Quatro cidades do CE estão em ‘alerta’ por risco de falta d’água, apesar de boas chuvas; veja quais

Estado prevê a criação de mais de 200 poços ao longo deste ano que teve o melhor aporte hídrico dos últimos 15 anos

Escrito por Lucas Falconery e Theyse Viana , ceara@svm.com.br
Legenda: Açude Flor do Campo, em Novo Oriente, na região dos Sertões de Crateús
Foto: Reprodução/Cogerh

A quadra chuvosa acima da média histórica no Ceará, em 2024, conferiu recordes de aportes aos açudes do Estado. Apesar disso, uma região terminou o período “com volume em situação crítica”: os Sertões de Crateús têm apenas 23% da capacidade preenchidos. Quatro cidades estão “em situação de alerta” por risco de desabastecimento de água.

A informação é de Yuri Castro, presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), e foi dada na manhã desta sexta-feira (7), na sede da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), durante a divulgação do balanço da quadra chuvosa de 2024.

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De acordo com o gestor, alguns municípios “podem ter alguns problemas” ligados ao abastecimento, exigindo “ajustes operacionais” para garantir a chegada de água às torneiras da população.

“Existem, pontualmente, municípios que poderão ter algum tipo de restrição. Faltar água, de forma alguma. Mas em Quiterianópolis, Itatira, Ibicuitinga e Milhã estamos fazendo ajustes para não terem problemas severos de abastecimento. Eles estão em situação de alerta”, frisa Yuri.

O presidente da Cogerh destaca que o órgão tem “um monitoramento da segurança hídrica de todos os municípios”, e que o Sistema Estadual de Recursos Hídricos (composto pela Secretaria de Recursos Hídricos e órgãos vinculados) “está muito atento às soluções que devem ser implementadas”.

Eduardo Sávio, presidente da Funceme, indica que “emergencialmente, algumas ações podem ser tomadas, como construção de poços para atendimento até que a solução definitiva seja realizada”. 

As medidas foram necessárias em anos de poucas chuvas no Estado, como em 2016, quando a quadra chuvosa findou abaixo da média histórica. “Entre 2013 a 2023, foram mais de 11 mil poços perfurados”, contabiliza Eduardo.

Luciana Brandão, titular da Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), afirma que o Ceará já tem, atualmente, “uma demanda de cerca de 200 poços para 2024”, em diversos municípios do Estado.

Grande Fortaleza

Em situação oposta aos Sertões de Crateús estão Fortaleza e os municípios da Região Metropolitana (RMF). O presidente da Cogerh aponta que o sistema de abastecimento da RMF é composto de 5 açudes principais – todos estão com quase 100% do volume preenchido.

“Para o Pacoti, faltam só 8 cm para sangrar. Riachão, Gavião, Pacajus e Aracoiaba também estão quase com 100%. Neste ano, não temos necessidade de transferência de água da bacia do Jaguaribe. Estamos tranquilos para abastecer a Grande Fortaleza somente com a água regional”, comemora o gestor.

Melhor aporte desde 2009

A quadra chuvosa cearense acontece entre os meses de fevereiro e maio e, neste ano, garantiu 9,49 bilhões de metros cúbicos para os 157 reservatórios monitorados pela Cogerh. O volume atual é de 10,54 bilhões de m³, o equivalente a 56% da capacidade.

As regiões do Acaraú, Coreaú, Litoral, Metropolitana, Serra da Ibiapaba, Salgado e Baixo Jaguaribe estão em situação “muito confortável”, com volumes acima de 70%. Durante o período chuvoso, 77 açudes sangraram.

Os três maiores açudes cearenses receberam um bom volume de água nos últimos meses. O Castanhão, principal reservatório, está com 36,3% da capacidade de armazenamento. O Açude Orós, que chegou a 4,7% no início de 2020, chegou a 74% após as chuvas.

O Açude Banabuiú, relevante para a estratégia de abastecimento de água para o Sertão Central, está com 42%. 

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