Registrada em certificado de vacina de Bolsonaro, técnica de enfermagem nega ter aplicado imunizante
PF aponta fraude nos cartões de vacinação de Bolsonaro, da filha dele e de pessoas próximas ao ex-presidente
A técnica de enfermagem Silvana de Oliveira, que foi registrada como a aplicadora de uma vacina contra Covid-19 no ex-presidente Jair Bolsonaro, nega ter imunizado o político.
Um esquema de fraude nos cartões de vacinação de Bolsonaro, da filha dele e de assessores do ex-presidente é investigado pela Polícia Federal, que deflagrou operação sobre o caso nesta quarta-feira (3).
Segundo a PF, informações falsas foram incluídas em 21 de dezembro de 2022 sobre a aplicação de duas doses da vacina da Pfizer em Bolsonaro.
A primeira foi supostamente aplicada em 13 de agosto de 2022, no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e, a segunda, supostamente aplicada no dia 14 de outubro, no mesmo local.
Os dados inseridos no Sistema da Rede Nacipnal de Dados em Saúde apontavam que Silvana teria imunizado Jair Bolsonaro em 14 de outubro. "Eu desconheço tudo isso", disse a técnica de enfermagem à revista Piauí. Ela afirmou que trabalhou com a aplicação de vacinas apenas em 2021.
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Diego da Silva Pires, que aparece no sistema como o responsável pela aplicação da vacina em Bolsonaro em 13 de agosto, disse à revista que "não é médico".
O ministro Alexandre do Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a PF colha o depoimento de Silvana e Diego em até cinco dias.
Operação da Polícia Federal
Em operação deflagrada nesta quarta-feira (3), a Polícia Federal prendeu seis pessoas e cumpriu 16 mandados de busca e apreensão em Brasília e no Rio de Janeiro. Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do presidente, foi um dos presos.
A PF fez buscas na casa do ex-presidente Bolsonaro e apreendeu o celular dele. Mais cedo, foi informado que o celular da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro (PL), também havia sido apreendido, mas ela negou isso em suas redes sociais.
A Operação Venire é parte do inquérito policial que apura a atuação das chamadas “milícias digitais”, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.
São investigados os crimes:
- crimes de infração de medida sanitária preventiva;
- associação criminosa;
- inserção de dados falsos em sistemas de informação;
- corrupção de menores.
Fraudes em certificados de vacinação
A representação da PF encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) aponta que Mauro era o principal articulador da fraude. Marcelo Câmara, assessor especial do presidente, também era um dos envolvidos.
Com a inserção de dados falsos no sistema, segundo a PF, eram alteradas as informações de imunização dos beneficiários. "Tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos)", detalhou a corporação
A investigação indica que o grupo buscava, assim, manter o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid.