Artista cearense com deficiência é o primeiro a estrear espetáculo de dança no Inhotim

João Paulo Lima quebrou barreiras ao apresentar uma dança-manifesto sobre a humanidade que exclui pessoas com deficiência

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@svm.com.br
Legenda: O trabalho, intitulado Deffuturismo, é uma dança-manifesto que tensiona olhar sobre pessoas com deficiência
Foto: Ana Clara Martins

“Marcante e importante”: assim João Paulo Lima descreve o fato de ser o primeiro artista com deficiência a estrear um espetáculo de dança no Inhotim – maior museu a céu aberto da América Latina, localizado em Minas Gerais. O cearense se apresentou no último domingo (9) na terceira edição do evento “O que é transmutar?”, e revolucionou o palco.

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Segundo ele, o trabalho – intitulado Deffuturismo – é uma dança-manifesto que mostra um olhar sobre a parte da humanidade que exclui pessoas com deficiência da História. Essa discriminação, não à toa, faz com que todos estejam imersos em uma tragédia na qual será preciso construir novos modos de existência. 

“Os corpos com deficiência – ou, como chamamos nas artes, corpos defs – possuem e desenvolvem as próprias tecnologias de resistência. A humanidade precisa aprender isso”, explica o multiartista. O convite foi do próprio Inhotim, cujas portas estiveram abertas para  ganhar cada vez mais pessoas e reflexões sobre o assunto.

Legenda: Cearense tem se dedicado cada vez mais à dança, à performance e ao ativismo pelo direito de pessoas com deficiência
Foto: Ana Clara Martins

Junto a João Paulo, esteve o músico e DJ Kerensky Barata, também cearense. Ambos utilizaram o corpo e a dança como discurso, desafiando os que ainda constroem um mundo opressor. Na performance, entre outros questionamentos, há um se somos apenas verticais, bípedes, ouvintes e enxergantes, conectando a diversidade a um futuro possível. 

Ampliar horizontes

Unida ao espetáculo, foi feita ainda uma visita com alguns integrantes do núcleo educativo do Museu para avaliar as condições de acessibilidade nos pavilhões e espaços onde há obras. Isto porque, no Inhotim, os trabalhos estão espalhados por 140 hectares, exigindo que todos sejam livre e dignamente ocupados.

Legenda: “Ter participado como o primeiro artista def da dança nesse espaço foi marcante e importante"
Foto: Ana Clara Martins

“Ter participado como o primeiro artista def da dança nesse espaço foi marcante e importante para o movimento de pessoas com deficiência nas artes”, dimensiona João Paulo, cursando atualmente Doutorado em Dança pela Universidade Federal da Bahia.

O cearense tem cada vez mais se dedicado à dança, à performance e ao ativismo pelo direito de pessoas com deficiência, principalmente nas artes. Nos dois últimos anos, tem levado trabalhos para diferentes estados do Brasil, a exemplo de Acre, Amazonas, Goiás, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Pará e, claro, o estado-natal.

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