Após ir a R$ 5,79, dólar tem maior queda semanal no ano

A moeda acumulou queda de 2,15%, a maior desvalorização semanal desde a semana iniciada de 30 de novembro de 2020

Escrito por Folhapress ,
Legenda: Mercado se recuperou com a aprovação da PEC Emergencial
Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O dólar fechou em alta de 0,36%, a R$ 5,56, nesta sexta-feira (12). Na semana, a moeda acumulou queda de 2,15%, a maior desvalorização semanal desde a semana iniciada de 30 de novembro de 2020.

Na terça (9), porém, a moeda subiu para R$ 5,7920 após anulação de condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo ministro do STF Edson Fachin, o que devolveu ao petista os direitos políticos e bagunçou o cenário para a corrida presidencial em 2022.

A decisão derrubou a Bolsa em 4% na segunda (8), mas o mercado se recuperou com a PEC Emergencial e o pacote de US$ 1,9 trilhão aprovado nos Estados Unidos.

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"Isso mostrou que talvez seja possível o governo ter algum tipo de coordenação junto ao Congresso para aprovar pautas que consigam colaborar nesta fase da Covid-19 e tenham contrapartida fiscal, que está sendo a grande preocupação dos investidores", disse Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos, sobre a PEC Emergencial.

Apesar de cercada de ruídos, a aprovação da PEC Emergencial pelas duas Casas legislativas foi determinante para o alívio na taxa de câmbio no Brasil, bem como as diversas intervenções do Banco Central.

Pelos cálculos do Citi, o BC ofertou nesta semana US$ 3,2 bilhões em contratos de swap cambial tradicional - 750 milhões de dólares apenas nesta sexta. O swap cambial tradicional é um derivativo cuja venda equivale a uma injeção de liquidez no mercado futuro, ajudando a amenizar pressões de alta sobre o dólar.

O BC também fez venda de dólar à vista nesta semana, diversificando os instrumentos de atuação em um período em que a moeda chegou a quase R$ 5,80.

Para estrategistas do Citi, o maior ativismo do BC pode ter como razões desejo de um dólar mais baixo antes da decisão do Copom, receios sobre o repasse da desvalorização cambial aos preços e tentativas de diminuir o incentivo para locais usarem o dólar como proteção para operações em outros mercados.

"Pode ser uma combinação dos diferentes motivos, mas certamente somos simpáticos à visão de que eles estão preocupados com a inflação. Independentemente disso, até que se prove o contrário, acreditamos que o BCB continuará a ser mais proativo em suas intervenções", disseram profissionais do Citi em nota.

No exterior, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos estabilizaram, com dados corroborando alívio nas preocupações com a inflação, o que respaldou o apetite a risco global, beneficiando a Bolsa brasileira e o real.

O dólar acumula baixa de 0,77% em março, mas ainda sobe 7,09% em 2021. O real tem o segundo pior desempenho entre emergentes neste ano -melhor apenas que o peso argentino-, mesmo depois de já ter caído mais de 20% em 2020

No pregão desta sexta, o Ibovespa fechou em queda de 0,71%, a 114.160 pontos nesta sexta-feira (12), acumulando declínio de 0,9% semana, marcada por reviravolta política no Brasil e avanço no cenário fiscal, com a aprovação da PEC Emergencial pela Câmara dos Deputados, ainda que desidratada.

Em março, o Ibovespa registra alta de 3,75%. No ano, há queda de 4,08%.

Já o petróleo terminou esta sexta próximo à marca de US$ 70 por barril, sustentado pelos cortes de oferta de grandes países produtores e pelo otimismo com uma recuperação da demanda no segundo semestre deste ano.

Valor de referência global, o Brent fechou em queda de 0,6%, a US$ 69,22 o barril.

"A demanda por ativos de risco, como o petróleo, continua sendo impulsionada pelo pacote de alívio da Casa Branca e por um fluxo quase diário de notícias positivas relacionadas à vacina", disse Jim Ritterbusch, presidente da Ritterbusch and Associates.

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) projetou uma recuperação mais forte da demanda pela commodity neste ano, concentrada no segundo semestre. Na semana passada, Opep, Rússia e outros aliados decidiram manter seus cortes de oferta praticamente inalterados.

"A recuperação mais forte do que o esperado no segundo semestre deste ano indica que a economia global e, portanto, as perspectivas para a demanda por petróleo estão perto de se livrar dos problemas com a Covid", afirmaram analistas da PVM.

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