Turistas de volta: Fortal 2022 atrai foliões em busca de festa e de conhecer o litoral cearense

Paulista, baiano e maranhenses são alguns dos muitos sotaques que se encontram nos camarotes e no corredor da folia

Escrito por Lívia Carvalho , livia.carvalho@svm.com.br
Legenda: Fortal retoma neste ano para 29ª edição movimentando a cidade
Foto: Kid Junior/SVM

Já cantava Bell Marques que o carnaval é feito no coração. E por que não fora de época? A festa da folia e do reencontro volta em 2022 após duas edições interrompidas pela pandemia de Covid-19. Neste ano, o Fortal chega à 29ª edição colocando milhares de pessoas para correr atrás do trio elétrico entre os dias 21 e 24 de julho.  

Sejam cearenses ou turistas, o Fortal reúne os mais diversos públicos desde a década de 1990 e causou saudade depois desses dois anos. “Vivemos esses dois anos aguardando, então agora vai ser uma festa, uma comemoração da vida”, é o que relata o designer Fábio Pinto, de 49 anos, que frequenta a micareta desde quando ainda era realizada na avenida Beira-Mar. 

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A paixão foi tanta que Fábio, que é de São Luís (MA), esteve presente em quase todas as edições depois de vir a primeira vez em 2004. Fã de Bell Marques e de Ivete Sangalo, o designer começou a vir para acompanhar os cantores.  

“No início da micareta, eu sempre seguia o bloco do Bell, depois descobri a Ivete, me encantei e passei sempre a segui-la. Mas eu não vou ao Fortal apenas por ela, gosto muito da cidade, vou a Fortaleza todos os anos, gosto muito de axé, sou fã da música baiana. É um conjunto de coisas”, diz. 

Por isso, sempre que vem a programação de Fábio é viver a cidade de dia e o Fortal à noite. “Costumo dizer que, durante o Fortal, eu me preparo pra dormir pouco, porque são as noites no Fortal e o dia nas praias, nos pontos turísticos”. 

Legenda: O auditor financeiro vem ao Fortal há mais de uma década com diversos amigos
Foto: Arquivo pessoal

Celebrar as amizades 

Aguardando desde 2019 com passagens e ingressos comprados, hotel reservado, a expectativa para os dias de folia é grande, especialmente para reviver momentos tão especiais com os amigos. “O Fortal é a maior micareta do Brasil, causa essa grande expectativa na gente como é com o carnaval”, afirma.  

Apesar da alegria do retorno, o evento este ano terá um sabor agridoce para Fábio, já que sempre vinha em um grupo de mais de 10 amigos especialmente para o evento. Porém, a pandemia ocasionou perdas.  

Legenda: Fábio (na ponta à direita), de São Luís (MA), vem à micareta desde 2004 com amigos
Foto: Arquivo pessoal

“A última micareta que vim foi em 2019 e foi especialmente marcante pra mim porque consegui reunir um grupo de amigos muito grande. Alguns infelizmente não vão poder estar presente este ano porque forma vitimados pela covid-19, então 2019 foi a última oportunidade que pudemos ir todos juntos”. 
Fábio Pinto
designer

'Há coisas que só o Fortal proporciona'

O encontro da advogada Marcelle Figueirêdo, de 37 anos, com o Fortal aconteceu tardiamente, mas a única vez que a baiana foi ao evento foi suficiente para querer voltar tantas outras vezes. “Saí daqui em 2019 já querendo fechar tudo pra voltar em 2020. Desde outubro de 2019 venho pagando, veio a pandemia e não cancelei nada”.  

Apesar de ser de Salvador, cidade conhecida por ter um dos carnavais mais tradicionais, Marcelle afirma que o Fortal “é diferente demais. A sensação de liberdade é grande demais, é muito gostoso, organizado. Não mudaria nada do Carnaval de Salvador, mas é nítida a diferença”.  

Desde a barriga da mãe, que hoje tem 67 anos, Marcelle sai no bloco de Bell Marques e mantém ainda a tradição no Fortal, indo também para a Feijoada do Siriguella.  

