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Após filiação de Ciro ao PSDB, base governista reage com publicações em apoio a Elmano, Cid e Camilo

Grupo utilizou ‘tbt’ nas redes sociais para resgatar fotos ao lado dos líderes cearenses.

Escrito por
Marcos Moreira marcos.moreira@svm.com.br
Foto mostra Elmano de Freitas, Camilo Santana, Jade Romero e Cid Gomes durante ato de campanha
Legenda: Base governista saiu em defesa de Elmano, Camilo e Cid após ataques de Ciro
Foto: Kid Jr.

Políticos da base governista reforçaram o apoio ao governador Elmano de Freitas (PT), ao senador Cid Gomes (PSB) e ao ministro Camilo Santana (PT), a partir da publicação de fotos ao lado dos líderes nas redes sociais, entre quarta (22) e sexta-feira (24). A reação ocorreu após o evento de filiação de Ciro Gomes ao PSDB, no qual o ex-ministro proferiu ataques ao trio. 

Mais de 10 aliados do Governo, entre deputados estaduais e prefeitos do Ceará, defenderam o projeto liderado por Elmano, Cid e Camilo no Estado. A maioria dos políticos aproveitou o chamado “#tbt” da quinta-feira — expressão do inglês "Throwback Thursday” ou “quinta do retorno/regresso” — para resgatar fotos antigas com os três.  

Dos membros do PSB do Ceará, partido o qual Cid é vice-presidente, fizeram postagens do tipo os deputados estaduais Romeu Aldigueri (PSB) — presidente da Alece —; Guilherme Bismarck (PSB); Guilherme Landim (PSB); Eduardo Bismarck (PSB); Salmito Filho (PSB); e Tin Gomes (PSB); além do secretário de Turismo do Estado, Eduardo Bismarck (PSB), que é deputado federal licenciado; e Osmar Baquit (PSB), deputado estadual licenciado e atual coordenador de Apoio à Governança das Regionais de Fortaleza.

A reação governista foi reforçada pelos deputados estaduais Bruno Pedrosa (PT); Júlio César Filho (PT); Juliana Lucena (PT); e De Assis Diniz (PT) — os dois últimos sem foto com Cid —, além de Leonardo Pinheiro (PP), que deve se filiar ao PT. 

A vice-governadora Jade Romero (MDB) foi outra liderança a reforçar a série de publicações, com uma foto ao lado do presidente Lula (PT), Elmano e Camilo. A movimentação também envolveu prefeitos do Interior do Ceará, como André Barreto (PT), do Crato; Marcelo Teles (PT), de São Gonçalo do Amarante; e Felipe Pinheiro (PT), de Itapipoca. 

A reação nas redes sociais foi iniciada pelo chefe da Casa Civil do Ceará, Chagas Vieira, no dia da filiação de Ciro. O gestor publicou uma foto que também inclui o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT). “Como é bom fazer parte do projeto que tem as maiores lideranças do Ceará lutando, juntas, por um estado cada vez mais forte”, pontuou.

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ALIANÇA PARA 2026

Professora da Universidade de Fortaleza (Unifor) e doutora em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Mariana Dionísio de Andrade analisa que essa “reação imediata” da base governista sinaliza tanto a demarcação de território político quanto um movimento estratégico para demonstrar coesão interna do grupo e antecipar possíveis especulações sobre a continuidade desse projeto.

“Essa movimentação tenta evitar que o gesto de Ciro Gomes seja interpretado como um ponto de virada ou como sinal de fragilidade do governo estadual”, pontua Dionísio. “Se por um lado Ciro representa hoje a ruptura, Cid Gomes encarna a continuidade e a legitimidade do projeto político que governa o Ceará há quase duas décadas”, acrescentou. 

Ainda em relação a Cid, a pesquisadora entende que a imagem do grupo mantém forte apelo entre prefeitos, lideranças locais e segmentos do eleitorado que associam os avanços administrativos do Estado ao ciclo político petista. 

“Quando Cid Gomes aparece, se torna um contraponto direto ao gesto de Ciro. O recado que fica é claro e intencional: se o irmão mais velho tenta reconstruir um espaço na oposição, Cid se apresenta como o herdeiro legítimo da tradição política dos Ferreira Gomes, agora integrada ao arco lulista. Em outras palavras, é como se dissesse: ‘O verdadeiro legado está conosco’”
Mariana Dionísio de Andrade
Professora da Unifor e doutora em Ciência Política pela UFPE

Já o professor de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Emanuel Freitas, ressalta que a reação ocorre em um cenário que Cid Gomes vinha defendendo que Ciro deveria se dedicar à disputa nacional, não como candidato ao Palácio da Abolição, o que seria um "terrível constrangimento", segundo o próprio senador.

Por isso, a foto com Cid, Camilo, Elmano, Evandro e Chagas tem, na avaliação do pesquisador, o peso de reforçar uma aliança que está em curso e deve seguir em 2026, pelo menos até aqui.

“Aquela imagem é um recado primeiro para o Cid, para dizer que aquele é o lugar dele, ali estão as grandes lideranças do Estado e é ali que o Cid estava no momento da foto, deverá estar no ano que vem e, ao mesmo tempo, também penso que é um recado para fora. Assim: ‘o Cid Gomes está aqui conosco, ele não estará em outro lugar’”
Emanuel Freitas
Professor de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece)

FILIAÇÃO NO CENTRO DO DEBATE

Ciro Gomes durante evento de filiação ao PSDB
Legenda: Ciro Gomes durante evento de filiação ao PSDB
Foto: Thiago Gadelha/SVM

Ciro Gomes oficializou a filiação ao PSDB na quarta-feira (22), em um hotel de Fortaleza, ao lado de lideranças como o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB), o presidente do PL Ceará, André Fernandes, e o presidente do União Brasil Ceará, Capitão Wagner. No encontro, o político defendeu o nome do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (Sem partido), para ser candidato ao Governo do Ceará em 2026, mesmo não descartando ser o nome da oposição para o cargo. 

"Se o juízo mandasse em mim, eu não seria mais candidato a nada, depois da amargura que sofri pelas traições, pela ingratidão que eu nunca esperava. Tirei um terceiro lugar feio em Sobral, doeu pra caramba, mas o juízo é pouco aqui, quem manda aqui é o coração, então vou dizer aquilo que vocês talvez esperem ver: vamos trabalhar, vamos organizar, vamos preparar um projeto de futuro, eu vou cumprir a minha obrigação"
Ciro Gomes
Ex-ministro e ex-governador do Ceará

A filiação de Ciro ao PSDB repercutiu, inclusive, na Assembleia Legislativa do Ceará. Na quinta-feira (23), a sessão registrou uma série de críticas e defesas ao ex-ministro que, durante evento no dia anterior, também discursou com uma série de ataques a lideranças do Governo.

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Em dado momento, os trabalhos no Plenário 13 de Maio precisaram ser suspensos por alguns minutos, pouco após o início dos trabalhos, diante de um bate-boca entre parlamentares da base governista e os da oposição que foram ao evento de Ciro. 

Questionado se o debate de 2026 tinha sido antecipado na Casa a partir da ida de Ciro ao PSDB, o presidente Romeu Aldigueri defendeu que o caso é “normal do processo democrático”. “Um time com Cid, Camilo, Elmano, Lula, com a grande maioria dos prefeitos e com a entrega positiva que tem, Elmano é a tendência natural, com todo respeito à oposição, porventura, quem seja o candidato do outro lado, Elmano tem grande chance de ser reeleito no primeiro turno”, pontuou. 

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