Por que ainda está chovendo no Ceará em julho? Entenda fenômenos atuantes na atmosfera no período

Na capital cearense, a temperatura deve variar entre 21°C (madrugada de sexta-feira) e 31°C

Escrito por
Nícolas Paulino nicolas.paulino@svm.com.br
(Atualizado às 09:47)
Foto aérea de rodovia em Fortaleza. Em primeiro plano, há fios de eletricidade, postes e uma placa indicando a Praia de Iracema. Ao fundo, carros, caminhões e arranha-céus
Legenda: Céu nublado tem sistemas específicos de atuação na pós-estação chuvosa no Ceará
Foto: Davi Rocha

A quadra chuvosa no Ceará tradicionalmente se estende de fevereiro a maio, mas desde a segunda quinzena de junho, o Estado continua recebendo precipitações, com algumas cidades chegando a receber mais de 80 mm. Mas por que, mesmo com o afastamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), continua chovendo em julho? 

De acordo com o Calendário de Chuvas, alimentado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), embora 15% abaixo da média histórica (517.5 mm contra 609.2 mm), a quadra terminou em torno da normalidade.

Com 38.2 mm, junho também ficou dentro da normalidade, já que a média histórica para o mês é de 37.2 mm. Julho começou com chuvas em quase 130 cidades, com maior destaque para Mombaça (82 mm), no Sertão Central. Em Fortaleza, foram 60 mm.

Ao contrário da quadra, quando o principal fenômeno indutor de precipitações é a ZCIT, o período atual de pós-estação - de junho a novembro - tem maior atuação dos Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOLs), também chamados de “Ondas de Leste”. 

Os DOLs, aponta a Funceme, são perturbações no campo de vento e pressão na região equatorial do Oceano Atlântico, oriundas de Leste. Eles diminuem a pressão atmosférica em superfície e formam áreas de instabilidades, causando chuvas ao longo de sua trajetória por transportarem grandes quantidades de umidade.

Lucas Fumagalli, meteorologista da Funceme, ressalta que eles são “um fenômeno natural comum nesta época do ano”. Segundo a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apas), DOLs também têm provocado pancadas de chuva de intensidade moderada a forte na Região Metropolitana do Recife.

Assim, no momento, as chuvas previstas para os próximos dias estão associadas à atuação de um DOL próximo à faixa litorânea do Ceará, bem como a efeitos locais, como sistema de brisa, relevo, calor e umidade.

Atualmente, o Estado também atravessa o inverno do hemisfério sul, que se estende de 20 de junho a 20 de setembro. Nessa estação, as chuvas costumam ser mais pontuais.

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Vai chover nos próximos dias de julho?

Conforme previsão da Fundação, na madrugada de quinta-feira (3), chove no Sertão Central e Inhamuns e na faixa litorânea. Ao longo da manhã, tarde e noite, o tempo fica mais estável, mas com possibilidade de chuvas fracas e isoladas à noite na Jaguaribana e no Maciço de Baturité.

Já na  sexta (4), espera-se um aumento da condição de chuva para o Litoral de Fortaleza, Litoral do Pecém e Litoral Norte, durante madrugada e manhã. 

No turno da tarde, chuvas isoladas ocorrem na área noroeste; à noite, há condições de chuvas isoladas para a Jaguaribana, Cariri e para a parte leste do Sertão Central e Inhamuns.

Imagem de satélite mostra a presença de uma grande massa de nuvens, advindas de um sistema DOL, próximo à costa do Ceará e sobre o oceano
Legenda: DOLs são mais conhecidos como Ondas de Leste
Foto: DSAT/CPTEC

Chuvas na Grande Fortaleza

Em Fortaleza e sua Região Metropolitana, o tempo deve ficar mais estável nessa quinta-feira (3) , devido ao deslocamento do DOL para o Oeste. 

Ainda há previsão de chuvas isoladas na madrugada e começo da manhã, mas nos demais turnos o tempo deve ficar firme, com predomínio de sol. 

Para sexta-feira (4), a previsão indica chuva para os turnos da madrugada e manhã. Nos demais turnos, tempo também estável.

Na capital cearense, a temperatura deve variar entre 21°C (madrugada de sexta-feira) e 31°C (tarde de quinta-feira).

Temperaturas e vento

Em relação às temperaturas para as demais áreas do Ceará, os valores máximos devem se concentrar na macrorregião da Jaguaribana, chegando em torno de 34°C. 

Por outro lado, as mínimas podem variar de 16°C a 18°C nas macrorregiões do Maciço de Baturité, Ibiapaba, sul do Sertão Central e Inhamuns e sul do Cariri, principalmente em regiões de serra.

A direção de origem do vento será predominante de Sudeste, com velocidade máxima entre 40 km/h e 50 km/h em regiões de serra, na Jaguaribana e na faixa litorânea.

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