Um em cada 10 bebês nasce de mães adolescentes em Fortaleza; entenda riscos e prevenção

Apesar de divulgação de métodos contraceptivos, mais de 3 mil nascimentos do tipo são registrados a cada ano

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Corpo de jovens ainda não está totalmente maduro para enfrentar a gravidez, alertam especialistas
Foto: Fabiane de Paula

A primeira semana de fevereiro é dedicada à campanha de prevenção da gravidez na adolescência, em todo o Brasil, por esta ser considerada uma questão de saúde pública. Só em Fortaleza, nos últimos três anos, mais de 10 mil nascidos vivos foram gerados por meninas entre 10 e 19 anos, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

No período analisado pela Pasta, entre 2020 e 2022, nasceram 93.061 crianças na Capital. Destas, 10.590 foram de mães entre 10 e 19 anos. Ou seja, uma em cada 10 crianças tiveram jovens como genitoras.

Segundo a Prefeitura, ações intersetoriais - já que 96% nasceram na rede municipal de Saúde - visando a prevenir a gravidez na adolescência apresentaram resultados positivos ao longo dos anos: em 2020, foram 3.909 nascidos vivos de mães adolescentes; o número caiu para 3.575, em 2021, e para 3.106, no ano seguinte.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a gestação nesta fase é uma condição que eleva a prevalência de complicações para a mãe (como anemia, hipertensão, eclâmpsia e diabetes gestacional ), para o feto (como parto prematuro) e para o recém-nascido.

Além disso, agrava problemas socioeconômicos já existentes porque, com o abandono ou a interrupção dos estudos, as mães têm prejudicada sua inserção no mercado de trabalho.

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Medidas preventivas

Comunicação e educação sexual são pilares essenciais para o enfrentamento do problema. Em Fortaleza, as secretarias da Saúde e Educação integram o Programa “Viva seu Tempo”, que aborda métodos contraceptivos, planejamento familiar para evitar a evasão escolar e apoio às gestantes durante o período letivo.

A SMS também trabalha o Programa Gente Adolescente, que desenvolve atividades educativas para fomentar o debate sobre a visão e as expectativas de futuro para os adolescentes.

“Fazemos todo esse movimento para dar informação e acesso a serviços para que ela não engravide, se esse for seu desejo, nem que reincida a gravidez na adolescência, que é uma problemática”, explica Léa Dias, assessora técnica da saúde da mulher da SMS.

No eixo de prevenção, atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferta gratuitamente 9 métodos contraceptivos que ajudam no planejamento familiar:

  • anticoncepcional injetável mensal
  • anticoncepcional injetável trimestral
  • minipílula
  • pílula combinada
  • pílula anticoncepcional de emergência (ou pílula do dia seguinte)
  • Dispositivo Intrauterino (DIU)
  • preservativo feminino
  • preservativo masculino

Legenda: Acompanhamento deve ser iniciado antes dos 3 meses de gestação
Foto: Fabiane de Paula

Acompanhamento profissional

Caso a adolescente tenha a gravidez confirmada, deve ir a um dos 116 postos municipais para começar o pré-natal, ainda no primeiro mês ou primeiro trimestre da gravidez.

Por lá, a paciente é vinculada ao local do parto, realiza testes rápidos e tem acompanhamento médico, odontológico e de enfermagem, além de ser integrada a grupos de gestantes. Serviços especializados são oferecidos caso ela seja classificada com gravidez de alto risco

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