Bárbara Paz estreia no Cine Ceará com o filme 'Ato' e fala da carreira: 'momento de transformação'

Diretora revela a alegria do curta-metragem "Ato" ser exibido no festival. Outro destaque na programação dessa quinta-feira (2) é o filme "A Praia do Fim do Mundo", de Petrus Cariry

Escrito por Antonio Laudenir , laudenir.oliveira@svm.com.br
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Legenda: Em "Ato", Bárbara Paz costura dilemas enfrentados atualmente com a pandemia

A exibição de curtas-metragens é uma reconhecida tradição do Cine Ceará - Festival Ibero-americano de Cinema. A 31ª edição que acontece até 2 de dezembro reúne sessões especificas para estas produções. Em 2021, a Mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem apresenta 12 filmes de nove estados.

Nessa quinta-feira (2), às 19h30, o Cineteatro São Luiz exibe as produções "O amigo do meu tio", de Renato Turnes; "Hawalari" (Cássio Domingos) e "Ato", de Bárbara Paz. O curta estrelado por Alessandra Maestrini e Eduardo Moreira marca a estreia da realizadora no festival cearense.

"Ato" integrou a seleção "Orizzonti Short Films" do Festival de Veneza, realizado em setembro último. No Brasil, competiu em novembro no Festival de Cinema de Vitória. "Para mim, levar 'Ato', que é um ato como resistência, para um festival como o Cine Ceará é muito gratificante e entendo por que eu fiz", compartilha a realizadora.

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O curta-metragem que também foi produzido por Bárbara, acontece num momento especial da artista. Seu primeiro documentário longa-metragem, “Babenco - Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou” percorre um caminho único e premiado. 

Escolhido pela Academia Brasileira de Cinema (ABC) como o representante nacional na disputa por uma vaga no Oscar 2021, a obra foi consagrada com o prêmio da crítica em Veneza (2019). Nesta semana, a diretora comemorou a vitória em quatro categorias do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.

Transformação

A realização de "Ato" contou com parceria do projeto mineiro “Teatro em Movimento Digital”. A produção foi rodada durante a pandemia da Covi-19, com locações na cidade de Ouro Preto (MG). Após debutar com o gênero documentário, a artista investe na ficção. Ela explica o que o filme representa neste momento da carreira.

Ele acontece como um primeiro ato mesmo, penso que de libertação desse projeto mais autoral que eu venho buscando. Que é dirigir as minhas criações. Não me podar mais. Desenvolver esse meu lado autoral que vem da pintura, da fotografia e que vai agora para o cinema. Para mim, é um momento de transformação. De busca"

Bárbara reflete que mesmo sendo uma trama fictícia, "Ato" é influenciado pelo atual contexto. Em cena, os dilemas do confinamento e distância impostos pela crise sanitária. "Fiz durante a pandemia, sobre esse momento de suspensão no tempo que vivemos e ainda estamos vivendo, principalmente os artistas sem plateia, sem voz, com muito medo da morte", compartilha.

Bárbara Paz e as fronteiras entre ficção e documentário
Legenda: Bárbara Paz e as fronteiras entre ficção e documentário
Foto: Divulgação/Bárbara Paz

Sobre a trajetória elogiada de “Babenco - Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou”, a cineasta afirma que as premiações representam um voto de confiança e incentivo para continuar produzindo. 

"É um filme sobre a história de um cineasta, um filme sobre cinema, sobre um homem. Tem vários significados receber esses prêmios. É continuar na estrada, criando mais, construindo novas histórias, sendo maestro da minha própria vida", finaliza.    

Ceará na tela

Nessa quinta-feira (2), dois longas-metragens cearenses estreiam no festival. Às 14h, a Mostra Olhar do Ceará traz "Minas Urbanas", dirigido por Natália Gondim. Baseado em Fortaleza, o documentário revela a força de mulheres que lutam contra as injustiças criadas pela desigualdade social, de gênero e raciais.

A "Mostra Competitiva Ibero-americana de Longa-Metragem" exibe o novo e aguardado filme de Petrus Cariry. 
"A Praia do Fim do Mundo" traz Marcélia Cartaxo ("Pacarette") e conta uma trama ambientada na cidade fictícia de Ciarema, que está em processo de destruição devido ao avanço do mar e a decadência social do lugar. O elenco ainda conta com as atrizes Fátima Macedo e Larissa Goes.

Em A Praia do Fim do Mundo, Marcélio  Cartaxo interpreta Helena
Legenda: Em A Praia do Fim do Mundo, Marcélio Cartaxo interpreta Helena
Foto: Divulgação/Petrus Cariry

“É um filme basicamente de mulheres, já que os homens existem como fantasmas. Eu queria falar sobre a insistência de uma mulher que faz parte de uma certa classe média que colapsou e agora se recusa a abandonar a sua casa, onde habita com suas memórias, em frente ao mar. Estamos vivendo em um momento que o Brasil está se descompondo e o filme é um pouco dessa alegoria, desse país em ruínas”, afirma, em nota, o diretor.

A produção da Iluminura Filmes foi filmada na Praia de Icaraí, no litoral cearense, com imagens adicionais feitas na Praia de Atafona (RJ). Cariry também assina o roteiro e a montagem, ambos ao lado de Firmino Holanda, e a direção de fotografia (pela primeira vez em P&B).

No novo trabalho de Petrus Cariry, o conflito geracional e existencial faz eclodir questões do passado
Legenda: No novo trabalho de Petrus Cariry, o conflito geracional e existencial faz eclodir questões do passado
Foto: Divulgação/Petrus Cariry

SERVIÇO
31° Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema
Quando: 27 de novembro a 03 de dezembro.
Onde:  Exibição em Fortaleza, no Cineteatro São Luiz e no Cinema do Dragão. No formato virtual, através do Canal Brasil, Canais Globo e Globoplay + Canais ao Vivo, TV Ceará e canal do Cine Ceará no YouTube.
Entrada: Gratuita

 

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