Setor produtivo se prepara para reabrir seguindo protocolos sanitários

Lideranças empresariais reforçam necessidade de que novas regras sejam cumpridas por todos para evitar novo aumento de casos no Estado. Expectativa é de recuperação de prejuízos com abertura de negócios

Escrito por Redação , negocios@svm.com.br
Legenda: Construção civil já volta a atuar, com restrições, na próxima segunda-feira (1º)
Foto: Foto: Fabiane de Paula

Satisfeito com o plano de retomada das atividades econômicas apresentado ontem pelo governador Camilo Santana, o setor produtivo se prepara para voltar às atividades gradualmente, seguindo os protocolos sanitários estabelecidos para evitar uma nova onda de contágio pelo novo coronavírus - que inclui uso de máscaras, álcool em gel, distanciamento social, quadro reduzido de funcionários e horários restritos de funcionamento, a depender de cada setor.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, o momento é de atenção às novas regras estabelecidas para o exercício das atividades. "O setor industrial está voltando gradativamente e temos que nos preocupar muito com esse retorno e fazer todo o protocolo. A gente tem uma preocupação muito grande com o nosso colaborador para que possamos trabalhar da forma mais tranquila. A Fiec já fez protocolos de todos os 40 sindicatos. Já passamos para todos os presidentes para que eles repassem para os seus associados. Nós vamos acompanhar todas as fases", observa.

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio), Maurício Filizola, por sua vez, ressalta que cada segmento terá o seu protocolo e cada negócio será responsável por tomar medidas baseadas em diretrizes gerais. As empresas deverão ainda orientar trabalhadores em relação à proteção individual, deslocamentos e cuidados com a saúde.

"Não temos um protocolo único para todos os setores. Cada um tem suas peculiaridades e sua responsabilidade de elaborar", aponta. "O básico é a utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs). Todos os colaboradores deverão usar máscaras. As empresas terão de disponibilizar álcool em gel para os colaboradores e clientes. As lojas terão de fazer marcações nas filas para ter o distanciamento de dois metros, e algo que seja mais específico vai depender de cada setor".

Filizola ainda afirma que os estabelecimentos funcionarão com horários reduzidos e com menos trabalhadores, de acordo com cada fase de reabertura da economia. "Temos uma epidemia ainda muito presente. Os horários foram estipulados para que a gente possa proteger a população e os trabalhadores para não gerar lotação no transporte público", acrescenta.

Para o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), Assis Cavalcante, a preocupação é preparar os estabelecimentos para a volta às atividades. "Nós agora temos esses dias até dia 1º de junho para preparar lojas porque ficamos 70 dias fechados, então será uma operação de guerra. Vamos lavar piso, vitrine, balcão, produtos. Também teremos placas de indicação. O que nós pedimos é colaboração dos consumidores de não entrar na loja quando estiver um pouco cheia", diz.

Já o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Flávio Saboya, ressalta que o retorno das atividades é importante para os pequenos produtores cearenses. "Os pequenos produtores vêm passando por sérias dificuldades. São aqueles produtores de alimentos mais perecíveis, de pequena produção e que abastecem as feiras livres em todo o Estado. Na produção agrícola, de um modo geral, esse período vai ser de preparação para a próxima safra. Estamos confiantes de que essa foi a melhor saída e estamos torcendo para que tudo transcorra da melhor forma possível", aponta.

Expectativa

Para o presidente do Sindicato de Confecções de Roupas e Chapéus de Senhoras no Estado do Ceará (Sindconfecções), Elano Guilherme, o projeto do Governo sinaliza preocupação das autoridades em recuperar as perdas ocasionadas pela pandemia.

"O nosso setor era o que mais gerava emprego no Ceará, superando até a construção civil. Vamos poder retomar nessa fase de transição, com 20% da capacidade, mas está tudo muito confuso ainda, os nossos associados se questionam e estamos buscando maior clareza", avalia.

Ele afirma que as orientações sanitárias já estavam sendo passadas aos colaboradores e às empresas do setor. "Já demos orientações básicas no dia a dia, como uso de álcool em gel, de distanciamento dos colaboradores e máscaras obrigatórias. Pontos que são parâmetros para todo mundo", aponta.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon/CE), Patriolino Dias de Sousa, reforça que o desafio neste momento é conscientizar trabalhadores e empresas para que o setor cumpra os protocolos sanitários propostos pelo Governo.

"A gente vem amargando três meses de angústia porque estávamos parados. Sabemos que a situação em Fortaleza é complicada, porque já vínhamos conversando com o Estado e os especialistas da saúde, fazendo parte do comitê de retorno da economia. O plano é positivo, mas a luta não para por aqui, porque teremos de concluir as cartilhas para orientar as empresas e os operários para cumprir o retorno", acrescenta.

Preparação

O presidente do Sindicato das Indústrias Químicas, Farmacêuticas e da Destilação e Refinação de Petróleo no Estado do Ceará (Sindiquímica/CE), Marcos Soares, destaca que as indústrias do setor já estavam se preparando para a reabertura e que protocolos sanitários estão prontos.

"As indústrias já estavam se preparando com todas as devidas colocações e seguindo um protocolo interno que o Sindiquímica fez com a Federação das Indústrias, através do Sesi. É uma boa notícia para nós", aponta.

"Ficamos satisfeitos, entendendo que foi a melhor construção possível neste momento. Para reduzir os riscos de contágio, vamos seguir um protocolo setorial, além do geral (acertado com a Fiec)", acrescenta a presidente do Sindicato da Indústria de Curtimento de Peles e Couros (Sindicouros), Roseane Medeiros.

O sentimento é também compartilhado por Mark Augusto, presidente do Sindicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos, Domésticos e Industriais no Estado do Ceará (Sindiverde). Ele detalha que o setor está traçando metas para a retomada e está ciente dos protocolos.

"Era um anseio (o retorno) pelo nosso setor ser essencial. Retiramos resíduos das rua e, quando não ocorre, aumenta a proliferação de doenças, como é caso da dengue. Mas estamos ansiosos e, agora, nós vamos passar aos associados (o protocolo de reabertura), seguindo todos os protocolos da OMS (Organização Mundial de Saúde)", pontua Augusto.

"O governador nos convenceu de que esse plano de flexibilização foi formulado com base científica e que era necessário começarmos devagarinho. Vamos começar com 20% (do quadro de colaboradores). Na fase seguinte, passamos para 40% e, após 42 dias, teremos os 100% (de efetivo). Estamos felizes, porque o importante é começar com responsabilidade, para que tudo dê certo e não percamos mais vidas", avalia otimista Osterne Júnior, presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário no Estado do Ceará (Sindmóveis).

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