Cearense Mêntore Bank pode ter que mudar de nome com proposta do BC, mas projeta dobrar de tamanho
Banco Central quer limitar o uso de expressões que induzam o consumidor a achar que é banco para fintechs

A instituição de pagamento (IP) cearense Mêntore Bank pode ter que mudar de nome. Isso porque o Banco Central (BC) brasileiro lançou uma consulta pública para disciplinar a denominação das instituições autorizadas, fazendo com que os nomes sejam condizentes com a prestação dos serviços prestados. Assim, as instituições de pagamentos não poderiam mais possuir nomes que remetam a função de “banco”.
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Isso incluiria o nome empresarial, o nome fantasia, a marca e o domínio de internet. Ou seja, seria vedado às instituições o uso, em sua denominação, de termo que sugira, literalmente ou por semelhança morfológica ou fonética, atividade ou modalidade de instituição, em português ou em língua estrangeira, para a qual não tenha autorização de funcionamento específica.
Com essa medida, dezenas de fintechs (junção das palavras “financeiro” e “tecnologia”, são empresas que usam tecnologia para inovar no mercado financeiro) precisariam trocar de nome. Talvez, o caso mais popular seria o do Nubank (fintech brasileira criada em 2013) mas, assim, como ele, o Mêntore Bank e o Onbank, entre outros, teriam que trocar os nomes.
Segundo o BC, 57 instituições reguladas carregam esse termo no nome, sendo que 16 delas são exclusivamente instituições de pagamento. A participação na Consulta Pública 117/2025 permite que a sociedade dê a sua opinião sobre as propostas do BC até o dia 31 de maio deste ano.
Entenda o que é o Mêntore Bank
Fundado em 2021 no Ceará, o Mêntore Bank é uma instituição de pagamento (IPs) que pode prestar diversos serviços. Entre eles, estão a disponibilização de serviços de movimentação, aporte ou saque de recursos, movimentações pix, emissão de cartão pré-pago, pagamentos independentemente de relacionamentos com bancos e outras instituições financeiras, oferecendo uma alternativa mais acessível e digital.
Além desses serviços, os demais produtos que ofertamos são disponibilizados por meio de parcerias estratégicas. Dessa forma, conseguimos oferecer soluções mais completas e inovadoras para nossos clientes, sempre em conformidade com a regulamentação vigente.
Mudar de nome pode ser problema?
Segundo o CEO da fintech, Vanderson Aquino, o impacto dessa nova norma, se de fato publicada, não será significativo para a fintech. “Já temos uma marca forte e reconhecida no mercado. Nosso compromisso com a transparência e a inovação financeira garante a confiança dos nossos clientes, independentemente do nome”.
Além disso, ele afirma que a instituição está atenta às novidades regulatórias e “pronta para atender a qualquer exigência do Banco Central, garantindo conformidade sem comprometer a identidade e os serviços da empresa”.
O empresário cearense reitera que “a discussão é necessária, mas precisa ser conduzida com equilíbrio”.
“Valorizamos a iniciativa da autoridade monetária em abrir uma consulta pública, permitindo que diferentes agentes do mercado contribuam com suas ponderações. No entanto, acreditamos que a solução para eventuais riscos não deve penalizar instituições sérias, que investem em tecnologia, segurança e construção de marca para oferecer serviços financeiros de qualidade”, afirma Aquino.
Meta é dobrar de tamanho
Questionado sobre as expectativas para 2025, Aquino revela que a meta é dobrar de tamanho. “(Estamos) expandindo nossas operações e consolidando nossa posição no mercado financeiro. Com o avanço da digitalização e o fortalecimento das fintechs, enxergamos um cenário de crescimento acelerado, impulsionado por inovação, novas parcerias estratégicas e uma oferta cada vez mais completa de soluções financeiras”.
A instituição financeira movimentou mais de R$ 17 bilhões em 2024, registrou um faturamento de R$ 200 milhões, e possui, atualmente, 650 mil clientes espalhados pelo Brasil. Desde novembro do ano passado a fintech cearense abriu uma sede em São Paulo. Movimentação foi feita por estado gerar mais de 50% da receita da empresa atualmente.
Entenda as definições de banco e instituição de pagamento, conforme o Banco Central:
O que é um banco?
- Instituição financeira especializada em intermediar o dinheiro entre poupadores e aqueles que precisam de empréstimos;
- Providencia serviços financeiros para os clientes, como saques, empréstimos, investimentos, entre outros;
- São supervisionados pelo Banco Central (BC), que trabalha para que as regras e regulações do Sistema Financeiro Nacional (SFN) sejam seguidas.
O que é uma instituição de pagamentos (IP)?
- Pessoa jurídica que viabiliza serviços de compra e venda e de movimentação de recursos;
- Não são instituições financeiras, portanto não podem realizar empréstimos e financiamentos;
- Uma mesma instituição de pagamento pode atuar em mais de uma modalidade.
- Gerencia conta de pagamento do tipo pré-paga. Quando os recursos são depositados previamente, como nos casos dos vales-refeição e alimentação;
- Gerencia conta de pagamento do tipo pós-paga, na qual os recursos são depositados para pagar dívidas previamente assumidas. Como exemplo estão as instituições emissoras de cartão de crédito.
- Habilita estabelecimentos comerciais para aceitação de instrumento de pagamento, sem gerenciar contas de pagamento de usuários finais. São os fornecedores de maquininhas para recebimento de cartões pelos lojistas.
Como participar da consulta pública?
A proposta de ato normativo está disponível no site do BC, no menu do perfil geral “Estabilidade Financeira”, acessando sucessivamente os links “Normas”, “Consultas Públicas” e “Consultas ativas”. Também está disponível no endereço eletrônico do Governo Federal – Participa + Brasil – Consultas Públicas.
Os interessados poderão encaminhar sugestões e comentários até 31/05/2025 por meio do link mencionado ou do e-mail denor@bcb.gov.br. Os comentários e as sugestões enviados ficarão disponíveis no site do BC.