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Roberto Cláudio diz que saída de Evandro é 'teatro montado', deputado rebate: 'Triste comportamento'

Evandro Leitão rebateu a acusação do ex-prefeito, dizendo que lamenta que ele "ainda não tenha aceitado o resultado da última eleição"

Escrito por Luana Barros , luana.barros@svm.com.br
Evandro Leitão e Roberto Cláudio
Legenda: Roberto Cláudio criticou a saída de Evandro Leitão do PDT e chamou de "teatro montado"
Foto: Fabiane de Paula

Presidente do PDT Fortaleza, Roberto Cláudio falou, nesta quarta-feira (30), a respeito da saída do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, do partido. Segundo ele, há um "teatro montado" para o desembarque. "É de muito mau gosto e subestima a inteligência do nosso povo", acrescentou. 

Evandro Leitão anunciou a desfiliação do PDT nesta terça-feira (29), após o diretório estadual do partido, sob comando temporário do senador Cid Gomes (PDT), conceder a carta de anuência a ele na última sexta-feira (25). O deputado rebateu a fala de Roberto Cláudio, pouco tempo após a publicação, dizendo lamentar o tom do discurso do ex-aliado.

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Apesar da permissão do PDT Ceará, o mandato de Evandro como deputado estadual deve ser questionado judicialmente caso ele formalize a desfiliação, segundo informaram os dirigentes nacionais da legenda. Na terça, conforme informou o colunista Inácio Aguiar, a Justiça negou pedido feito pelo presidente nacional do PDT, André Figueiredo, para anular a carta de anuência concedida pelo diretório estadual. 

Ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio criticou a movimentação de Evandro Leitão para sair do partido. "Quem acha que o 'poder' pode e consegue tudo, inclusive convencer o povo, por mais surreal que seja a narrativa, muitas vezes 'quebra a cara'!", escreveu. 

Roberto Cláudio e Evandro Leitão faziam parte de grupos divergentes desde a pré-campanha eleitoral de 2022. Um dos pré-candidatos do PDT ao Governo do Ceará, Leitão retirou a postulação para apoiar a então governadora Izolda Cela (sem partido), que pleiteava a candidatura à reeleição. 

Contudo, ela acabou derrotada na disputa interna do PDT, quando Roberto Cláudio foi escolhido como candidato do partido ao Palácio da Abolição — o que levou a ruptura entre PDT e PT e, na sequência, à candidatura de Elmano de Freitas (PT), que acabou vitoriosa ainda no primeiro turno da eleição. 

Troca de farpas

Pouco tempo após as declarações de Roberto, no início da tarde desta quarta, o presidente da Alece lamentou que o ex-prefeito "ainda não tenha aceitado o resultado da última eleição".

"Lamento muito que o ex-prefeito Roberto Cláudio ainda não tenha aceitado o resultado democrático da última eleição, passando a fazer postagens agressivas contra quem ele considera adversário. Após agredir Camilo (Santana) e Elmano (de Freitas) seguidas vezes, agora me ataca gratuitamente. Triste comportamento", ressaltou.

Líder do Governo e um dos quadros do PDT, o deputado Romeu Aldigueri também criticou as declarações, concordando apenas em uma ponto: "o poder não consegue tudo, não consegue convencer o povo de qualquer 'narrativa'"

"Impressionam-me comentários críticos sobre subestimar 'a inteligência do nosso povo'. E, ainda mais, acusações sobre 'Poder', assim, dessa forma, com as letras todas maiúsculas como quem grita. Aliás, o grito é característica de quem impõe a força, sem entendimento, como fizeram com a ex-Governadora Izolda Cela", acrescentou, ao relembrar as prévias dentro do PDT para a eleição do ano passado.

Crise no PDT

Segundo Evandro, teria sido ainda na campanha eleitoral que teria iniciado a "perseguição" a ele dentro do PDT — motivo pelo qual optou pela saída da legenda. 

"Desde o ano passado que vem essa perseguição. Começou na época da campanha, onde eu - pode pegar na minha prestação de contas -, não recebi um único centavo por parte do partido. E agora, a Executiva Nacional, pegando a informação que você está me passando, disse que vai judicializar. Eu lamento essa perseguição, lamento essa falta de respeito para com a decisão do diretório estadual e agora vamos discutir isso nas esferas que assim caiba".
Evandro Leitão
Presidente da Assembleia

Em nota, divulgada nesta terça-feira, André Figueiredo negou quaisquer perseguição e disse que a “nenhum parlamentar, seja federal ou estadual, foi deixado de oferecer recursos do Fundo Eleitoral em 2022, dentro das normas estabelecidas em Resolução Nacional”.

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O deputado federal, que assumiu o comando da Executiva nacional durante licença do ministro da Previdência, Carlos Lupi, também ressaltou que está há quatro décadas se dedicando ao PDT. “Eu certamente não conseguiria isso se em minha natureza houvesse a prática da perseguição”, acrescentou.

Roberto Cláudio e Evandro também possuíam divergências quanto ao posicionamento frente ao governo Elmano de Freitas. Enquanto o ex-prefeito tem feito, junto a aliados, oposição ao atual governador, Evandro defendia a ida para a base aliada da gestão estadual — posição compartilhada pela maioria da bancada estadual do PDT na Assembleia Legislativa. 

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