Governo lança painel para monitorar casos de discriminação racial no Ceará

O acesso ao painel é público. As informações são atualizadas com base em registros de sistema utilizado pela Polícia Civil para preencher ocorrências

Escrito por Redação ,
Zelma Madeira é uma mulher negra de cabelo curto castanho cacheado. Na foto, ela usa vestido estampado, colar laranja e está observando uma pessoa fazer uma pergunta a ela durante uma entrevista televisiva
Legenda: Zelma Madeira é titular da Secretaria de Igualdade Racial do Ceará e destacou a importância da transversalidade das ações do Governo no combate à discriminação
Foto: Bia Medeiros/Alece

O Governo do Ceará vai começar a monitorar casos de discriminação racial no Estado. O lançamento do Painel Dinâmico de Monitoramento foi nesta quinta-feira (7), no Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), e teve a presença do titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Roberto Sá, e da secretária da Igualdade Racial, Zelma Madeira.

O painel contém informações sobre crimes de discriminação por raça e cor. As informações são públicas e atualizadas com base em registros do Sistema de Informações Policiais, plataforma utilizada pela Polícia Civil para preencher ocorrências. A ferramenta, porém, será substituída em breve por uma tecnologia que possibilitará o cruzamento de dados estratégicos para o andamento do inquérito policial e levantamentos da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp).

Print do Painel de Monitoramento
Legenda: O Painel de Monitoramento é de acesso público
Foto: Reprodução

Os casos estão separados na plataforma por Estado, Capital, Região Metropolitana de Fortaleza, Interior Norte, Interior Sul ou por municípios. Também será possível acompanhar o percentual de crimes de discriminação por faixa etária, gênero ou raça. 

>> Acesse o Painel Dinâmico de Monitoramento

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'Devemos corrigir ou minimizar os efeitos do racismo', diz secretário

Para a secretária Zelma Madeira, o projeto é uma forma de intervir no problema público. "Tivemos quase 400 anos de escravidão e uma abolição inacabada, porque nunca tivemos uma política de reparação pós-abolição, pelo passado criminoso e hediondo que foi a escravidão. Então, precisamos de projetos como esses, de intervenção, para resolver esses problemas públicos. Problemas marcados pelas desigualdades raciais, pela discriminação que desumaniza grupos racializados", disse ela.

Já o titular da SSPDS, Roberto Sá, reforça que a orientação dada à pasta é de "lutar contra qualquer tipo de discriminação, de preconceito, de injúria". "Vamos fazer o possível, desde campanhas para apoiar quem se sentir violado, entregas como esse painel para monitorar os crimes, entre outras ações, pois nosso entendimento é que podemos e devemos corrigir ou minimizar os efeitos do racismo, sobretudo para gerações futuras", discursou.

As iniciativas, que incluem, ainda, uma campanha de conscientização para o preenchimento dos quesitos raça, cor e/ou etnia na Carteira de Identidade Nacional (CIN), fazem parte do Festival Afrocearensidades, que acontece em novembro, quando é celebrado o Mês da Consciência Negra.

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Ceará tem mais de 300 casos de discriminação em 2024

Conforme o Painel Dinâmico de Monitoramento, o Ceará registrou 304 casos de discriminação ou preconceito de raça ou de cor neste ano, entre janeiro e outubro. O número já é 83,7% do total de ocorrências registradas no ano passado, quando foram contabilizados 363 casos.

A maior parte dos crimes (17,93%) é cometida contra pessoas de 30 a 35 anos de idade, mas há casos de discriminações contra recém-nascidos, crianças, adolescentes e idosos. Mulheres costumam ser as principais vítimas, com 49,58% das ocorrências.

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