Legenda: Para Marcelle (segunda na foto), a Feijoada do Siriguella também foi marcante
Foto: Arquivo pessoal

“Achei a experiência fantástica, mesmo com o joelho machucado, estarei lá firme e forte atrás do Bell. A Feijoada também foi incrível, ver o pôr-do-sol naquele cais foi coisa de outro mundo. Chega me arrepio falando e, quando você vê o Bell de pertinho no trio, é inexplicável. Há coisas que só o Fortal proporciona”. 
Marcelle Figueirêdo
advogada

Mas não foi só pelo Fortal que a baiana conta ter se encantado. “Eu tô apaixonada por Fortaleza. A paquera é boa demais, amam um baiano. Eu solto um ‘oxe’ e já olham diferente. Vou voltar e quero paquerar, conhecer outros lugares. Já quero é deixar de advogar e prestar concurso pra morar na capital cearense”, brinca.  

Para Marcelle, o evento é um grande encontro e uma oportunidade para conhecer gente de todo o País. “Fiz vários amigos, é um verdadeiro encontro de micareteiro. Todo mundo se fala até hoje, desde 2019, uma amizade mesmo. Já trouxe gente de Fortaleza e levei pra passear em Salvador”, conta.  

Legenda: Marcelle (no centro da foto), de Salvador (BA), conta que conheceu pessoas de todo o País no Fortal
Foto: Arquivo pessoal

100 paulistas em Fortaleza 

Embora já frequente o Fortal há uma década, o auditor financeiro David Oliveira, de 35 anos, relata que o sentimento para esta edição é “como se fosse a primeira vez”. “Vai ser muito bacana, porque a galera tá numa vibe muito ansiosa. Vai muita gente de outros estados, tô numa expectativa muito grande”.  

Todo ano David, que é de São Paulo (SP), vem com um grupo de amigos para curtir os dias de folia e a cidade e acompanhar Durval Lélys. “Somos um total de 100 a 150 pessoas, todos de São Paulo. Ficamos sempre hospedados no mesmo canto, é uma galera em peso”.  

Legenda: O auditor financeiro vem ao Fortal há mais de uma década com diversos amigos
Foto: Arquivo pessoal

Mas não é só o Fortal que encanta David, a Terra do Sol é refúgio para a estação de inverno na região Sudeste, já que o paulista não 'suporta o frio'. Por isso, a estada para o evento se estende por mais alguns dias na intenção de aproveitar o sol, a praia e a brisa local. 

"Eu gosto muito de Fortaleza, falo muito que na minha aposentadoria quero comprar um flat em Fortaleza pra passar temporadas por aí. As pessoas são super receptivas, o clima, e principalmente em julho que aqui em São Paulo é bem frio e é um estopim pra sair daqui. Gosto de morar aqui, mas odeio frio". 
David Oliveira
auditor financeiro

Nas tantas edições que já frequentou, David conta ter passado momentos marcantes e até de prejuízo. "Em 2017, choveu muito no primeiro dia. Foi água até a canela no corredor da folia e a galera na maior vibe. Dia seguinte tive que jogar o tênis que usei fora e ir ao shopping comprar". 

Legenda: O paulista David (na ponta à direita) com amigos no Fortal
Foto: Arquivo pessoal

Movimentação do turismo 

O secretário de Turismo do Ceará, Arialdo Pinho, aponta que o Fortal sempre movimentou bastante o turismo do estado e a expectativa para este ano é que diversos setores sejam impactados com a retomada do evento. 

"Tudo tem voltado com muita força, todos os segmentos, as pessoas passaram dois anos muito reclusas, e eu acredito fielmente que o evento vai ser um sucesso e, como sempre, vai trazer muito turista".
Arialdo Pinho
secretário de Turismo do Ceará

De acordo com o titular da Pasta, o turismo abrange diversos setores da economia e pelo menos 50 são impactados de alguma maneira. "O turismo traz riqueza porque quem vem frequenta o comércio, restaurantes, hotéis, transportes", conclui. 

O Observatório do Turismo de Fortaleza, ligado à Secretaria Municipal do Turismo (Setfor), aponta que quase 400 mil turistas do Brasil e do exterior devem visitar Fortaleza nas férias de julho, injetando mais de R$ 1 bilhão na economia da cidade.

O número de visitantes se aproxima do registrado na última alta estação, quando Fortaleza recebeu cerca de 500 mil turistas entre os meses de dezembro de 2021 e janeiro de 2022.

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