Sequestro de Silvio Santos completa 20 anos; relembre o caso

Apresentador foi mantido refém em casa dois dias após a filha Patrícia Abravanel ser libertada de sequestro que durou uma semana

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(Atualizado às 17:37)
Silvio Santos deixando sua casa ao lado de Geraldo Alckmin após sequestro
Legenda: Sequestrador liberou Silvio Santos após a chegada do então governador de SP Geraldo Alckmin
Foto: Reprodução/Memória Globo

Há exatos 20 anos, no dia 30 de agosto de 2001, o apresentador Silvio Santos era sequestrado e mantido refém em casa por quase oito horas. O crime aconteceu dois dias após sua filha Patrícia Abravanel ter sido libertada depois de passar uma semana em cativeiro, caso de autoria do mesmo sequestrador do pai. 

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O autor dos sequestros foi Fernando Dutra Pinto, à época com 22 anos. Para render Silvio, ele escalou o muro da residência da família Abravanel no Morumbi, em São Paulo.

De acordo reportagem especial do Uol, o jovem capturou o dono do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) na cozinha por volta das 7h. Fernando liberou a esposa de Silvio, Íris Abravanel, e todas as filhas e funcionários.

O sequestrador não quis negociar com a Polícia e exigiu um helicóptero para fuga. À época, o caso foi amplamente coberto pela imprensa e chocou o País. 

"Os mais inventivos roteiristas de cinema, os mais criativos autores de romances policiais se surpreenderam com os fatos registrados em São Paulo", descreveu William Bonner no Jornal Nacional naquele 30 de agosto de 2001. 

Fim do sequestro 

Após quase oito horas de sequestro, Fernando Dutra, que estava ferido, demandou atendimento médico. O pai e a irmã dele foram levados para a casa de Silvio Santos para ajudar nas negociações.

Foto de Fernando Dutra, sequestrador de Silvio Santos
Legenda: Dutra morreu cinco meses após o crime, depois de passar mal na cadeia e ter uma parada cardíaca
Foto: Reprodução

Ele só rendeu, no entanto, com a chegada do então governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB). O apresentador foi liberado e deixou sua casa acompanhado de Alckmin e do secretário da segurança do Estado.

Fernando foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória do Belém, onde estavam presos dois envolvidos no sequestro de Patrícia Abravanel: Esdras Dutra Pinto, irmão dele, e Marcelo Batista dos Santos, Outras duas pessoas também foram presas. 

Perseguição antes de sequestro de Silvio 

Pouco menos de um dia antes de render Silvio Santos, Fernando Dutra Pinto havia sido encontrado pela polícia em um flat no município de Barueri, no interior de São Paulo. 

Ele portava armas e tinha R$ 464.850 em espécie, dinheiro que teria sido pago pelo resgate de Patrícia Abravanel. Ele entrou em confronto com policiais, matando dois agentes e sendo baleado por um terceiro. 

Ferido, ele desceu nove andares pelo lado de fora do prédio, deixando um rastro de sangue e empreendendo uma fuga com troca de carros em sequências, até ser perdido de vista pelos policiais. 

Depois de se entregar após sequestrar Silvio no dia seguinte, ele contou em depoimento que se escondeu em um terreno próximo à casa do apresentador. Fernando declarou que só invadiu a residência para pedir ajuda do artista, pois estava com medo de ser morto pela Polícia. Ele até tomou banho e se alimentou no local. 

Resgate de R$ 500 mil

Guilherme Stoilar, sobrinho de Silvio Santos, contou ao Uol no último dia 21, nas vésperas dos sequestros completarem 20 anos, que chegou a pagar R$ 500 mil pela libertação de Patrícia Abravanel. 

Ele relembra que intermediou as negociações e teve contato direto com os sequestradores: "Eu fui com o motorista em um local marcado por eles. E entreguei o dinheiro". 

Após a prisão dos criminosos, policiais conseguiram recuperar cerca de R$ 460 mil. Stoiler relatou que Silvio pediu ajuda a ele. 

"Silvio me contou o que estava acontecendo e disse que precisaria de alguém que fosse da confiança dele para fazer as negociações com os sequestradores. Eu falei para ele que sim, que eu estava à disposição", conta. 

Morte de Fernando Dutra

Fernando Dutra Pinto morreu após passar mal na cadeia cerca de cinco meses após os eventos do sequestro, em 2 de janeiro de 2002. Ele teve uma parada cardíaca. 

Três meses após a morte, a ONG Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos elaborou relatório que apontou que o sequestrador acabou morrendo em consequência de negligência médica e tortura. 

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