Black Mirror: Bandersnatch surpreende ao dar poder a espectadores; veja resenha

Conhecida por retratar assuntos tecnológicos e das relações humanas, Black Mirror consegue prender audiência com narrativa que muda a cada escolha

Escrito por Mylena Gadelha , mylena.gadelha@diariodonordeste.com.br

E se você pudesse escolher que rumo os personagens tomam dentro de uma história? É com essa premissa que Bandersnatch, o filme interativo de Black Mirror, se apresenta ao usuário da Netflix. Um dos lançamentos mais comentados da última semana, a produção do serviço de streaming, apresenta uma característica inovadora e ainda pouco utilizada: a interatividade. A mecânica permite que o espectador defina o rumo da história, levando a múltiplos finais. E são justamente essas escolhas que impactam e nos fazem ficar imersos na narrativa.

Lançado na última semana de 2018, Bandersnatch viralizou e gerou diversos comentários nas redes sociais

Em uma tarefa nada fácil para aqueles que têm dificuldade em tomar decisões, a produção exige 10 segundos para definir o destino dos personagens, interferindo diretamente no rumo da história. Com ansiedade e, muitas vezes, frustração, acompanhamos a história de Stefan Butler (Fionn Whitehead), ambientada em 1984. O jovem programador cria um jogo baseado em um livro com diferentes finais. No entanto, quando ele começa a perder o controle sobre a realidade e o mundo virtual, parte dessa "loucura" é influenciada por quem segura o controle em casa.

Legenda: Fionn Whitehead interpreta Stefan, o protagonista da história
Foto: Foto: divulgação/Netflix

Ao assistir, a sensação é de, apesar de ditar os rumos de Stefan, não estar completamente no comando do que é visto na tela. Justamente nesse ponto a história apresenta o trunfo: segura a audiência a cada segundo pela necessidade de descobrir todas as versões possíveis.

Na plataforma

O filme oriundo de Black Mirror pode ser considerado um teste para o público adulto no streaming, já que animações direcionadas para crianças já utilizavam um recurso semelhante.

Bandersnatch ganha ponto positivo relacionado às transições durante a narrativa. Nele, o espectador não percebe pausas técnicas e o vídeo não é "travado" entre uma decisão e outra. É fluído e prende a atenção, tornando a experiência diante da tela algo natural. Porém, não são todos os dispositivos com Netflix que suportam toda essa interatividade.

Com cinco finais, a produção não tenta explicar o que está acontecendo e, assim como Stefan, que sofre para criar rumos para o jogo, quem vê também pode ficar frustrado ao fazer escolhas consideradas "erradas". Contudo, a experiência é divertida e convida à repetição, nos levando a assumir papel de quem comanda, mas de quem também é manipulado. Ou seja, vale conferir.