Azeite de oliva fica até 15% mais barato em Fortaleza; vejas novos preços

Um conjunto de fatores contribuiu com a redução

Escrito por
Paloma Vargas paloma.vargas@svm.com.br
Gôndola de supermercado onde ficam os azeites de olivas para compra.
Legenda: Variedade do produto traz preços que variam em embalagens de 250ml, 500ml e até 1 litro.
Foto: Paloma Vargas

Após a escalada de preços nos últimos dois anos, os consumidores já percebem uma redução no valor do azeite de oliva nos supermercados de Fortaleza. Segundo levantamento do Procon Fortaleza, entre janeiro e setembro, a queda variou de 6,17% a 15,8%.

A maior retração ocorreu no produto de menor valor, que passou de R$ 47,49 para R$ 39,99, recuo de R$ 7,50. O preço médio também caiu, de R$ 51,09 para R$ 48,94, uma redução de R$ 3,15.

Já o valor máximo permaneceu praticamente estável, caindo de R$ 65,99 para R$ 65,69, uma redução suave de R$ 0,30. 

Para o levantamento, foi considerada apenas uma marca do produto, na apresentação de 500 ml, com o objetivo de calcular a média de preços e permitir a comparação. A pesquisa abrangeu 36 estabelecimentos distribuídos pelas 12 regionais da Cidade.

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Diário do Nordeste visitou um atacarejo e um supermercado para analisar os preços. Uma marca conhecida no mercado chegou a ser encontrada a R$ 59,98 por litro.

Esse foi o melhor preço, considerando que a mesma marca também foi encontrada na versão de 250 ml por R$ 28,90 e na de 500 ml por R$ 39,90. 

destaque de um preço de R$ 39,90 para uma garrafa de 500ml de azeite de oliva.
Legenda: O menor preço para 500ml de azeite de oliva encontrado pelo Procon Fortaleza em setembro foi de R$ 39,90.
Foto: Paloma Vargas

A queda registrada em Fortaleza acompanha a tendência nacional. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado mensalmente pelo IBGE, o recuo no preço do azeite vem sendo observado em todo o Brasil desde fevereiro.

Apenas em 2024, a retração acumulada é de 12,55%, enquanto nos últimos 12 meses a redução chega a 11,07% 

Por que o preço baixou e o que esperar para 2026?

A justificativa para a redução nos preços está na melhor safra das oliveiras na Europa. O azeite, majoritariamente importado para o mercado brasileiro, nos anos de 2023 e 2024, havia se tornado um artigo de luxo nas mesas dos consumidores, apontado com um dos grandes vilões da inflação naquele período.

Conforme a presidente da Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliveira (Oliva), Rita Bassi, os preços do produto devem se manter no patamar registrado em setembro e até apresentar queda em 2026, se considerarmos apenas a safra internacional.

Isso porque a colheita deste ano deve iniciar agora, em outubro, e está sendo considerada boa pelos grandes fabricantes do produto. Porém, ela ressalta que não é apenas isso que faz a diferença na composição do preço.

Mesmo com o imposto de importação zerado desde março de 2025, o que, segundo Rita, é bom, há outras cargas tributárias que também são levadas em consideração na composição do valor.

Assim, o produto pode ter uma variação neste ano e no início de 2026, mas uma variação pequena, para mais ou para menos.

"Temos que lembrar que todo o azeite é importado (apenas 1% é produzido no Brasil, segundo Rita) e não podemos apenas considerar os preços lá fora como estáveis, porque há interferências da taxa de câmbio", avalia.

Ele ressalta que a alta do dólar e do euro eleva o valor do azeite no câmbio, e que outros fatores além do custo e da oferta também influenciam o preço ao consumidor.

Vale a pena estocar agora que o preço baixou?

O professor titular da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisador de Finanças Comportamentais, Érico Veras, comenta que, para quem usa bastante o alimento e está notando um preço atrativo, pode valer a pena comprar um pouco mais.

"Embora esse produto não seja amplamente consumido por todos os consumidores, o azeite tem um prazo de validade maior, podendo ser estocado", aponta.

Contudo, Veras reforça que é preciso ter cuidado e parcimônia na hora de tomar a decisão de estocar.

"A pesquisa sempre é muito boa para encontrar as melhores opções de preço dentro do mercado. Mas, quanto à quantidade a ser armazenada, depende da demanda de cada um", analisa.

"Se você efetivamente não vai precisar consumir muito azeite, o mais barato é aquilo que você não compra. Assim, a compra para o consumo temporário é a melhor opção, podendo-se voltar a comprar quando necessário", enfatiza. 

Como economizar na hora de comprar azeite?

Araújo pondera que adotar estratégias como a comparação de marcas, dada a grande variedade de azeites no mercado, é uma prática vantajosa para o consumidor. Ele acrescenta que, em períodos de alta nos preços, os blends (misturas) podem ser uma alternativa. 

O economista afirma que também é possível aproveitar promoções sazonais: datas como Natal e Páscoa costumam ter descontos maiores.

Além disso, segundo ele, eventualmente, em períodos de forte alta, é possível alternar o uso com outros óleos vegetais de boa qualidade, como canola ou girassol, em preparações do dia a dia, reservando o azeite para pratos especiais.

"Porém, é sempre importante alertar para as falsificações, que cresceram com o aumento do preço do azeite, de modo que a pesquisa e a aquisição em fontes confiáveis são essenciais para não ser enganado", diz.

Variação de preço afeta percepção de custo de vida

O Brasil é o segundo maior consumidor mundial de azeite de oliva, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, com cerca de 100 milhões de litros por ano.

Porém, o consumo per capita ainda é baixo, entre 400 e 500 ml por ano, contra 10 litros em países mediterrâneos.

Dito isso, para o economista Alex Araújo, apesar de o produto não ser um item da cesta básica, ele ganhou espaço relevante no consumo das famílias brasileiras, especialmente da classe média urbana

Corredor de atacarejo onde ficam os vidros de azeite de oliva.
Legenda: Consumidores encontram preços menores em atacarejo e supermercados de bairro.
Foto: Paloma Vargas

"Sendo assim, na prática, a variação de preço impacta pouco o orçamento agregado das famílias, mas afeta a percepção do custo de vida. Como é um produto associado à qualidade e à saúde, sua alta ou queda de preço é bastante notada, sobretudo entre consumidores habituais", reflete.

Ele lembra que o encarecimento do azeite nos últimos anos reduziu o consumo em alguns mercados, levando distribuidores a rever margens.

"Já a concorrência entre as grandes redes do varejo tem buscado segurar preços em itens de maior visibilidade, como é o caso do azeite, para atrair consumidores", observa. 

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