Mulher flagra supostos maus-tratos de madrasta contra enteado em Fortaleza
Vídeo gravado por vizinha registra choro da criança e ameaças verbais

Um vídeo que registra o choro intenso de uma criança e ameaças verbais feitas pela madrasta gerou ampla repercussão nas redes sociais e levou o caso ao conhecimento das autoridades nesta semana, em Fortaleza. A gravação foi feita por Camila Brandão, profissional da área da saúde, que relatou ter escutado os gritos enquanto visitava o namorado no mesmo prédio onde a situação ocorreu.
Segundo Camila, ela se preparava para sair do apartamento quando, ao aguardar o elevador, ouviu o choro e os gritos da criança. Imediatamente, iniciou a gravação, buscando entender o que estava acontecendo. Nas imagens, não há registros visuais de agressões, mas é possível ouvir a madrasta ameaçando a criança com frases como:
“Quem apanha é você. É você que sente a dor, tá ouvindo?”
[Atualização às 21h]
Os advogados Teodorico Pereira de Menezes Neto e Rayssa Gomes Mesquita, que representam a defesa dos envolvidos, enviaram nota para a redação (ver íntegra no fim do texto) e informaram que "as alegações de maus-tratos e violência psicológica não condizem com a realidade vivenciada pela família da criança mencionada". Afirmaram ainda que "o conteúdo do vídeo em questão trata-se de um recorte isolado e descontextualizado, o que compromete a compreensão dos fatos em sua totalidade".
Por fim, destacaram que "todas as medidas cabíveis para assegurar o bem-estar do menor estão sendo devidamente adotadas pela família. Reforçamos que a ampla exposição pública do caso vem gerando impactos significativos na dinâmica familiar, especialmente na vida da criança, que deve ser resguardada com máxima atenção e responsabilidade neste momento de fragilidade".
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Em outro trecho do vídeo, aos gritos, a mulher questiona:
“Você vai dizer ao seu pai que você apanhou? Porque senão você vai apanhar na frente dele, de cinturão. Eu vou mandar ele bater em você.”
Com o aumento da intensidade dos gritos, Camila e o namorado decidiram intervir e bateram na porta do apartamento. Outros moradores também se aproximaram. A Polícia foi acionada e conversou com os responsáveis. A madrasta negou ter cometido agressões e alegou que a criança não apresentava marcas físicas.
Confira o vídeo:
Diante da ausência de evidências imediatas, a polícia deixou o condomínio. A ampla circulação do vídeo nas redes sociais impulsionou a repercussão do caso, que passou a ser acompanhado pelo Conselho Tutelar.
Camila informou que, inicialmente, tentou localizar a mãe da criança, mas posteriormente soube que ela já havia falecido. A família materna da criança foi informada sobre a situação.
Segundo Camila, o casal tinha uma cerimônia de casamento marcada para os próximos dias, mas, conforme relatado, o padre responsável pela celebração cancelou o evento após tomar conhecimento dos fatos.
A Polícia Civil informou que o boletim de ocorrência foi convertido em inquérito e está sendo investigado pela Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca), unidade especializada da PCCE. O caso segue em segredo de justiça.
Como denunciar casos de violência contra crianças
Os cidadãos que queiram relatar situações semelhantes de forma anônima, podem acionar o Disque 100 (Direitos Humanos) e o Conselho Tutelar.
“Seja criança, mulher ou idoso, não se calem diante de uma agressão. Denunciar salva vidas”, reforça Camila, em um dos vídeos.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Em razão da publicação veiculada na noite do dia 22 de maio de 2025 pelo jornal Diário do Nordeste, na qual é exibido um vídeo gravado pela influencer e profissional da saúde Camila Brandão, a equipe jurídica responsável pela defesa dos envolvidos vem, por meio desta, esclarecer que as alegações de maus-tratos e violência psicológica não condizem com a realidade vivenciada pela família da criança mencionada. É fundamental ressaltar que o conteúdo do vídeo em questão trata-se de um recorte isolado e descontextualizado, o que compromete a compreensão dos fatos em sua totalidade. Cabe destacar ainda que o procedimento investigativo instaurado tramita sob sigilo, em virtude de envolver uma criança, de modo a preservar sua integridade física, psicológica e moral. Todas as medidas cabíveis para assegurar o bem-estar do menor estão sendo devidamente adotadas pela família. Reforçamos que a ampla exposição pública do caso vem gerando impactos significativos na dinâmica familiar, especialmente na vida da criança, que deve ser resguardada com máxima atenção e responsabilidade neste momento de fragilidade. Contamos com o compromisso ético da imprensa e da sociedade na condução deste assunto, preservando os direitos e a dignidade de todos os envolvidos.
TEODORICO PEREIRA DE MENEZES NETO
Advogado – OAB/CE 44.150
RAYSSA GOMES MESQUITA
Advogada – OAB/CE 44.229
*Estagiária sob supervisão do editor Emerson Rodrigues
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