Legislativo Judiciário Executivo

Como o Bolsa Família e o Auxílio Brasil são tratados nos discursos de Bolsonaro no Ceará

O presidente esteve no Estado pela quinta vez nesta terça-feira (8) para a liberação das águas da Transposição do Rio São Francisco

Escrito por Luana Severo , luana.severo@svm.com.br
Bolsonaro discursa para público na cidade de Jati, interior do Ceará.
Legenda: Bolsonaro visitou o Ceará pela quinta vez para a liberação das águas da Transposição do Rio São Francisco para o Estado.
Foto: Alessandro Torres

Em três das cinco vezes em que esteve no Ceará desde que assumiu a presidência da República, Jair Bolsonaro (PL) criticou o extinto programa de transferência de renda Bolsa Família, uma das principais marcas dos governos petistas, para enaltecer duas iniciativas do próprio governo: o Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família desde o ano passado, e o Auxílio Emergencial, que foi criado em 2020 para mitigar os impactos econômicos do isolamento social provocado pela Covid-19

“Um ano de Auxílio Emergencial referente a 2020 equivaleu a 15 anos de Bolsa Família”, discursou Bolsonaro na manhã desta terça-feira (8), em Jati, interior do Estado, na ocasião da liberação das águas da Transposição do Rio São Francisco para o Ceará.

Há menos de seis meses, em 13 de agosto do ano passado, na antepenúltima visita do presidente, em Juazeiro do Norte, ele disse que o investimento aplicado pelo Governo Federal no Auxílio Emergencial em 2020 equivalia a 13 anos de Bolsa Família.

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Ataque a Camilo  


Tanto nesta terça (8) como no ano passado, Bolsonaro utilizou essa mesma introdução para criticar diretamente o governador Camilo Santana (PT) pelas medidas de isolamento social adotadas no Estado para enfrentar a Covid-19 nos momentos mais críticos da pandemia. 

“O gasto ano passado com Auxílio Emergencial equivale a 13 anos de Bolsa Família. Por que fizemos isso? Porque governadores, como esse desse Estado, simplesmente mandaram fechar o comércio. Decretaram lockdowns, confinamento e toque de recolher”, disse Bolsonaro em agosto.  

Nesta terça (8), destacando ações do governo que, em suas palavras, não têm a “devida divulgação”, o presidente voltou a falar do Auxílio Emergencial e do governo Camilo. “Vocês sabem, na ponta da linha, como (essas ações) foram necessárias para muitos brasileiros. Como, por exemplo, o Auxílio Emergencial em 2020, quando vocês foram obrigados a ficar em casa, não por decisão do presidente, mas por decisão de outras autoridades”. 

Valor do Auxílio Brasil 


O valor transferido pelo Auxílio Brasil também pauta o discurso de Bolsonaro desde o ano passado e é utilizado pelo gestor para fins de comparação com a era petista.

"Até o ano passado, o Bolsa Família pagava, em média, R$ 190. Agora, desde dezembro, está pagando, no mínimo, R$ 400. Ou seja, uma ajuda a quem precisa", comentou o presidente nesta terça (8).

Ano passado, em agosto, ele havia sinalizado a proposta de reajustar em 50% o valor da transferência. Pouco tempo depois, em 20 de outubro, de volta ao Ceará para o lançamento do edital de construção do ramal de Salgado em Russas, Bolsonaro rebatizou o Bolsa Família de Auxílio Brasil e afirmou que aumentaria o repasse para R$ 400, mesmo que o reajuste ainda não tivesse sido, à época, votado pelo Congresso Nacional.

"Ninguém vai furar teto (de gastos), ninguém vai fazer nenhuma estripulia no orçamento, mas seria extremamente injusto deixar aproximadamente 17 milhões de pessoas com valor tão pouco no Bolsa Família", falou.

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