Moradores do Porto das Dunas protestam contra a Enel: '2024 tem sido um ano de apagão'
Mais de mil assinaturas foram reunidas para cobrar melhorias para a rede elétrica do bairro e de outras regiões do município de Aquiraz
Um grupo com cerca de 30 pessoas realizou um bloqueio na Avenida Caminho do Sol, no bairro Porto das Dunas, em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), entre às 9h e 10h30 deste sábado (16), contra a Enel Distribuição Ceará. Os moradores também já reuniram mais de mil assinaturas num abaixo assinado para reivindicar melhorias na rede elétrica.
Os participantes se concentraram na frente de um posto de combustível e usaram faixas de protesto para bloquear a via por alguns instantes, permitindo o fluxo dos veículos em alguns intervalos. Após a dispersão na rodovia, os moradores também realizaram um "buzinaço" pelo bairro Porto das Dunas.
O grupo se organiza pelas redes sociais e aponta que ainda não obteve resposta da empresa sobre as falhas no serviço. A meta da organização é alcançar 2 mil assinaturas virtuais.
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Questionada sobre a situação pelo Diário do Nordeste, a Enel informou que "somente nos primeiros três meses de 2024 registrou furto de 40 km de cabos da rede elétrica em todo o Estado".
"Porto das Dunas, em Aquiraz, é uma das regiões mais impactadas com mais de 12 quilômetros de cabos furtados e 24 postes danificados em 15 ocorrências desde o início do ano. Em março, até o momento, foram cinco registros de furtos na região", completou a empresa.
O bancário Alexandre Barbosa, de 40 anos, convive com os transtornos da falta constante de energia desde que começou a morar no Porto das Dunas, há 10 anos. No período mais recente a situação está “chegando ao limite do absurdo”, como reflete.
"Para ter uma ideia, metade do bairro ficou sem energia durante o réveillon e 2024 tem sido um ano de apagão para os moradores e comerciantes. Isso causa muitos prejuízos e as pessoas se reuniram para reivindicar uma solução, mobilizando comércio e os órgãos de proteção do consumidor", resume.
Conforme Alexandre, basta chover para cair a energia. “Falta constantemente durante a madrugada e quando volta, porque aqui é energia trifásica, apenas com uma fase", acrescenta. Por causa disso, o bancário relata ser constante a queima de eletrodomésticos e de motores para bombeamento de água.
"Precisa ser feito um serviço de melhoria na infraestrutura, porque a que está aqui não atende. Têm chegado novos empreendimentos, supermercados, farmácias, condomínios e muita gente veio morar aqui. A demanda por energia aumentou, mas a qualidade piorou exponencialmente", conclui.
Ações da Enel
A Enel também contextualizou à reportagem que o roubo de cabos de energia causa impactos significativos, afetando tanto a comunidade quanto as empresas de energia. "Isso resulta em interrupções no fornecimento de energia, prejuízos financeiros, riscos à segurança pública, entre outros", destacou a empresa.
Como resposta às ações criminosas, a Enel colabora com os órgãos de segurança do Ceará para os trabalhos de investigação, de acordo com a nota. "Em 2024, até o momento, foram registradas 13 prisões por esse tipo de crime no Ceará", completou.
"Além das ações investigativas, a distribuidora adotou a substituição de cabos de cobre por cabos de alumínio ou aço cobreado em áreas propensas ao furto. Essa prática também está sendo implementada em novos projetos, como obras de extensão de rede, visando reduzir as ações de furto", informou a Enel.
Para incentivar o apoio da população, a Enel criou uma Central de Segurança para a realização de denúncias, 24 horas por dia, pelo telefone 3453-4060 ou via WhatsApp 85 99993-9526.
CPI da Enel
O Diário do Nordeste noticiou a penúltima oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Enel, que aconteceu na segunda-feira (11) com representantes da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e de familiares de vítimas de equipamentos da empresa.
A reunião deu uma nova camada de materialidade para o relatório final dos trabalhos, que deve ser finalizado em abril, após interrogatório com a direção da concessionária.
Foram apresentados dados sobre os incentivos fiscais concedidos à Enel para atuação no Ceará e empresa pode ter deixado de pagar mais de R$ 800 milhões em impostos nos últimos 10 anos, a fim de que a sua instalação fosse revertida em desenvolvimento no Estado – com emprego, mão de obra qualificada e infraestrutura, por exemplo –, mas a expectativa não foi cumprida.