Gêmeas nascem mortas e mãe falece após parto em Sobral; Polícia Civil abre inquérito

Madalena Marques teve descolamento prematuro da placenta, segundo hospital

Escrito por Matheus Facundo , matheus.facundo@svm.com.br
foto de grávida que perdeu filhas que nasceram mortas e depois faleceu em sobral
Legenda: A jovem está grávida de 36 semanas quando teve a primeira complicação na gestação
Foto: Arquivo pessoal

Uma jovem de 27 anos morreu após dar à luz gêmeas, que nasceram mortas, em Sobral, no Norte do Ceará, nessa segunda-feira (16). A mãe, Madalena Marques, estava internada na Santa Casa desde o dia 7 de outubro, após ter complicações na reta final da gestação.

O parto havia sido indicado pelo médico do pré-natal em Guaraciaba do Norte desde o dia 3 de outubro, mas, ao ser transferida para Sobral, a equipe decidiu não prosseguir com a retirada das bebês, conforme familiares. A Delegacia Regional de Sobral abriu inquérito para investigar as mortes. 

Uma cesárea foi marcada para a noite dessa segunda-feira, quando Madalena estava "bem e consciente", segundo o cunhado dela, Francisco Henrique de Sousa. O pai das crianças, Tiago Sousa, foi acompanhar o parto e presenciou o nascimento das filhas, já mortas. Ele foi retirado da sala de parto e depois a família não soube mais notícias da jovem.

Madalena faleceu por volta das 21h45, mas eles só tomaram conhecimento do fato na manhã desta terça-feira (17), mediante ligação da assistência social da Santa Casa de Sobral. Sobre isso, o hospital informou que tentou contato com os familiares após o falecimento, mas diz que "não obtiveram sucesso". 

'Descolamento prematuro da placenta'

Em nota de esclarecimento, a Santa Casa de Misericórdia de Sobral (SMS) confirma que as bebês estavam com batimentos normais antes do parto, mas conta que houve um descolamento prematuro da placenta, "o que é imprevisível e pode ser perigoso", alegou. "Durante a cesariana, infelizmente, foi constatado o óbito das gêmeas".

A condição é também grave para a mãe, pois, segundo a unidade há um "risco aumentado de formação de coágulos sanguíneos que podem causar problemas respiratórios e choque obstrutivo. Infelizmente, isso levou à perda da paciente".

Ainda segundo a Santa Casa, a equipe médica constatou uma "suspeita de compartilhamento de uma placenta e duas bolsas, e com um dos bebês mostrando sinais de crescimento abaixo do esperado para a idade gestacional". 

"A Santa Casa de Misericórdia de Sobral se solidariza com a dor dos familiares e amigos neste momento difícil, e ressalta que tomou todas as medidas necessárias para preservar a vida da paciente e dos fetos", diz nota. 

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Parto frustrado 

Francisco Henrique narra que uma das gêmeas estava "sugando as substâncias que eram para a outra". Inicialmente, então, Madalena teria as bebês em um hospital de Tianguá, próximo a Guaraciaba do Norte, cidade onde ela e o marido moravam. No entanto, no dia 4 de outubro, eles foram informados de que um caso mais grave surgiu e só havia uma incubadora disponível. 

O Hospital Madalena Nunes, de Tianguá, informou ao Sistema Verdes Mares que não houve negligência e disse que a paciente foi transferida de lá pois só havia um leito de internação neonatal disponível.

Após o fato, ocorreu a transferência para Sobral no dia 7 de outubro. Lá, Henrique relata que os médicos não quiseram fazer o parto, mesmo com o indicativo do profissional que acompanhou todo o pré-natal de Madalena. No entanto, a Santa Casa disse que procurou manter a gravidez até as 36 semanas, para evitar problemas que ocorressem com a prematuridade. 

"Meu irmão foi falar com o médico, mas ele disse que não precisava da cirurgia agora, e que ia esperar as crianças ficarem mais fortes [para realizar o parto]. Acho que esperaram até demais", desabafa. 

Família pede justiça 

O cunhado de Madalena e tio das gêmeas mortas revela que a família está muito abalada e sente "revolta e tristeza", pela falta de informações: "Ninguém esperava isso, só queremos justiça".

O pai, Tiago, foi à Delegacia Regional do município sobralense para realizar um Boletim de Ocorrência (B.O) nesta tarde. Ele informou à TV Verdes Mares que a família entrará com um processo judicial contra a unidade de saúde. Os familiares informaram que chegaram a pedir a placenta para exames, mas tiveram a solicitação negada. 

A Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) informou, em nota, que "apura as circunstâncias de uma morte suspeita". "Na ocasião, uma mulher, de 27 anos, foi a óbito após um parto em uma unidade hospitalar do município. Duas nascituras também morreram. Um inquérito policial foi instaurado, nesta terça-feira (17), na Delegacia Regional de Sobral, unidade que realiza diligências e oitivas para elucidar o fato". 

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