Legislativo Judiciário Executivo

Quem é Mauro Cid, braço direito de Bolsonaro preso em operação contra dados falsos de vacina

Tenente-coronel é filho de ex-colega de Bolsonaro no curso de oficiais dos Agulhas Negras

Escrito por Redação ,
Bolsonaro e Mauro Cid
Legenda: Tenente-coronel que foi braço direito de Bolsonaro foi preso em operação da PF contra fraude
Foto: Reprodução Facebook

Preso na manhã desta quarta-feira (3) em Brasília, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é alvo de operação da Polícia Federal que investiga a atuação de associação criminosa suspeita de inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. 

Quem é Mauro Cid

Mauro Cid ou "Coronel Cid", como é conhecido, tem histórico de relacionamento com o ex-presidente que vem de família, conforme informações do jornal O Globo.

Ele é filho do general Mauro Cesar Lourena Cid, colega do ex-chefe do Executivo no curso de formação de oficiais do Exército. Desde esse período, Bolsonaro mantém amizade com Lourena Cid. 

Veja também

De major, Mauro Cid foi promovido a tenente-coronel no governo Bolsonaro. O nome dele ganhou notoriedade na última sexta-feira (28), após reportagem do portal Metrópoles apontar que investigações da PF, sob o comando do Supremo Tribunal Federal (STF), apuram se o ajudante de ordens do ex-presidente operava uma espécie de “caixa paralelo”. Bolsonaro nega as informações.

Carreira militar

Cid é formado na turma de 2000 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Apesar da proximidade do pai com Bolsonaro, colegas de turma afirmam que Lourena Cid não influenciou na escolha para ser um braço direito de Bolsonaro.

Primeiro colocado na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, Cid era instrutor da Aman e se preparava para assumir um posto nos Estados Unidos quando foi designado para servir à Presidência.

Ele chegou a dizer para amigos que descartava ingressar na política e afirmava mirar os passos do pai rumo ao generalato. Tudo mudou com a eleição de Bolsonaro, em 2018.

Prisão

Mauro Cid foi alvo de um mandado de busca e apreensão realizado pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (3), sendo preso em seguida. A operação investiga um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

Com a inserção de dados falsos no sistema, segundo a PF, eram alteradas as informações de imunização dos beneficiários e "tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos)", detalhou a Polícia Federal.

A investigação indica que o grupo buscava, assim, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid. Segundo o g1, a casa do ex-presidente em Brasília também é alvo de buscas realizadas pelos policiais federais. 

Segundo apuração da TV Globo e da GloboNews, teriam sido falsificados certificados de vacinação de: Jair Bolsonaro, da filha dele, Laura, do próprio Mauro Cid, da mulher e da filha dele do ex-ajudante. Isso garantiria a entrada de todos nos Estados Unidos. A ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, tomou vacina nos EUA.

Além de Mauro Cid, também foram alvos da PF, conforme o G1, o policial militar Max Guilherme, o militar do Exército Sérgio Cordeiro e o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha. Os militares atuaram como assessores e seguranças durante o mandato de Bolsonaro.

GloboNews informou que a PF apreendeu celulares de Bolsonaro e da ex-primeira dama, Michelle.

Conforme a PF, estão sendo cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro.

Operação Venire

A Operação Venire é parte do inquérito policial que apura a atuação das chamadas “milícias digitais”, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.

Os fatos investigados configurariam:

  • crimes de infração de medida sanitária preventiva;
  • associação criminosa;
  • inserção de dados falsos em sistemas de informação;
  • corrupção de menores.

Segundo a PF, o nome da operação deriva do princípio “Venire contra factum proprium”, que significa "vir contra seus próprios atos", "ninguém pode comportar-se contra seus próprios atos". É um princípio base do Direito Civil e do Direito Internacional, que veda comportamentos contraditórios de uma pessoa.

 
Assuntos Relacionados