Aliada da saúde, atividade física regular afasta o sedentarismo e previne doenças

Benefícios incluem melhora do humor, da autoestima e da saúde cardiovascular

Escrito por Denise Marçal ,
Legenda: Segundo dados da OMS, cerca de 47% dos brasileiros são considerados inativos
Foto: Shutterstock

A vida sedentária representa um custo alto para a vitalidade do corpo e da mente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o sedentarismo pode levar 500 milhões de pessoas a desenvolverem doenças cardíacas, obesidade, diabetes e outras doenças não transmissíveis até 2030.

“O sedentarismo e a má alimentação são o mal do século. São os principais responsáveis pela grande maioria das doenças crônicas degenerativas que afetam a saúde da população mundial”, afirma a endocrinologista Cristina Figueiredo Sampaio Façanha, diretora-geral do Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (CIDH-CE). É urgente que a população movimente mais o corpo. Os brasileiros, especialmente.

O Brasil é um dos países mais sedentários da América Latina, aponta a OMS. A organização estima que pelo menos 47% dos brasileiros são considerados fisicamente inativos, ou seja, não praticam atividades físicas suficientes para manter a saúde.

As consequências dessa inatividade é o que leva muita gente para o consultório médico. “A pessoa que não faz atividade física de forma regular tem o organismo mais inflamado”, pontua Giselle Barroso Vieira Costa, médica cardiologista do CIDH-CE. “O sedentarismo aumenta o risco da hipertensão arterial, da diabetes e de, inclusive, doenças oncológicas. A preocupação dos médicos quanto ao sedentarismo é porque ele leva a outras doenças”, alerta a profissional.

Para sair desse quadro sedentário e desenvolver um estilo de vida mais saudável, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) recomenda pelo menos 150 a 300 minutos de atividade aeróbica moderada a vigorosa por semana para todos os adultos, incluindo quem vive com doenças crônicas ou incapacidade, e uma média de 60 minutos por dia para crianças e adolescentes.

Toda atividade física conta? “Sim, desde que respeite os limites do corpo e não provoque lesões”, afirma Cristina Figueiredo. E aqui vale pontuar uma diferença básica entre exercício físico e atividade física. Tiago Daniele, professor do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade de Fortaleza (Unifor) e do curso de graduação em Educação Física, explica que atividade física é qualquer movimento corporal que inclua gasto de energia.

Já o exercício é sistematizado, organizado e periodizado. “É quando realizado com a orientação de um profissional de educação física, que vai direcionar o melhor tipo de exercício e movimento que você vai fazer”, diferencia o professor. De forma sistematizada ou não, em casa, na academia ou em espaços livres, colocar o corpo para se exercitar de forma regular traz muitos benefícios.

O que muda com a prática de atividade física regular?

De acordo com Tiago Daniele, os primeiros benefícios na saúde corporal é a melhora da circulação. “Melhora a condição de você conseguir, por exemplo, ficar mais tempo em pé, de ficar mais tempo sentado e não sentir dor, melhora a respiração, e a sensação de bem-estar". A melhora da condição cardiovascular ajuda a diminuir os principais fatores de risco para infarto e derrame (acidente vascular cerebral – AVC).

“No sistema cardiovascular, por exemplo, existe aumento da força do coração e da circulação sanguínea. Redução de certos hormônios que estão associados ao estresse. Observa-se, também, melhora da força muscular e coordenação motora”, acrescenta Cristina Figueiredo.

Legenda: A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) recomenda pelo menos 150 a 300 minutos de atividade aeróbica por semana
Foto: Shutterstock

A saúde mental também se beneficia da prática regular de atividade física. “É reconhecida como uma importante aliada no combate à depressão, nos casos leves e moderados.  A noradrenalina e a serotonina, também responsáveis pelo equilíbrio do humor, são estabilizadas a partir da atividade física. Não se pode deixar de citar também os benefícios proporcionados pela melhora estética, como a autoconfiança e a autoestima”, argumenta Cristina Figueiredo.

Tiago Daniele observa que a melhora na disposição física também contribui para a sensação de bem-estar e combate ao estresse. “À medida que você se sente melhor consigo mesmo, consigo mesma, tendo mais disposição física, isso se relaciona diretamente com a disposição mental, com o bem-estar".

A qualidade do sono é outra recompensa, como observa a médica Giselle Barroso. “Atividade física vai levar o paciente a controlar melhor as doenças crônicas. Vai também levar um bem-estar, então tudo isso junto faz com que o paciente esteja melhor e assim ele também vai conseguir dormir melhor”, resume a cardiologista.

Outros benefícios da atividade física são: ajuda a controlar o peso, reduz a pressão arterial, reduz risco de infarto e AVC, aumenta densidade óssea, melhora o perfil lipídico, a mobilidade articular, a força e o equilíbrio.

Como sair do sedentarismo?

Desejar melhorar a saúde e a qualidade de vida é o primeiro passo para quem quer sair do sedentarismo, conforme afirma Tiago Daniele. “Querer realmente sentir-se melhor consigo mesmo, mais disposto física e mentalmente, sentir-se mais feliz. Essa é a grande mudança do exercício físico para a saúde”, destaca.

A cardiologista Giselle Barroso recomenda buscar a orientação de profissionais da saúde, como nutricionista e educador físico para receber informação direcionada, especialmente quanto ao combate de doenças crônicas. E deixa um lembrete: “o efeito da atividade física não é de hoje para amanhã. O paciente deve fazer isso com a regularidade, assim ele vai sentir o bem-estar, vai sentir até saciedade, não vai ter tanta fome, vai controlar essas doenças crônicas e melhorar a saúde como um todo. Com tudo isso vem a parte física (estética) também”, finaliza.

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