significativo de pessoas que receberam o auxílio emergencial. O grande problema é que essas pessoas já tem o nível de renda muito baixo, então às vezes nem renda tem ou estão na informalidade", pontua.
Caldendário para solicitação
Para quem possui a conta Poupança Social Digital no Caixa Tem, a atualização cadastral e a solicitação do crédito estarão disponíveis de forma escalonada, conforme o mês de aniversário. Para liberação dos recursos, a avaliação do cadastro é concluída em até dez dias.
Para os nascidos em janeiro e fevereiro, a opção já está disponível desde segunda-feira (27), seguindo até 27 de dezembro, com os nascidos em novembro e dezembro.
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