Legislativo Judiciário Executivo

Com voto de Cármen Lúcia, STF tem maioria para condenar núcleo das fake news da trama golpista

O ministro Luiz Fux abriu divergência e votou para absolver os acusados

Cármen Lúcia.
Legenda: As condenações tiveram como base também o testemunho do tenente-coronel Mauro Cid.
Foto: Antonio Augusto/STF.

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (21) pela condenação dos sete réus que compõem o núcleo de desinformação da trama golpista que buscou manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após derrota nas eleições de 2022. O placar para condenação é de 3 a 1.

O voto da magistrada foi acompanhado pelo ministro Cristiano Zanin e ministro Alexandre de Moraes. O julgamento do Núcleo 4 iniciou na semana passada, quando Moraes leu o relatório detalhando a tramitação do caso e se manifestaram o procurador-geral da República, Paulo Gonet, além dos advogados dos réus. 

"O núcleo de desinformação promoveu um conjunto de práticas delituosas que levou à intimidação sutil e eficiente, produzida pelas mídias sociais. Com as mensagens falsas, direcionadas, assolou-se a irritabilidade política, como campo minado nas relações sociais", disse a ministra.

Luiz Fux abriu divergência e votou para absolver os acusados. A sessão continua para a tomada do último voto, do presidente do colegiado, ministro Flávio Dino.

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Fazem parte deste núcleo os seguintes investigados: 

  1. Ailton Gonçalves Moraes Barros (major da reserva do Exército); 
  2. Ângelo Martins Denicoli (major da reserva do Exército); 
  3. Giancarlo Gomes Rodrigues (subtenente do Exército); 
  4. Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel do Exército); 
  5. Reginaldo Vieira de Abreu (coronel do Exército); 
  6. Marcelo Araújo Bormevet (policial federal);
  7. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal).

Provas apresentadas

Alexandre de Moraes em sessão no STF com demais ministros em voto sobre núcleo da fake news na trama golpista
Legenda: Alexandre de Moraes votou sobre núcleo da fake news na trama golpista
Foto: Rosinei Coutinho/STF

Prints de redes sociais também foram apresentados pelo ministro relator para demonstrar a coordenação de atos praticados pelos réus e a disseminação de ataques contra o processo eleitoral, instituições e autoridades contrárias ao grupo criminoso. 

As condenações tiveram como base também o testemunho do tenente-coronel Mauro Cid, réu colaborador que forneceu à Polícia Federal detalhes sobre a trama golpista e a participação de cada envolvido no complô.

“Não há nenhuma dúvida, as provas são fartas”, afirmou o ministro. Moraes citou ainda provas como uma minuta de decreto golpista, que é mencionada em conversas entre os integrantes desse núcleo de desinformação, além de ações e planejamentos para o golpe, como a operação Copa 2022 e o plano Punhal Verde Amarelo. 

Qual a denúncia contra o grupo?

Conforme a acusação, integrantes do Núcleo 4 montaram uma espécie de "Abin paralela", que utilizava a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar adversários do grupo criminoso e produzir informações falsas que pudessem ser exploradas por outros integrantes da organização criminosa. 

Outro ponto central da denúncia diz respeito a uma campanha de difamação e ataques virtuais contra os comandantes do Exército e da Aeronáutica em 2022, com o objetivo de pressioná-los a aderir aos planos golpistas. 

Integrantes do Núcleo 4 também foram acusados de produzir e divulgar um relatório com informações falsas com supostas falhas em urnas eletrônicas. O documento serviu como base de uma ação eleitoral aberta pelo PL, partido de Bolsonaro, questionando o resultado das eleições de 2022. “Uma das coisas mais bizarras que a Justiça Eleitoral já recebeu”, comentou Moraes. 

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