Planetário Rubens de Azevedo é opção imperdível para as férias, com ingressos a preço popular e sessões infantis
Equipamento também dispõe agora de sessões acessíveis para pessoas cegas e quer traçar parceria a fim de apresentar a cosmologia de povos originários e quilombolas
A fila não nega: tem muita gente interessada em conhecer mais do Universo, cada detalhe e mistério. Basta ir ao Planetário Rubens de Azevedo, localizado no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, para comprovar. Crianças, jovens, adultos e idosos mostram-se ansiosos antes de a sessão começar. E, quando ela inicia, o retorno não poderia ser melhor: encantamento.
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O Verso foi conferir de perto por que o equipamento é uma das melhores opções para visitar durante a temporada de férias e o que tanto fascina o público. A começar pela própria democratização do acesso: com preços populares – alguns até gratuitos – e projetos específicos para crianças, fica bem mais fácil mergulhar na grandiosidade celeste.
Além disso, no dia em que fomos – sábado, 4 de janeiro de 2025 – estreou a primeira sessão mundial de planetário em Língua Portuguesa voltada para cegos. Apresentada por meio de imagens com altíssima resolução 4K, em projeção Fulldome (ou seja, cobrindo toda a cúpula), promoveu inclusão e belo momento de entretenimento e cultura.
“O Planetário encanta. Ele tem a missão de entreter e ensinar, então é ótima opção para as pessoas estarem perto de imagens fantásticas do Universo, ao mesmo tempo em que se divertem. Tudo acontece de forma lúdica, algo importante para que a difusão e popularização da ciência ocorram de forma bem bacana”, diz Dermeval Carneiro, diretor da casa.
A programação de janeiro entra em sintonia com esse princípio. Sessões Lúdicas, Momentos Cósmicos, Noite das Estrelas e Músicas nas Estrelas são iniciativas realizadas ao longo de todo o mês para que ninguém perca a oportunidade de não apenas conhecer, mas também retornar ao Planetário e se aprofundar cada vez mais nos assuntos.
“São sessões que acontecem ao longo de todo o ano, mas, nas férias, acabamos reforçando devido ao período”, salienta o professor Dermeval. “Recentemente, inclusive, lançamos a primeira sessão no Planetário em que um cientista fala sobre a própria pesquisa dentro da cúpula do Planetário”. É o equipamento dando passos mais largos e chegando mais perto.
Como são as sessões
Durante cerca de 40 minutos, a palavra que melhor descreve a sensação de estar no Planetário é imersão. Com poltronas favoráveis à observação da cúpula – onde são projetadas as imagens do Universo – e todo um aparato técnico à altura da experiência, diferentes emoções são acionadas durante o momento. É bonito de ver e sentir.
Junto a dezenas de crianças e familiares, acompanhamos a sessão de “Quinca, o Pititi e o Albireo”. O filme cativa o público de menor idade sobretudo por trazer dois protagonistas semelhantes aos pequenos, curiosos para desbravar as complexidades do céu. A duplinha embarca em uma verdadeira viagem espacial e, no caminho, vai ensinando tudo.
Aspectos dos planetas do Sistema Solar, das Galáxias, das Nebulosas e até dos Buracos Negros de repente ficam bastante acessíveis, coloridos e fantásticos. Os pais se animam, e as crianças não cansam de apontar para a cúpula. Ficam em êxtase com as imagens e as informações. Não é raro ouvir “uau”e “que lindo” em sequência.
Ainda no pequeno filme, sob a orientação de Albireu, um super computador de bordo, Quinca e Pititi aprendem muito sobre vários objetos astronômicos. Algo incrível também acontece na sessão: as crianças da historinha encontram uma bruxa cósmica que se apresenta como fada e reserva instantes tensos, embora não menos interessantes, à plateia.
O enfermeiro Breno Feitosa, de Pernambuco, estava ali pela primeira vez e recomendou o passeio a todos. Foi acompanhado de duas crianças pequenas após buscar programações na cidade capazes de mesclar arte e conhecimento. “A criançada adorou e a gente também porque é uma oportunidade de reforçar a necessidade do cuidado com o nosso planeta”.
Outra sessão infantojuvenil é “Explorando o Universo”. Por meio de linguagem acessível, mostra fundamentos de astronomia por meio de uma história de suspense. Nela, o “fantasma” de Galileu Galilei aparece e leva o público a uma fascinante viagem pelo tempo e pelo espaço, com informações sobre a estrutura do Universo e do nosso Sistema Solar.
