Escola que Lula visita em Fortaleza existe há 60 anos, tem energia solar e estrutura modelo
A Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Johnson é da rede pública do Estado, com 514 alunos, e foi reinaugurada por Camilo Santana em 2018
Uma escola com estrutura adequada, acesso a laboratórios, salas climatizadas, presença de psicopedagoga, boa alimentação e garantia de funcionamento em tempo integral. É assim a Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Johnson, a ser visitada pelo presidente Lula, em Fortaleza, e pelo ministro Camilo Santana, nesta sexta-feira (12), quando o chefe do executivo federal vêm pela primeira vez ao Estado neste 3º mandato.
A unidade, que existe há 60 anos e desde 2018 funciona no prédio visitado, é modelo em estrutura e projetos. Localizada no bairro Luciano Cavalcante em Fortaleza, a escola passou por uma grande reforma concluída em 2018.
Na época, os governos estadual e federal investiram cerca de R$ 7,1 milhões na reestruturação da sede, e isso garantiu a entrega de 12 salas de aula, auditório, biblioteca, laboratórios de Informática, Física, Química, Biologia e de Matemática, além do ginásio poliesportivo.
Naquele ano, unidade foi reinaugurada pelo então governador do Ceará, Camilo Santana, em parceria com o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio.
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A unidade tem 514 alunos no total e desde 2019 funciona na modalidade de tempo imtegral. O número de matrícula inclui ainda uma turma noturna de Educação de Jovens e Adultos (EJA), segundo informações repassadas pelo Ministério da Educação (MEC).
Em 2018, por doação da empresa SC Johnson, propriedade do fundador da escola, Herbert Johnson, a unidade passou a ter 487 placas fotovoltaicas para suprir a demanda por energia elétrica da escola. O sistema segue em pleno funcionamento, gerando energia.
Veja como foi a visita de Lula à Escola Johnson
O presidente Lula chegou à Escola Johnson junto ao ministro da Educação, Camilo Santana, o governador do Ceará, Elmano de Freitas, e a vice-governadora Jade Romero, por volta das 10h50. A primeira-dama Janja também o acompanhou. O presidente foi recepcionado também pela população, fora da escola, com quem tirou fotos, entre abraços e mensagens.
Os gestores acompanharam uma apresentação musical feita por estudantes, na qual foi tocada a canção "Ceará Terra da Luz". Depois percorreram uma área da escola para conhecer projetos científicos feitos por alunos de outras unidades da rede estadual do Ceará.
Entre os projetos detalhados pelos próprios alunos, autores dos estudos, estava um braço robótico manipulado, criado para auxiliar pessoas em atividades que elas não podem estar presentes. O projeto é da Escola de Educação Profissional Marta Maria Giffoni de Sousa, da cidade de Acaraú.
O presidente também ouviu estudantes da Escola Estadual de Educação Profissional Professora Luíza de Teodoro Vieira, de Pacatuba, acerca de um robô seguidor de linha, e informações dos estudantes da ETI Edson Olegário de Santana sobre o projeto transformando lixo em arte, com o reaproveitamento de produtos da bananeira.
No local, Lula, que chegou com o boné da EEMTI Johnson, fez perguntas aos alunos que apresentaram os projetos, e também aos professores e gestores que estavam no local, mas não discursou na escola. Lula também recebeu presentes dos estudantes.
Outras atividades haviam sido preparadas para o presidente, que não conseguiu acompanhar tudo antes de seguir para o Centro de Eventos, o que deixou alguns integrantes da escola "frustrados". Nem todos os alunos que foram previamente preparados para estar com o presidente conseguiram estar com Lula.
Estrutura e ensino
“Na escola tem laboratório, auditório, sala de informática e refeições bem definidas. E o ar-condicionado que estava sem funcionar foi trocado há pouco tempo. Consertaram. A única coisa que não temos acesso direito ainda são os vestiários”, relatou ao Diário do Nordeste a estudante Arianne Mouta, do 3º ano da unidade.
“Nós ficamos sabendo que o Camilo viria na escola e depois soubemos que o presidente Lula iria. E a escola é realmente muito boa. Consegue acolher os alunos. Temos todo o auxílio, acompanhamento com psicopedagoga e a estrutura é muito boa”, completa a avaliação. Ela é moradora do bairro vizinho, o Jardim das Oliveiras.
De acordo com ela, na unidade, estudantes do 1º e 2º ano estão incluídos no Novo Ensino Médio, modelo que tem sido alvo de diversas queixas no país e um dos desafios iniciais de Camilo Santana à frente do MEC.
A revisão do novo formato está em discussão e movimento e entidades da educação cobram a revogação do formato aprovado ainda no governo Temer, em 2017 e que passou a vigorar em 2022.
“No começo, os alunos reclamavam e achavam complicado e confuso. Mas, agora o que eu sei é que agora eles estão super adaptados”, acrescenta.
Dentre as disciplinas eletivas ofertadas constam, dentre outras: informática básica, xadrez, cartografia, empreendedorismo, anatomia e fisiologia humana, educação ambiental, biogeografia, introdução à programação e ferramentas Google, estudo das funções, e introdução à astronomia e astronáutica.
Na unidade, relata a estudante, ela entra às 7h30min e sai 16h15min. A carga horária, avalia ela, é grande e uma das opções para otimizar esse processo seria aumentar, dentro dessa carga horária, as atividades do clube estudantil, que é um formato de organização na qual os estudantes podem se agrupar, conforme os interesses comuns dentro do ambiente escolar.
No bairro, a aposentada Eliene Silva Oliveira, avó de Luiz Felipe, aluno do 3º ano, reitera que a unidade “é muito boa. Ele não tem do que reclamar, de merenda, de nada. Muito segura, muito tranquila. Minha filha sempre vem aqui, fala com os diretores e tudo, saber como é que está. Ela acompanha tudo".
Ela reforça que a permanência do neto na escola é vista como uma garantia de “um bom futuro pra ele, um bom emprego para ajudar a mãe dele”. A expectativa é que outro neto, de 10 anos, ao concluir o ensino fundamental seja encaminhado para a unidade modelo do Ensino Médio.
O Diário do Nordeste tentou, na quinta-feira (11), contato com a gestão da escola, mas no dia a direção disse que não poderia conceder entrevista sobre o assunto.
Histórico da escola
A fundação da escola ocorreu em 1963 por iniciativa do empresário Herbert Johnson, presidente da empresa norte-americana SC Johnson, que era fabricante de ceras de carnaúba e tinha atuação em Fortaleza.
Segundo a empresa SC Johnson, o empresário construiu a escola no armazém da firma, à época localizado na Praia de Iracema. A intenção era garantir formação educacional aos filhos dos funcionários da fábrica.
A decisão de criação da escola em Fortaleza ocorreu após Herbert Johnson constatar em visitas, a necessidade de ter um equipamento do tipo. Com a inauguração na Praia de Iracema, a escola tinha salas de aula, cozinha, refeitório e uma enfermaria.
Em 1975, o equipamento foi doado ao Governo do Estado do Ceará. Desde então, a unidade pertence à rede pública e mudou de endereço para o bairro Luciano Cavalcante. Desde 2018, a escola passou a funcionar em uma estrutura completamente renovada no atual local.
Segundo o Governo do Ceará, a parceria com a empresa norte-americana permanece na atualidade. A empresa, em seu site oficial, também afirma que “continua fornecendo apoio à Escola Johnson por meio de subsídios e donativos, incluindo um consultório odontológico, novos laboratórios de ciências, uma quadra esportiva e reformas gerais”.