Em 20 anos, Porto do Pecém se consolida como 'maior âncora de desenvolvimento no Estado'

Terminal se consolidou como segundo principal do Nordeste em movimentação de cargas e pode ser fator de impulsão de transformação energética e econômica do Ceará, além de ajudar aumento de produção em estados vizinhos

Escrito por Samuel Quintela , samuel.quintela@svm.com.br
Legenda: Porto do Pecém movimentou mais de 22 milhões de toneladas no ano passado
Foto: Fabiane de Paula

O Porto do Pecém chega, nesta segunda-feira (28), ao aniversário de 20 anos do empreendimento, em um cenário consolidado como o segundo principal terminal do Nordeste ao se considerar a movimentação de cargas. Celebrado como um dos grandes expoentes para impulsionar investimentos no Ceará, o porto já é apontado como a "maior âncora de transformação e desenvolvimento econômico do Estado".

Algumas das marcas que ajudam a confirmar a afirmação, defendida pelo secretário de desenvolvimento econômico e trabalho do Ceará, Maia Júnior, incluem a constante evolução de movimentação de cargas nos últimos anos e a ampliação do terminal para modelo de complexo, ajudando a atrair novos investimentos ao Ceará. 

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Melhor resultado

No ano passado, o Porto do Pecém registrou o melhor resultado de sua história e ultrapassou o Porto de Suape, terminal pernambucano 20 anos mais velho, no quesito de fluxo de cargas. Segundo dados consolidados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e do Porto do Pecém, o terminal no Ceará registrou 22,4 milhões de toneladas movimentadas. 

Pecém foi superado apenas pelo Porto de Itaqui, no Maranhão, que teve uma movimentação de 31,025 milhões de toneladas. Suape ficou em terceiro, com 22,079 milhões de toneladas movimentadas.

RANKING DE PORTOS MULTICARGAS NA REGIÃO NORDESTE EM 2021  

  1. Porto do Itaqui/MA - 31.025.619 toneladas 
  2. Porto do Pecém/CE - 22.400.202 toneladas 
  3. Porto de Suape/PE - 22.079.408 toneladas
  4. Porto de Aratu/BA - 7.365.248 toneladas
  5. Porto de Salvador/BA - 5.582.340 toneladas
  6. Porto de Fortaleza/CE - 4.873.978 toneladas
  7. Porto de Maceió/AL - 2.143.654 toneladas
  8. Porto de Cabedelo/PB - 1.307.329 toneladas
  9. Porto do Recife/PE - 1.294.604 toneladas
  10. Porto de Natal/RN - 614.639 toneladas

 

"O Pecém está na semana de comemorar os 20 anos e tivemos o grato prazer de, em 2021, bater o recorde de movimentação de carga, com 22,4 milhões de toneladas. Suape, que tem mais de 40 anos, movimentou 20 milhões, então passamos eles. Isso tudo mostra o trabalho do governador Camilo Santana em transformar o porto em porta de entrada das cargas no Nordeste", disse Danilo Serpa, CEO do Complexo do Pecém. 

Transformações econômicas 

Além dos resultados atingidos nos últimos anos, o Porto do Pecém deverá servir como "âncora" para os próximos passos de desenvolvimento econômico do Estado. Maia Júnior, titular da Sedet, destacou que, após o processo de maturação — consolidado nos últimos 20 nos —, o complexo deverá passar pela etapa de industrialização e atração de novos investimentos. 

O objetivo é fazer do porto um polo de desenvolvimento e transformação econômica do Estado, começando pelo (estabelecimento) de um mercado de hidrogênio verde — com 16 protocolos de investimento já assinados —, indo até, possivelmente, um polo metalmecânico para construção de veículos elétricos. 

Outro mercado que deverá ser fortalecido pelos planos de desenvolvimento do Porto do Pecém é o de geração e produção de equipamentos para o setor de energias renováveis. A perspectiva é que a demanda por energia gerada pelas usinas de hidrogênio verde impulsionem investimentos em geradores tanto em terra quanto em alto mar (offshore). 

"Eu imagino que os primeiros 20 anos foi uma fase de consolidação de operação logística e os próximos 20 anos é o processo de maturidade do processo econômico, da industrialização, considerando até empresas comerciais e agrícolas", disse Maia Júnior. 

"Eu imagino o Pecém com esse processo de transição energética e a instalação das fábricas para atender a demanda de geração de energia élica offshore, de hidrogênio verde, de gás natural, tancagem, distribuição de GLP, combustíveis para movimentar toda a indústria, uma refinaria, uma indústria de fertilizantes. Podemos ainda consolidar um polo metalmecânico com uma indústria automotiva de carros elétricos E isso vai transformar o Ceará no estado mais comprometido no processo de descarbonização da economia.", completou.

Pecém
Foto: Camila Lima

Impacto de parcerias 

Um dos pontos de destaque das últimas evoluções no Pecém foi a parceria com o Porto de Roterdã, na Holanda. Atualmente a gestão do terminal europeu detém 30% do controle do Complexo do Pecém e devem servir como mais uma sustentação para os planos de desenvolvimento no Ceará. 

De acordo com o CEO do Pecém, a boa relação de Roterdã com o mercado europeu deverá impulsionar acordos no Ceará, além de ajudar a aprimorar formatos de gestão a partir da importação de expertise e redes de relacionamento. 

Danilo Serpa ainda confirmou que a meta é transformar Pecém no maior porto brasileiro até 2050. 

"Hoje, com Roterdã fazendo parte da nossa gestão, com toda a expertise, redes de relacionamentos, temos uma vantagem. Quando faço uma viagem e coloco que eles são sócios, as caras mudam. Se eles estão aqui é porque tem algo especial. A nossa perspectiva é chegar a 2050 com Pecém sendo o maior porto brasileiro e estamos caminhando com Roterdã para atrair investimentos", disse Serpa. 

"E temos todo esse diferencial, de estar perto de um dos maiores centros urbanos, com infraestrutura, que é Fortaleza e região metropolitana. O pecém tem uma série de vantagens industriais, além da Zona de Processamento de Exportação (ZPE), e nossas estratégias", completou.

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Ampliação de impacto

O economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia Ceará, Ricardo Coimbra, ainda destacou que os investimentos atraídos para o Complexo do Pecém, os novos polos industriais que estão sendo gerados e a melhorias logísticas no terminal no Ceará ainda poderá impulsionar aumento de produção e resultado em estados vizinhos. 

Além disso, muitas empresas no Piauí ou Rio Grande do Norte poderão se beneficiar do terminal para expandir exportações focando mercados nos Estados Unidos, Ásia e Europa. 

"A gente pode acabar gerando impacto para os estados vizinhos, como Piauí, Rio Grande do Norte, que podem usar o Porto como terminal de exportação dos produtos para o mercado internacional. Todas essas perspetivas, com novas empresas se instalando no Ceará, nós ainda poderemos ver a produção de outros estados sendo impulsionada", disse Coimbra.

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