Legislativo Judiciário Executivo

Moraes e Zanin votam por condenar os sete réus do Núcleo 4 da trama golpista

Grupo era responsável disseminar ataques ao processo eleitoral

Para Alexandre de Moraes, provas confirmam que grupo desempenhou ações essenciais para articular tentativa de golpe
Legenda: Para Alexandre de Moraes, provas confirmam que grupo desempenhou ações essenciais para articular tentativa de golpe
Foto: Rosinei Coutinho/STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou pela condenação dos sete réus — nesta terça-feira (21) — que compõem o núcleo de desinformação da trama golpista que buscou manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após derrota nas eleições de 2022.

O voto de Moraes foi acompanhado na íntegra pelo ministro Cristiano Zanin. O julgamento do Núcleo 4 iniciou na semana passada, quando Moraes leu o relatório detalhando a tramitação do caso e se manifestaram o procurador-geral da República, Paulo Gonet, além dos advogados dos réus. 

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Por ser o relator, Moraes votou primeiro, seguido por Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino, que é presidente da Primeira Turma e conduz os trabalhos. 

Fazem parte deste Núcleo 4: 

  • Ailton Gonçalves Moraes Barros (major da reserva do Exército)
  • Ângelo Martins Denicoli (major da reserva do Exército)
  • Giancarlo Gomes Rodrigues (subtenente do Exército)
  • Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel do Exército)
  • Reginaldo Vieira de Abreu (coronel do Exército)
  • Marcelo Araújo Bormevet (policial federal)
  • Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal)

Relator do caso, Moraes levou pouco mais de duas horas e meia para ler o próprio voto, no qual repetiu diversas vezes “ter ficado fartamente comprovada” a existência de uma organização criminosa que, em divisão de tarefas, praticou crimes com o objetivo de romper com o Estado Democrático de Direito. 

Ao votar, o ministro mencionou os réus do Núcleo 4, um por um, individualizando quais teriam sido os atos ilegais praticados e as provas que embasaram cada condenação, expondo sobretudo mensagens escritas e em áudio retirados dos aparelhos dos réus, além de outros tipos de registros. 

Provas apresentadas

Alexandre de Moraes em sessão no STF com demais ministros em voto sobre núcleo da fake news na trama golpista
Legenda: Alexandre de Moraes votou sobre núcleo da fake news na trama golpista
Foto: Rosinei Coutinho/STF

Prints de redes sociais também foram apresentados pelo ministro relator para demonstrar a coordenação de atos praticados pelos réus e a disseminação de ataques contra o processo eleitoral, instituições e autoridades contrárias ao grupo criminoso. 

As condenações tiveram como base também o testemunho do tenente-coronel Mauro Cid, réu colaborador que forneceu à Polícia Federal detalhes sobre a trama golpista e a participação de cada envolvido no complô.

“Não há nenhuma dúvida, as provas são fartas”, afirmou o ministro. Moraes citou ainda provas como uma minuta de decreto golpista, que é mencionada em conversas entre os integrantes desse núcleo de desinformação, além de ações e planejamentos para o golpe, como a operação Copa 2022 e o plano Punhal Verde Amarelo. 

Qual a denúncia contra o grupo?

Conforme a acusação, integrantes do Núcleo 4 montaram uma espécie de "Abin paralela", que utilizava a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar adversários do grupo criminoso e produzir informações falsas que pudessem ser exploradas por outros integrantes da organização criminosa. 

Outro ponto central da denúncia diz respeito a uma campanha de difamação e ataques virtuais contra os comandantes do Exército e da Aeronáutica em 2022, com o objetivo de pressioná-los a aderir aos planos golpistas. 

Integrantes do Núcleo 4 também foram acusados de produzir e divulgar um relatório com informações falsas com supostas falhas em urnas eletrônicas. O documento serviu como base de uma ação eleitoral aberta pelo PL, partido de Bolsonaro, questionando o resultado das eleições de 2022. “Uma das coisas mais bizarras que a Justiça Eleitoral já recebeu”, comentou Moraes. 

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