Larvicida contra mosquito Aedes aegypti é criado com casca da castanha de caju por cientistas da UFC

Estudos têm como meta fabricação de substâncias mais baratas e menos tóxicas que possam ser utilizadas em casa

Escrito por Redação ,
Legenda: Professor Diego Lomonaco começou a pesquisar líquido como larvicida em 2006.
Foto: Ribamar Neto/Agência UFC

Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) desenvolveram um larvicida natural contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela, a partir de um fruto bem cearense: a castanha de caju

Com o chamado líquido da casca de castanha-de-caju (LCC), foram criados cinco larvicidas derivados, de menor custo e com ação menos tóxica do que saneantes sintéticos, segundo informações divulgadas pela Agência UFC.

A meta dos cientistas é fabricar uma substância que possa ser utilizada em casa, e não apenas por agentes de endemias.

O Departamento de Química Orgânica e Inorgânica (DQOI) da UFC, participa do estudo junto a pesquisadores da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

O Prof. Diego Lomonaco, da UFC, começou a trabalhar com o LCC como larvicida em 2006. Dois anos depois, foi publicado um artigo produzido por ele atestando a eficácia do subproduto.

Ele comprovou que o LCC e os componentes cardol (o mais ativo do líquido) e cardanol atuavam contra a larva do mosquito, permitindo minimizar problemas do seu descarte e da consequente degradação ambiental.

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O que é o LCC?

O líquido da casca de castanha-de-caju é um subproduto industrial de característica negra e viscosa. Ele pode ser classificado como técnico ou natural. 

No primeiro caso, a extração é feita através do cozimento. Já o LCC natural é obtido pela prensagem da casca in natura ou pelo uso de solventes orgânicos.

Legenda: Projeção é que larvicida seja repassado com menor custo à população.
Foto: Ribamar Neto/Agência UFC

Produto aprimorado

Em 2021, pesquisadores da UFGD procuraram Lomonaco para aprimorar o LCC a partir da mistura com hidróxido de sódio, composto também simples e de baixo custo. Ele permite que o LCC se transforme numa espécie de “detergente” e seja capaz de se misturar à água, onde as larvas crescem.

Atualmente, a pesquisa está em fase de ensaios de toxicidade com outros animais, inclusive seres humanos.

Os resultados devem ser apresentados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que as substâncias possam ser aprovadas para comercialização.

Além disso, os cinco derivados já tiveram carta patente solicitada ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) pelos pesquisadores da UFGD. 

Larvicida comercial

Uma das metas é disponibilizar os subprodutos em prateleiras de supermercado ou em casas de produtos agropecuários, deixando de tornar uso controlado e exclusivo por agentes de saúde.

“O plano é desenvolver um produto para ser usado de forma caseira, pelas próprias pessoas em casa. O mais amplo, mais acessível possível, não só economicamente falando, mas em disponibilidade e manuseio”, explica Lomonaco. 

O LCC técnico não possui odor e deve manter sua característica líquida, para que seja aplicado a conta-gotas. O processo de produção é considerado simples porque as substâncias utilizadas são baratas e de fácil acesso. 

 

 

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