População indígena de sua cidade cresceu ou reduziu? Veja números de cada município do Ceará
O maior destaque em todo o Ceará é o município de Caucaia, que teve crescimento de 551,4% da população autodeclarada indígena, em comparação ao Censo 2010
Diferentemente do que dizia um decreto assinado em 1863 pelo então presidente da Província do Ceará, José Bento da Cunha Figueiredo, os indígenas cearenses nunca estiveram extintos. Pelo contrário, eles existem em maior quantidade do que se sabia até pouco tempo atrás.
Publicado com dois anos de atraso pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Censo Demográfico 2022 mostrou que essa população cresceu em 123 das 184 cidades cearenses — ou quase 67% dos municípios do Estado —, em comparação aos resultados do Censo Demográfico de 2010.
Quer saber se houve alguma mudança na sua cidade? Pesquise pelo nome do município no mapa a seguir:
O maior destaque em todo o Ceará é o município de Caucaia, onde a população indígena aumentou mais de 6x em relação ao último censo. Em 2010, foram registradas 2.706 pessoas indígenas, enquanto em 2022 o IBGE encontrou 17.628 na cidade da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). A diferença entre os dois anos, em Caucaia, foi de 14.922 indígenas registrados pelo Censo Demográfico.
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Esse crescimento foi tão significativo que a cidade com o segundo maior aumento foi Crateús, onde a população autodeclarada indígena passou de 613 para 3.733, com um incremento de 3.120 pessoas.
Por outro lado, Caririaçu, localizado a 467,2 km da Capital, foi o município que registrou maior redução da população indígena. Entre o Censo 2010 e o Censo 2022, a cidade passou de 102 para 21 pessoas com a autodeclaração, registrando uma a redução de 81 pessoas autodeclaradas indígenas.
Em segundo lugar está Sobral, a 234,8 km de Fortaleza, que em 2010 registrou 178 indígenas. No Censo mais recente, foram 114 — uma redução de 64 pessoas.
Resistência ao apagamento
Em 2021, lideranças indígenas promoveram o seminário "Não sou pardo, sou indígena", para estimular a autodeclaração dos povos indígenas no Censo 2022. Ailton Krenak, liderança indígena, ambientalista e escritor, afirmou no primeiro evento online que a adoção de termos como "pardo" ou "mestiço" foi como famílias indígenas conseguiram resistir à escravidão.
"Lá pelo século XVIII, muitas famílias nossas adotaram essa expressão de serem pardos, viveram essa condição de pardos, para não serem escravizados e mortos. Quem lê e escuta a história dos nossos antepassados sabe que essa ocultação foi um recurso para a sobrevivência de muitos coletivos de povos originários nesse território", afirmou.
Cinco cidades com mais indígenas
As cinco cidades com mais indígenas no Ceará continuam as mesmas de 2010, mas a ordem mudou. Se antes Fortaleza aparecia em 1º lugar, pelo Censo 2022 a Capital desceu para o 4º, ficando atrás de Caucaia, Itarema e Maracanaú.
Confira as cinco cidades com mais indígenas no Ceará e o quanto a população de cada uma delas cresceu:
- Caucaia
- 2010: 2.706
- 2022: 17.628
- Diferença: 14.922
- Itarema
- 2010: 2.258
- 2022: 5.115
- Diferença: 2.857
- Maracanaú
- 2010: 2.200
- 2022: 5.111
- Diferença: 2.911
- Fortaleza
- 2010: 3.071
- 2022: 4.948
- Diferença: 1.877
- Monsenhor Tabosa
- 2010: 1934
- 2022: 4861
- Diferença: 2.927
Cidades sem indígenas
Em 18 cidades, ninguém se reconhecia como indígena no Censo Demográfico de 2010. Já na edição de 2022, pelo menos uma pessoa autodeclarou-se indígena em cada uma delas. Entre esses municípios, o destaque fica para Santana do Acaraú, onde 121 habitantes declararam-se indígenas.
Já em seis municípios havia pelo menos um indígena registrado no Censo Demográfico de 2010 e, em 2022, nenhuma pessoa com essa autodeclaração foi registrada. Entre elas está Choró, que tinha 13 pessoas autodeclaradas indígenas em 2010 e nenhuma em 2022. Também estão na lista Cedro (10), Ibaretama (9), Potiretama (4), Moraújo (3), Chaval (3), Deputado Irapuan Pinheiro (1) e São João do Jaguaribe (1).