Saiba quais os 5 vírus respiratórios que mais circulam no Ceará e como se proteger
Monitoramento de janeiro a abril investiga mais de 4 mil pessoas para identificar a causa das doenças
As viroses afetam os cearenses com mais intensidade no período chuvoso e um monitoramento com 4 mil pessoas, de janeiro a abril, aponta quais microrganismos mais circulam no Estado: Influenza A e B, Vírus Sincicial Respiratório (VSR), Rinovírus e Adenovírus. Idosos e crianças estão mais vulneráveis e especialistas indicam as vacinas como principal estratégia de proteção.
A identificação dos vírus é feita pela Secretaria da Saúde do Ceará, com dados atualizados na terça-feira (18) e repassados ao Diário do Nordeste a pedido da reportagem, na quarta-feira (19). Essa pesquisa acontece de forma amostral, ou seja: nem todas as pessoas com sintomas gripais passam por essa análise.
As crianças com até 4 anos de idade correspondem a 36% dos pacientes monitorados, sendo 1.401 pessoas de um grupo com 4.004.
Saber quais vírus mais circulam no Estado ajuda a definir formas de controlar as doenças. Os vírus monitorados, inclusive, não são novos e podem prejudicar a saúde dos pacientes em níveis distintos, como explica o infectologista Keny Colares.
“Cada ano vai ser um pouco diferente de acordo com a síndrome que nós estamos estudando. Por exemplo, se fizermos uma investigação dos pacientes com síndrome respiratória aguda grave, a distribuição de agentes vai ser uma. Se for uma síndrome gripal, vai ser outra”, explica.
Os vírus mais significativos – Influenza A, B e Coronavírus – podem ser combatidos com vacinas disponíveis na rede pública. Já o VSR, Rinovírus e Adenovírus só são preveníveis com higienização e uso de máscaras, por exemplo.
As doenças causadas pelos diferentes vírus respiratórios, em geral, podem causar uma síndrome respiratória aguda grave, síndrome gripal ou resfriado.
- Síndrome respiratória aguda grave: doença mais intensa com falta de ar e necessidade de internação.
- Síndrome gripal: falta de ar, nariz escorrendo, dor de garganta e tosse estão entre os sintomas.
- Resfriado: forma mais leve, com desconforto respiratório, mas sem febre ou moleza.
Os dados são da Rede Sentinela de Outros Vírus Respiratórios (OVR) e por isso não incluem informações sobre o coronavírus. Mas a Covid está entre as principais causas das doenças respiratórias mais intensas.
“Se a gente estiver falando de síndrome respiratória aguda grave, vamos ver que os agentes normalmente são Covid e influenza, especialmente o tipo A, que vão ser os causadores da doença respiratória mais grave”, detalha o especialista.
Formas graves
A forma mais intensa das doenças respiratórias nesse ano acontece, principalmente, devido à contaminação pelo Coronavírus, Influenza A e o VSR.
“O Vírus Sincicial Respiratório vai ser mais importante nas crianças e tende a causar a doença respiratória aguda grave, especialmente, em pessoas acima dos 60 anos e nas crianças abaixo de 5 anos”, detalha Keny Colares.
O VSR, inclusive, está associado ao aumento de internações de bebês com menos de 1 ano no País, conforme boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). As manifestações são, principalmente, bronquiolite e pneumonia.
Entre janeiro e março de 2022, foram notificados 93 casos de VSR na faixa etária. No primeiro trimestre deste ano, o registro subiu para 318 diagnósticos, conforme dados da Sesa.
O aumento foi devido ao aperfeiçoamento dos métodos de testagem, conforme a Pasta. Além disso, o relaxamento das medidas de isolamento e do uso de máscaras colaboram para o cenário atual.
“Tem circulado bastante esse ano mais do que o observado nos anos anteriores. A pandemia mudou isso por causa das restrições e do isolamento, mas mesmo comparando com anos anteriores está muito intenso e causando muitas internações”, observou o infectologista pediatra Robério.
Sintomas gripais
Já em relação às doenças respiratórias não tão graves, Influenza A, B e Coronavírus aparecem entre as 3 primeiras causas dos sintomas gripais.
“Vemos que a principal faixa etária acometida vai ser as crianças com menos de 5 anos e os adultos jovens que têm mais doenças de síndromes gripais”, contextualiza Keny Colares.
Uma realidade que mostra o aumento da circulação viral está nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) que tiveram o dobro de pacientes com síndromes gripais entre fevereiro e março, conforme a plataforma IntegraSUS da Sesa.
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Enquanto foram 8.600 atendimentos durante fevereiro, o registro subiu para 17.987 no último mês em relação às pessoas com Covid e demais vírus respiratórios. Como detalhou o especialista, os dados mostram que crianças e jovens adultos são os mais acometidos.
Proteção
As pessoas com comorbidades e quem está nos extremos de idade, como bebês e idosos, devem cuidar com afinco do calendário vacinal. Mas essa proteção tem que ser motivo de preocupação para todos como uma forma de proteção individual, mas também coletiva.
“Em relação às medidas de prevenção, a mais importante delas é a vacina para Influenza, ou gripe, que a população está recebendo nesse momento, e também a vacina para Covid”, frisa Keny Colares.
As infecções por vírus respiratórios são controladas com as vacinas da gripe e contra a Covid-19. Para aumentar a cobertura dessas imunizações, foi realizado o “Dia D”, no último sábado (15).
O Ceará tem a maior cobertura vacinal contra a gripe desde o início da campanha, em 27 de março, de todas as regiões do País, exceto do Sul. Foram aplicadas 340.743 doses – destas, 160.142 foram somente na mobilização.
Além disso, 34.254 cearenses receberam a dose de reforço bivalente contra a Covid-19, de acordo com balanço parcial.
“Os outros vírus respiratórios não têm uma vacina disponível para ser administrada, aquelas medidas de proteção – evitar aglomerações e utilizar a melhor máscara possível bem ajustada – protegem contra todos esses vírus”, conclui Keny.
- Vacina da gripe: pessoas a partir de 60 anos, com comorbidades, comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas. Gestantes e puérperas, crianças entre 6 meses e menores de 6 anos, e professores também estão no grupo. Caminhoneiros, trabalhadores do transporte coletivo e pessoas com deficiência estão entre os aptos a receber a vacina.
- Vacina bivalente contra a Covid: pessoas a partir de 60 anos, com comorbidades, comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas. Gestantes e puérperas, além de pessoas com deficiência, também estão no grupo.