Legislativo Judiciário Executivo

Advogado de Bolsonaro é condenado por injúria racial em Brasília

Frederick Wassef cumprirá pena de um ano e nove meses em regime aberto. Cabe recurso.

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Redação producaodiario@svm.com.br
Homem branco de cabelos pretos vestindo um terno preto e branco. Ele está em pé, com um papel em mãos, cercado por microfones. Atrás, há o símbolo e os dizeres da Polícia Federal, junto à entrada do estabelecimento, em arquitetura preta.
Legenda: O réu também deve pagar R$ 6 mil de indenização por danos morais à vítima.
Foto: Fabio Motta/AFP.

Frederick Wassef, um dos advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi condenado a um ano e nove meses de detenção, em regime aberto, pelo crime de injúria racial. A decisão foi tomada pela 3ª Vara Criminal de Brasília nessa quarta-feira (17).

Além dos 21 meses da condenação, que devem ser convertidos em penas alternativas, o réu deve pagar uma indenização de R$ 6 mil por danos morais à vítima.

Ele foi condenado porque teria chamado a atendente de uma pizzaria de Brasília de "macaca", além de tê-la tratado com tom de superioridade e desprezo, afirmando que, de onde ela vinha, "serviçais não falavam com clientes".

O caso ocorreu em novembro de 2020, após o advogado ter reclamado do sabor da comida, e foi denunciado pelo Ministério Público.

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O juiz Omar Dantas Lima decidiu por condená-lo pelo crime de injúria racial. Na decisão, ele afirmou que "a expressão macaca, tão bem retratada na prova oral, carrega intenso desprezo e escárnio. A palavra proferida é suficiente para retratar a intenção lesiva".

Julgado em primeira instância, o advogado ainda pode entrar com recurso.

Entenda o caso

Um mês antes do ocorrido, em outubro de 2020, Wassef teria destratado a mesma atendente durante outra ida à pizzaria. O processo aponta que ele jogou uma caixa de pizza no chão e a mandou recolher, além de ter se recusado a ser atendido por ela. "Você é negra e tem cara de sonsa e não vai saber anotar meu pedido", disse.

O advogado retornou ao ambiente, em novembro do mesmo ano, quando cometeu o ato que o levou à condenação.

Na denúncia, foi afirmado que "após ser atendido e concluir a refeição, o denunciado dirigiu-se ao caixa e disse para a vítima que a pizza estava uma merda, tendo ela dito que apenas ele teria reclamado. O denunciado retrucou, ofendendo a vítima com termos preconceituosos”.

Durante todo o processo, a defesa do réu negou as acusações. O argumento principal girou em torno da falta de gravações que comprovassem tal crime, pois o recurso de gravação de áudio do estabelecimento não estava funcionando. Câmeras de locais externos registraram o momento em que o advogado deixou a pizzaria às pressas.

Frederick Wassef é um dos advogados de Bolsonaro, condenado por tentativa de golpe de Estado em setembro deste ano. Ele também é dono de um imóvel em Atibaia, em São Paulo, onde o ex-assessor Fabrício Queiroz, preso por suspeita de participação em um esquema de rachadinha, estava escondido.

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