Pegar chuva causa gripe? Veja os cuidados necessários no período chuvoso 

Época é marcada por perigos que requerem cuidado e atenção

Escrito por Redação ,
pessoas andando de costas durante a chuva
Legenda: Período de chuvas pode ser propício a doenças respiratórias
Foto: Fabiane de Paula

Com os dias de chuva e a aproximação da quadra chuvosa no Ceará, muitas dúvidas surgem quanto às doenças e aos cuidados necessários nesta época do ano.

Será que tomar banho de chuva faz mal? 

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Segundo a mestre em Microbiologia Médica e doutora em Saúde Coletiva pela UFC, Caroline Florêncio*, tomar banho de chuva não faz mal e não causa gripe. A especialista explica que o vírus da influenza é o único agente causador da doença. 

Os principais sintomas da gripe são: 

  • Febre; 
  • Dor de garganta; 
  • Tosse; 
  • Dor no corpo; 
  • Dor de cabeça. 

Adulto: O quadro clínico em adultos sadios pode variar de intensidade. 

Criança: A temperatura pode atingir níveis mais altos, sendo comum o achado de aumento dos linfonodos cervicais. Também podem fazer parte os quadros de bronquite ou bronquiolite, além de sintomas gastrointestinais. 

Idoso: Quase sempre se apresentam febris, às vezes, sem outros sintomas, mas, em geral, a temperatura não atinge níveis tão altos. 

Mitos e verdades  

“Gripe mal curada pode virar uma pneumonia” é um mito. Caroline Florêncio diz que quando uma gripe se complica para uma pneumonia ela sequer foi tratada.

Confira algumas das complicações causadas pela gripe, especialmente em indivíduos com doença crônica, idosos e crianças menores de 2 anos:

  • pneumonia bacteriana e por outros vírus; 
  • sinusite; 
  • otite; 
  • desidratação; 
  • piora das doenças crônicas; 
  • pneumonia primária por influenza, que ocorre predominantemente em pessoas com doenças cardiovasculares (especialmente doença reumática com estenose mitral) ou em mulheres grávidas. 

Banho de chuva

Outros mitos relacionados à gripe estão a de que ir para o sol (ao ar livre), brincar na areia, comer frutas quentes e brincar na chuva favorecem a gripe. É mentira que essas ações podem infectar crianças e adultos com o vírus da influenza.

A mestre em Microbiologia Médica explica que, no caso das crianças, é natural que alguma tenha vírus respiratórios e não apresente sintomas, o que faz com que o vírus seja transmitido para alguma criança que não tenha imunidade adequada. Por isso é comum nessa época existir muitas crianças infectadas.

Caroline Florêncio destaca que os riscos relacionados ao período de chuvas podem ser minimizados com os devidos cuidados e higiene. A profissional ainda alerta que tomar banho de chuva não baixa a imunidade.   

O que acontece se pegar chuva? 

Quando uma pessoa pega chuva ela pode ter contato com água contaminada por micro-organismos presentes em lixos e dejetos espalhados pela cidade, o que pode causar algumas doenças como leptospirose, hepatite A, febre tifoide e diarreia.  

Leptospirose - é uma doença infecciosa grave, causada pela bactéria Leptospira, eliminada principalmente pela urina dos ratos. A transmissão da doença é feita pelo contato com água ou lama contaminada. Os sintomas são febre, dor de cabeça, na panturrilha, fraqueza, sangramentos na pele e mucosa e insuficiência renal. 

Diarreia – é causada por vírus ou bactérias. A transmissão se dá pela ingestão de água ou alimentos contaminados. Fezes moles, aumento do número de evacuações, dor de barriga, vômito, náuseas e febre podem indicar a doença. 

Febre tifoide – é provocada por bactéria e está relacionada a condições ruins de saneamento básico e higiene pessoal. É transmitida por meio de água e alimentos contaminados com fezes e urina de pessoas com a doença. Febre alta, dor de cabeça, mal-estar, falta de apetite, intestino preso ou diarreia estão entre os principais sintomas. 

Hepatite A – é uma doença que atinge o fígado, transmitida por água ou alimentos contaminados. São sintomas: perda de apetite, febre, dores de cabeça, dor abdominal, mucosas e pele com cor amarelada e fezes brancas.  

O que fazer após tomar chuva 

Após tomar chuva é importante se enxugar e, assim que possível, tomar outro banho higienizando as áreas do corpo com sabonete e xampu, explica a especialista em epidemiologia.

Diferenças entre alergia, resfriado e gripe 

Esta é uma imagem com a tabela de diferenças entre gripe, resfriado, covid e tuberculose pulmonar
Foto: Reprodução/Ministério da Saúde

Caroline Florêncio alerta também para as diferenças entre quadro alérgico, resfriado e gripe. Segundo ela, esta época do ano também é marcada por excesso de mofo, o que acaba atingindo pessoas com alergias.

Ela explica que a principal diferença entre o resfriado e a crise alérgica está relacionado à progressão dos sintomas, enquanto o primeiro tem um quadro gradual, ou seja, que vai piorando ao longo do tempo, a crise alérgica tem sintomas abruptos, que surgem de repente.      

Cuidados 

Além da vacinação, o Ministério da Saúde orienta a adoção de medidas gerais de prevenção para toda a população. Elas são comprovadamente eficazes na redução do risco de adquirir ou transmitir doenças respiratórias, especialmente as de grande infectividade, como vírus da gripe.

  • Lave as mãos com água e sabão ou use álcool em gel, principalmente antes de consumir algum alimento;
  • Utilize lenço descartável para higiene nasal;
  • Cubra o nariz e boca ao espirrar ou tossir;
  • Evite tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
  • Não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
  • Mantenha os ambientes bem ventilados;
  • Evite contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe;
  • Evite sair de casa em período de transmissão da doença;
  • Evite aglomerações e ambientes fechados;
  • Procure manter os ambientes ventilados;
  • Adote hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e ingestão de líquidos.

*Caroline Gurgel Florêncio é enfermeira graduada pela UFC, mestre em Microbiologia Médica e doutora em Saúde Coletiva pela UFC. Atua como docente da Faculdade de Medicina da UFC, com as disciplinas de Epidemiologia descritiva e Desenvolvimento Pessoal 2 (Método científico); do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública com a disciplina de Métodos quantitativos; do Programa Rede Saúde da Família (Renasf) em conjunto com a Fiocruz com a disciplina de métodos. Orienta mestrado (4) e doutorado (1). Coordena a Liga de Saúde da Família. Área de atuação: Epidemiologia dos agravos à saúde. 

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