O fechamento dos estabelecimentos devido à pandemia levou à falência de empresas e perda de empregos, mas a situação poderia ser ainda pior não fosse a maior facilidade para obter crédito. Sobretudo, quando se fala de micro e pequenas empresas.
Levantamento feito pelo Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), do Banco do Nordeste mostra que, por mais que micro e pequenas empresas tenham tido perda de faturamento durante a pandemia, o crédito evitou que elas fechassem as portas.
Das 382 empresas que pediram crédito analisadas na pesquisa, nenhuma decretou falência. O levantamento também aponta que, apesar das perdas de clientes e da queda de vendas, 63,4% das empresas que recorreram a financiamentos não tiveram perda patrimonial.
Sensibilidade das micro e pequenas empresas
Para a coordenadora de estudos e pesquisas do Etene, Maria Inez Simões Sales, a existência de programas como o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), com crédito a juros menores e maiores prazos, foi fundamental principalmente para os empreendimentos de menor porte.
“O número de fechamentos total das empresas permaneceu estável. O crédito possibilitou que essas empresas permanecerem funcionando”, diz.
Segundo ela, a maior parte do crédito tomado pelas micro e pequenas empresas nordestinas foi para manutenção de fluxo de caixa e pagamento de dívidas.
Nas micro e pequenas empresas geralmente o dinheiro é curto, você não tem capital de giro. Qualquer incidente é capaz de fechar ou prejudicar o empreendimento. Fizemos uma pesquisa em 2019 que mostrava que o principal fator que levava a uma perda de faturamento foi assalto. São empresas muito sensíveis para qualquer evento, uma pandemia longa então é fatal. Não há como guardar o excedente porque o excedente é pequeno
A obtenção de crédito também permitiu que as microempresas segurassem as pontas nos períodos de menor faturamento sem ter de demitir funcionários. Das empresas entrevistadas pela pesquisa, apenas 26,2% recorreram à dispensa de pessoal para equilibrar contas.
De acordo com os dados divulgados pelo Etene, cerca de 71% das empresas da pesquisa possuíam, em junho de 2021, até 10 funcionários, sendo que 46,3% adotaram alguma medida governamental para manutenção de empregos. A redução da jornada de trabalho foi a solução mais adotada, 31,9%.
Maior relevância para o crédito jurídico
A pesquisa também mostra que o crédito dado a empresas se tornou mais relevante frente ao pessoal desde o início da pandemia.
“Em uma pesquisa anterior, realizada pelo BNB em 2019, cerca de 73% disseram que o crédito havia gerado impactos positivos para o empreendimento. Nessa pesquisa agora, 93% reconhecem a importância do crédito para manutenção do negócio. Então vemos uma forte demanda e consequente incremento das contratações devido às dificuldades”, destaca Maria Inez.
A coordenadora da pesquisa detalha que também houve empreendimentos que utilizaram a ferramenta para crescer. A pesquisa mostra que 49,5% das empresas realizaram investimentos no período, principalmente em máquinas e equipamentos.
Segundo ela, 1.700 municípios nordestinos foram atendidos pelo Banco do Nordeste no que diz respeito a empréstimos e financiamentos.