De cada 10 cidades cearenses, 6 têm desenvolvimento socioeconômico baixo

Números são do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal; mesmo com esse resultado, Estado se destaca no Nordeste, com o município mais bem colocado na região

Escrito por
Paloma Vargas paloma.vargas@svm.com.br
Vista aérea de Fortaleza
Legenda: Fortaleza é a 5ª cidade do Ceará com melhor desempenho socioeconômico
Foto: Fabiane de Paula

No Ceará, 6 em cada 10 municípios estão na faixa de desenvolvimento socioeconômico baixo. O percentual, segundo o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) é de (60,3%). Os resultados foram apresentados nesta quinta-feira (8) e usam como base os dados do ano de 2023. Embora, mais da metade das cidades estejam nesta realidade, considerando os três pilares, educação, saúde e emprego e renda, o Estado apresenta desempenho mais favorável que a média do Nordeste. 

É importante salientar que nenhuma cidade foi classificada como de desenvolvimento crítico. Ainda conforme o índice, 38,6% dos municípios cearenses foram classificados com desenvolvimento moderado e 1,1% alcançaram grau alto. 

Elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) esta edição do IFDM analisou 5.550 municípios brasileiros, que correspondem por 99,96% da população.

A análise comprova que, em dez anos, o IFDM médio cearense apresentou evolução significativa: passou de 0,4051 para 0,5917 — um crescimento de 46,1%. Esse avanço foi impulsionado principalmente pela educação, que teve alta de 70,7%, seguida por Saúde (+39,1%) e Emprego & Renda (+22,4%). Todos os municípios cearenses evoluíram frente a 2013.

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Eusébio e Sobral no topo da lista

Dos três municípios mais desenvolvidos do Nordeste, o Ceará tem dois: Eusébio, ocupando a primeira colocação regional e 113ª no Brasil, e Sobral, a terceira na região e 255ª nacional. Entre elas está, apenas, a pernambucana Fernando de Noronha. Ambos atingiram grau de desenvolvimento alto e figuram entre os 500 melhores resultados do Brasil, com índices de 0,8298 e 0,8001, respectivamente. 

Capital está entre as cinco melhores no índice geral

No ranking, quando olhamos apenas para o Ceará, Fortaleza também apresentou bom desempenho, ficando em quinto lugar. Neste caso, o destaque foi no pilar de emprego e renda. Além disso, desde o início da nova série histórica do IFDM, em 2013, ela figura entre os dez melhores municípios do Estado, com Maracanaú e São Gonçalo do Amarante.

A outra ponta do ranking

Nas últimas três posições do Estado em índice de desenvolvimento estão Quixelô, Ipaumirim e Lavras de Mangabeira. Para eles, o que os salvou de estar figurando no nível crítico da pesquisa, foi o pilar educação. Aliás, foi este o quesito que fez a diferença para o Ceará, que não tem nenhum município em estado crítico de desenvolvimento. No pilar saúde, os três aparecem com um desenvolvimento baixo. É no pilar emprego e renda, contudo, que a avaliação apontou um resultado crítico (com notas 0,4 ou ainda menores). 

Ainda nos destaques negativos, o município de Tururu aparece como um dos que teve a maior queda em posições. Ele foi da 54ª para a 181ª colocação no ranking estadual em uma década. No quesito emprego e renda, caiu 21,5% no período. Já na saúde teve evolução mínima 5,5% e, na educação, foi a cidade do Ceará que menos cresceu, com 47,7%.

Como é calculado o IFDM

Criado em 2008 e atualizado neste ano com nova metodologia, o IFDM é composto pelos indicadores de emprego e renda, saúde e educação e varia de 0 a 1 ponto, sendo que quanto mais próximo de 1 maior o desenvolvimento socioeconômico. Através dessa pontuação, é possível avaliar o município de forma geral e específica em cada um dos indicadores. O estudo permite, ainda, avaliação absoluta por município e ano e comparações entre cidades e anos anteriores.

Tanto a avaliação geral quanto as análises isoladas dos indicadores são classificadas em quatro conceitos de desenvolvimento: 

  • Crítico: entre 0 e 0,4
  • Baixo: entre 0,4 e 0,6 
  • Moderado: entre 0,6 e 0,8
  • Alto: entre 0,8 e 1

No Brasil, 57 milhões de pessoas vivem em cidades com percentual baixo ou crítico

O IFDM aponta que 47,3% das cidades brasileiras (2.625) ainda têm desenvolvimento socioeconômico baixo (2.376) ou crítico (249). São 57 milhões de pessoas vivendo nessa situação. Os municípios com desenvolvimento moderado são 48,1% (2.669) e aqueles com alto nível são somente 4,6% (256). Os três mais bem avaliados pelo estudo são Águas de São Pedro (SP), São Caetano do Sul (SP) e Curitiba (PR). 

A análise também mostra que 99% dos municípios analisados registraram avanço no índice geral entre 2013 e 2023. Com isso, a pontuação média brasileira no estudo é de 0,6067 ponto, referente a desenvolvimento moderado. 

“É inadmissível que ainda hoje, apesar da melhoria nos últimos anos, a gente tenha um Brasil tão desigual. Através do IFDM conseguimos chamar a atenção para a situação crítica de muitas cidades, que nem sequer têm quantidade razoável de médicos para atender a população, em que a diversidade econômica é tão baixa que sete em cada dez empregos formais são na administração pública", diz o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.

Ele ainda comenta que os cálculos indicam que as cidades críticas têm, em média, mais de duas décadas de atraso em relação às mais desenvolvidas do país.

"É como se parte dos brasileiros ainda estivesse vivendo no século passado”, ressalta.

O gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, coloca que todas as regiões ainda têm cidades em situação crítica, mas que Norte e Nordeste ainda são as mais prejudicadas. Ele destaca que o estudo oferece análise detalhada para que o cenário possa ser modificado nos próximos anos. “Estamos fornecendo um quadro representativo para a formulação de políticas públicas mais eficazes e equitativas”, pontua.

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