Atropelamentos deixam pelo menos 28 mortos e 62 feridos em Fortaleza no 1º semestre; veja prevenção

Tanto motoristas como pedestres devem ficar atentos à sinalização e à velocidade permitida na via

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Pedestres também não devem assumir comportamento de risco, alertam especialistas
Foto: Kid Jr.

Atravessar ruas e avenidas pode parecer uma tarefa fácil, mas nem sempre segura. Prova disso são os atropelamentos que ocorrem rotineiramente nas grandes cidades, como o que feriu gravemente o ator Kayky Brito, no Rio de Janeiro. Porém, eles também podem ser fatais: em Fortaleza, só no primeiro semestre deste ano, 28 pessoas perderam a vida nesse tipo de impacto.

Os dados analisados pelo Diário do Nordeste com base na Plataforma Vida, sistema de consulta pública da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), são preliminares e ainda podem ser alterados com a inclusão de novas fontes de informação. 

De janeiro a junho, outras 62 pessoas ficaram feridas em atropelamentos, totalizando 90 vítimas. Segundo a Plataforma, os dias com mais ocorrências foram quarta e quinta; já em questão de horários, 19h e 22h.

Na avaliação dos atropelamentos fatais, 40% tiveram motocicletas como o principal veículo envolvido, seguidas por veículos de quatro rodas (37%) e ônibus (15%). Homens correspondem à maior parte dos mortos (55%).

No mesmo período de 2022, ocorreram 25 atropelamentos fatais. Embora tenha havido um pequeno aumento em relação ao ano anterior, os números de 2023 são inferiores aos do primeiro semestre de 2021, com 40 mortes, e de 2020, com 33.

Veja também

Risco às vítimas 

Ainda conforme a Plataforma, até o momento, há duas faixas etárias em que ocorrem mais mortes, com o mesmo percentual (42,9%): de 30 a 59 anos e idosos com mais de 60.

Caio Torres, doutor em Engenharia de Transportes e consultor em segurança viária, destaca alguns fatores de risco para esses dois grupos:

“Devido às limitações próprias do envelhecimento, capacidade cognitiva e fragilidade do corpo, os idosos costumam ser os mais vulneráveis a atropelamentos. Já os jovens também podem se destacar devido ao seu nível de exposição no trânsito e à possibilidade de terem uma menor percepção ao risco em relação às demais faixas etárias”, detalha.

André Luís Barcelos, gerente de educação para o trânsito da AMC, complementa que os pedestres não devem assumir comportamentos inesperados, como iniciar a travessia correndo. O ideal é buscar faixas de pedestres ou áreas com maior iluminação para facilitar a visibilidade.

Além disso, o especialista ressalta que a alta velocidade sempre é fator para a severidade dos sinistros.

Quanto maior a velocidade, menos visão lateral você tem. Muitas vezes o condutor é surpreendido porque só consegue ver o pedestre quando já está muito próximo. Um atropelamento nessa velocidade sempre é muito grave porque o corpo humano é muito frágil, não é feito para aguentar essa energia em deslocamento.
André Luís Barcelos
Gerente de educação para o trânsito da AMC

Onde ocorreram os atropelamentos

Segundo a Plataforma Vida, algumas vias onde ocorreram atropelamentos fatais em 2023 foram:

  • Avenida José Sabóia (Cais do Porto)
  • Avenida Santos Dumont (Papicu)
  • Avenida Domingos Olímpio (Centro)
  • Rua Gustavo Sampaio (Parquelândia)
  • Avenida Gov. Raul Barbosa (São João do Tauape)
  • Avenida Alberto Craveiro (Castelão)
  • Avenida H (Conjunto Ceará I)
  • Avenida General Osório de Paiva (Vila Pery)
  • Avenida Doutor Silas Munguba (Passaré)
  • Avenida Prof. José Arthur de Carvalho (Lagoa Redonda)
  • Avenida João de Araújo Lima (José Walter)

Legenda: Mapa de ocorrências fatais na cidade, em 2023
Foto: Plataforma Vida/AMC

Veja também

Dicas de segurança

Segundo a AMC, estudos técnicos comprovam que, quanto menor a velocidade, mais vidas podem ser preservadas. O órgão cita que a redução da velocidade em 10 km/h aumenta em 10 vezes a possibilidade de uma pessoa atropelada sobreviver no caso de um acidente.

Por isso, a readequação de velocidade de diversas vias da cidade para 50 km/h desempenha um papel importante na segurança viária da Capital cearense. Atualmente, 56 ruas e avenidas já passaram por esse processo.

Independente do caso, Caio Torres ressalta que os pedestres são os usuários mais vulneráveis no trânsito, portanto “é fundamental que seu deslocamento seja respeitado pelos motoristas, que devem dar preferência para esses usuários”. 

Por outro lado, os pedestres também devem respeitar as regras de trânsito que visam garantir um ambiente de circulação seguro. “É importante que eles busquem ficar atentos ao ambiente ao seu redor, evitando dispositivos que possam causar distrações enquanto circulam, como o celular e fones de ouvido”, recomenda.

“Às vezes, a pessoa também está distraída por já ser uma área muito conhecida. Tudo isso amortece a percepção do risco que a pessoa tem, gera uma acomodação”, completa André Luís Barcelos, da AMC.

Ao poder público, sugere Caio Torres, cabe projetar ambientes e elementos que favoreçam o deslocamento seguro dos pedestres, como travessias elevadas, limites de velocidade adequados e semáforos com tempo exclusivo para travessia, além de desenvolver ações de Educação e Fiscalização “para conscientizar a população”.

Newsletter

Escolha suas newsletters favoritas e mantenha-se informado
Este conteúdo é útil para você?
Assuntos Relacionados