Início da quadra chuvosa no CE tem 50% de chance de ficar acima da média, projeta Funceme

O anúncio foi realizado nesta sexta-feira (20), em coletiva de imprensa realizada no Palácio da Abolição

Escrito por André Costa , andre.costa@svm.com.br
Legenda: Funceme, Inmet e Profetas da Chuva projetam bons índices ao longo da quadra chuvosa
Foto: Fabiane de Paula

Os primeiros três meses da quadra chuvosa no Ceará – fevereiro, março e abril – têm 50% de probabilidade de ficarem acima da média. Há, ainda, 40% de possibilidade de que o trimestre feche com chuvas em torno da normal climatológica e somente 10% de chance de o período ficar abaixo da média histórica. 

O anúncio foi realizado nesta sexta-feira (20), pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), em coletiva de imprensa realizada no Palácio da Abolição. Participaram do evento o presidente do órgão, Eduardo Sávio Martins; presidente da Cagece, Neuri Freitas; presidente da Cogerh, João Lúcio.

"A análise dos campos atmosféricos e oceânicos de grande escala e dos resultados de modelos numéricos globais e regionais e de modelos estatísticos de diversas instituições, como Funceme, Inmet, Cpetec/Inpe, e do exterior indiciou probabilidade de 50% acima da média", destacou a Funceme.

A quadra chuvosa tem início em fevereiro e se estende até maio. A média histórica do quadrimestre é de 600,7 milímetros. A previsão para maio será divulgada em fevereiro.

No início do mês, o Diário do Nordeste havia antecipado com exclusividade a previsão realizada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para os meses de janeiro, fevereiro e março. O órgão federal projeta que o período tende a ser de chuvas dentro ou acima da média. Portanto, o prognóstico de ambos os institutos meteorológicos coaduna. 

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A sabedoria popular também está otimista com a quadra chuvosa deste ano de 2023. Para os Profetas da Chuva – grupo de sertanejos que analisam diversos sinais da natureza na tentativa de antever o resultado do período chuvoso no Ceará – a quadra será positiva, com tendência de chuva acima da média.  

Ao divulgar o prognóstico, Eduardo Sávio, reforçou que as condições dos oceanos Pacífico e Atlântico são favoráveis e se mostrou otimista com o cenário para os próximos meses, contudo, fez uma ressalva para o período inicial da quadra chuvosa. 

"Em fevereiro podemos ter um mês com alguns veranicos -- intervalo com ausência de chuva -- o que pode afetar a agricultura de sequeiro em algumas regiões, mas nos demais meses a tendência é de precipitações bem maiores", explicou Sávio.

Legenda: Eduardo Sávio, presidente da Funceme, apresentou o prognóstico das chuvas para o trimestre fevereiro-março-abril, no Ceará

La Niña X El Niño

Um dos fatores que influenciam diretamente a quadra chuvosa no Ceará é a atuação da La Niña ou do El Niño. Este último é um fenômeno que consiste no aquecimento anormal das águas e que altera as condições de chuva no Nordeste. Geralmente quando ele atuando, as chuvas tendem a ser mais diminutas no Ceará. 

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No lado oposto, com há um fortalecimento da La Niña, que corresponde ao esfriamento das águas, as chances de chuvas dentro ou acima da média são maiores. A meteorologista Morgana Almeida, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), compartilha que os últimos modelos climáticos mostram que a La Niña deverá permanecer atuando neste início de 2023 (com 60% de chance).

Já para o trimestre fevereiro-março-abril as chances de La Niña diminuem e aumentam a de neutralidade. Esse cenário é positivo pois, em ambos os intervalos, há a ausência da atuação do El Niño, o que reforça a tendência de chuvas acima ou dentro da média em 2023.

Eduardo Sávio detalha que, entre fevereiro a abril, as chances de neutralidade são de 80%. Já para atuação da La Niña, a propabilidade é de 19% e, de ocorrência do El Niño, de somente 1%. "As condições são favoráveis para esta quadra", pontua o presidente da Funceme.

Retrospecto não é favorável  

No ano passado, o prognóstico anunciado pela Funceme se confirmou e a quadra chuvosa fechou com acumulado acima (619,5 mm) da normal climatológica. De um modo geral, 2022 foi um ano bastante chuvoso, no qual apenas dois dos dozes meses (fevereiro e setembro) tiveram precipitações abaixo da média. 

No entanto, quando se observa um recorte temporal maior, o retrospecto não é positivo. Nos últimos dez anos, apenas três vezes (2022, 2020 e 2019) a quadra ficou acima da média. Ao analisar o atual milênio, o cenário tem tímida melhora, mas ainda distante de um equilibro. 

Entre os anos de 2023 e 2000, o Ceará fechou a quadra chuvosa acima da média apenas 9 vezes. Nos outros 15 anos, as chuvas ficaram abaixo da normal climatológica, sendo 2012 o ano de pior acumulado, com apenas 291,2 milímetros observados entre fevereiro a maio. No sentido oposto, o ano de 2009 foi o que teve a melhor quadra, com 969,1 mm  

Mês com maior índice 

A quadra chuvosa é o período de maior incidência das chuvas ao longo do ano no Ceará. São esses quatro meses responsáveis por garantir aporte mais robustos aos reservatórios do Estado e, assim, possibilitar um segundo semestre do ano – onde as chuvas são mais diminutas – com maior segurança hídrica. 

Mas, dentro deste período, há um mês onde as expectativas se elevam ainda mais. Março é o que possui a maior média mensal dentre os 12 meses do ano. A normal climatológica para o período é de 203,4 milímetros.  

  • Fevereiro: 118,3 mm 
  • Março: 203,4 mm 
  • Abril: 188 mm 
  • Maio: 90,6 mm 

Diante da perspectiva de bons índices, Eduardo Sávio projeta um bom aporte nos reservatórios cearenses. Segundo ele, os açudes Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) devem conquistar recarga hídrica superior a 2 bilhões de metros³.

 

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