“Os Sons do Oceano Cósmico”, por sua vez – voltada para jovens e adultos e acessível a cegos – desbrava o Sistema Solar com sons especiais, produzidos em alta qualidade e adaptados para que todos recebam informações sobre os planetas de forma lúdica. Johannes Kepler, astrônomo e matemático alemão, associava a música aos movimentos dos planetas, algo que acontece nesta sessão. É superinteressante e capaz de arrebatar.
As atividades gratuitas envolvem Momentos Cósmicos – encontro para entender o Universo, voltado para jovens e adultos, com apenas 50 vagas; Noite das Estrelas, programa de observação astronômica a partir de um telescópio especial, disponibilizado para visualização de crateras da lua, planetas e nebulosas; e Música nas Estrelas, que conduz o público a uma viagem imaginária pelo tempo e pelo espaço ao som de encantadoras trilhas musicais.
O que vem por aí
Celebrando a aderência do público em 2024 – estimado em 19 mil estudantes de escolas públicas e 26 mil pessoas entre fortalezenses e turistas – o professor Dermeval reforça o quanto a plateia sai maravilhada de cada ação. Segundo ele, “muda até o diálogo dentro de casa, passam a falar sobre os assuntos que tratamos aqui”.
O diretor também adianta relevante projeto para os próximos anos. Em contato com uma pesquisadora da Argentina, a intenção é apresentar a cosmologia de povos originários e quilombolas na cúpula do equipamento cearense. Conversamos com a estudiosa, e colhemos mais detalhes a respeito da empreitada.
Alicia Soledad Lopes Gomes considera-se afro argentina e, além de artista, é professora de Artes para a infância no país natal. De acordo com ela, o projeto que desenvolve chama-se Céu Decolonial, empenhado em ressignificar o nome de constelações levando em consideração o nome de lideranças afro-indígenas.
“A intenção é mudar a perspectiva de observação eurocêntrica do céu, mexendo desde a etimologia. Isso fará com que haja transmissão de nossas histórias, nossa cosmovisão e nossa forma de interpretar e observar o céu, às crianças e à população em geral”, explica. A ideia está com ela há anos e tem ganhado adeptos a partir das trocas e andanças pelo mundo.
Dandara dos Palmares e Zumbi dos Palmares são algumas das lideranças homenageadas pelo projeto, que considera a imagem estelar do céu no dia em que eles foram assassinados – considerando horário e data – para, a partir disso, ressignificar essa imagem. “Assim, mudamos a interpretação do céu e essas lideranças assumem também a participação”.
Ainda não há previsão de quando o Planetário Rubens de Azevedo afinará o projeto, mas as perspectivas são as melhores: estreitar a relação com nosso próprio passado a partir de novas linhas sobre ele. Em suma, permitir que o Universo faça ainda mais morada em nós.
Serviço
Programação de férias do Planetário Rubens de Azevedo
Ao longo de todo o mês de janeiro, com atividades gratuitas ou a preços populares. Roteiro completo de atividades no site e nas redes sociais do equipamento
Veja a programação
Sessões Lúdicas
Quintas e sextas-feiras
Dias 02, 03, 09, 10, 16, 17, 23, 24, 30 e 31 de janeiro
18h: A Quinca, O Pititi e o Albireo (infantil)
19h: Nascimento e Morte das Estrelas – Eta Carinae, uma Estrela Especial (juvenil-adulta)
Sábados e domingos
Dias 04, 05, 11, 12, 18, 19, 25 e 26 de janeiro
17h: A Quinca, O Pititi e o Albireo (infantil)
18h: Os Sons do Oceano Cósmico (juvenil-adulta e acessível a cegos)
19h: Nascimento e Morte das Estrelas – Eta Carinae, uma Estrela Especial (juvenil-adulta)
20h: Explorando o Universo (infantojuvenil)
“Momentos Cósmicos” com o Prof. Dermeval Carneiro
Dias 4 e 18 de janeiro (domingos)
Turma às 15h30
Noite das Estrelas
Dia 7 de janeiro (terça-feira)
Das 19h às 21h
Música nas Estrelas
Dias 12 e 26 de janeiro (domingos)
Turma às 16h