Após chuvas no CE, açudes da Região do Curu quase triplicam volume e atingem melhor nível em 12 anos

Neste mês, 13 reservatórios que compõem a bacia ultrapassam 70% da capacidade de água

Escrito por Lucas Falconery e Theyse Viana , ceara@svm.com.br
Açude Sousa, no município de Canindé, estava com volume zerado antes das chuvas de 2024 no Ceará
Legenda: Açude Sousa, no município de Canindé, estava com volume zerado antes das chuvas de 2024 no Ceará
Foto: Reprodução/Cogerh

O alívio que a quadra chuvosa deste ano trouxe aos açudes cearenses fez o volume dos reservatórios de uma das regiões do Estado quase triplicar. Na Região do Curu, o nível médio dos 13 açudes saltou de 25,8% em janeiro para 72,1% em junho, melhor aporte desde 2011.

Os dados são do Portal Hidrológico da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), e mostram que o Curu foi a região que mais se destacou em termos de recuperação hídrica, na quadra chuvosa de 2024.

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Até o dia 31 de janeiro deste ano, os açudes da região guardavam 272,2 hm³ de água, o equivalente a um quarto da capacidade total. Já em 1º de junho, data em que a quadra chuvosa cearense está encerrada, o volume chegou a 759,1 hm³, 72,1% do valor máximo.

Nesta sexta-feira (7), dos 13 açudes da bacia hidrográfica do Curu, cinco estão sangrando, três estão com volume acima de 95% e outros quatro têm mais de 50% cheios. 

Apenas dois reservatórios têm situação mais crítica: os açudes Salão (29,3%) e Sousa (5,4%), ambos em Canindé. Os dois estavam com volume zerado até janeiro deste ano.

Yuri Castro, presidente da Cogerh, avalia que “a bacia do Curu não vinha tendo um aporte significativo, com volume girando sempre em torno de 20% a 30% nos últimos 12 anos”. As chuvas de 2024, então, deixaram a situação da região “confortável” novamente, como observou o gestor em entrevista do Diário do Nordeste.

Os principais impactos do aporte, segundo o presidente da Cogerh, devem incidir sobre a produção agrícola: diversas áreas com potencial produtivo estavam “desativadas” por falta de água para irrigação.

Isso gera toda uma expectativa das comunidades e municípios para que se possa voltar a implementar o setor da irrigação, o mais afetado (com a seca). Porque na hora que tem que restringir o uso da água, o abastecimento humano é prioritário.
Yuri Castro
Presidente da Cogerh

Conforme Yuri, os principais insumos cultivados na região são coco e cana de açúcar. “Com os açudes com 70%, podemos voltar a fazer a perenização dos vales e incentivar o retorno da irrigação. Muitas áreas poderão voltar a produzir neste ano”, comemora o gestor.

Ceará teve aporte histórico

Açude Castanhão, o maior do Ceará
Legenda: Açude Castanhão, o maior do Ceará
Foto: Divulgação/Cogerh

A quadra chuvosa cearense, que ocorre de fevereiro a maio, garantiu, em 2024, um aporte de 9,49 bilhões de metros cúbicos de água para os 157 reservatórios monitorados pela Cogerh. O volume atual é de 10,54 bilhões de m³, o equivalente a 56,9% da capacidade.

As regiões do Acaraú, Baixo Jaguaribe, Coreaú, Curu, Litoral, Metropolitana e Serra da Ibiapaba estão em situação “muito confortável”, com volumes acima de 70%. Durante o período chuvoso, 77 açudes sangraram.

Os três maiores açudes cearenses – Castanhão, Orós e Banabuiú – também receberam bons volumes de água nos últimos meses. O Castanhão, principal reservatório do Estado, está com 36,2% da capacidade; o Orós chegou 74,7% do volume; e o Banabuiú está com 42,9%. 

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