Cid diz que 'vai ser um terrível constrangimento' se Ciro Gomes for candidato a governador do Ceará
Senador afirma que não subirá no mesmo palanque do irmão
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O senador Cid Gomes (PSB) afirmou que uma eventual candidatura do irmão e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) ao Governo do Ceará será "uma situação absolutamente constrangedora". "Será talvez o maior constrangimento da minha vida", reforçou Cid, nesta sexta-feira (23), em entrevista à rádio sobralense A Voz.
O senador disse que "torce" para que Ciro Gomes seja novamente candidato à presidência da República e que chegou a reforçar isso para o irmão em um encontro dos dois "há uns dois meses". Essa é a primeira confirmação de encontro entre os dois desde o rompimento político em 2022.
"Tenho absolutamente afinidade com ele na questão nacional, mas, na estadual, discordo profundamente do rumo que tem tomado, de se aliar com o que tem de mais atrasado na política no Ceará. O fim não justifica os meios".
O senador reforçou ainda que "jamais se aliará ao PL", que é um dos partidos que pode integrar a aliança da oposição ao Governo Elmano de Freitas (PT). "Eu não consigo me enxergar ao lado dessas pessoas", disse, citando nomes como o do deputado federal André Fernandes (PL) e do deputado estadual e presidente do PL Ceará, Carmelo Neto. "Eu não estarei nesse palanque", disse.
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Em café da manhã com deputados estaduais oposicionistas, Ciro Gomes chegou a dizer que "quer votar" no deputado estadual Alcides Fernandes (PL) para o Senado Federal. O parlamentar é pai do deputado federal André Fernandes e foi lançado pré-candidato ao Senado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Na última segunda-feira (19), foi a vez de André Fernandes elogiar o ex-ministro, a quem chamou de "uma pessoa preparada e inteligente e que tem coragem também para enfrentar o Elmano".
'Torcida' por candidatura à presidência
Cid Gomes reforçou ainda que acredita que "o projeto" de Ciro é conseguir fortalecer a candidatura do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT) para o Governo do Ceará. Na última entrevista concedida por Ciro, ele defendeu a candidatura do ex-prefeito de Fortaleza e negou que seria candidato a qualquer cargo novamente.
A possibilidade de candidatura ao Palácio da Abolição foi admitida por Ciro apenas na reunião fechada com os deputados estaduais oposicionistas. Os parlamentares que participaram da reunião disseram, no entanto, que o ex-ministro prefere uma candidatura de RC.
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"Torço para que o Ciro cumpra a tarefa dele que é atuar na esfera nacional", pontuou Cid Gomes nesta sexta-feira. "E disse pra ele: essa é a melhor oportunidade para ser candidato à presidência", pontuou.
O senador afirmou que encontrou com o irmão duas vezes recentemente, a última sendo "há uns dois meses". "O Ciro consegue associar as duas coisas: excelente orador e é um gestor também. Ele sendo candidato teria mais oportunidade. Para ganhar, pouco provável, mas pra ser uma pessoa fundamental. Mas aí é pra atuar no segundo turno, não é pra ir embora pra França, não", disse.
'Me escondi na Meruoca'
Ao falar do "terrível constrangimento" que uma candidatura de Ciro Gomes ao Governo do Ceará pode causar, Cid relembrou outro momento também considerado 'constrangedor' por ele: o rompimento político com o irmão em 2022, por conta da disputa pelo Palácio da Abolição.
Na época, Ciro defendeu o nome de Roberto Cláudio como candidato do PDT, em disputa interna com a então governadora Izolda Cela (hoje no PSB). "Eu discordei da posição que Ciro liderou em 2022. Fiquei em um dilema: rompo ou me afasto da política? E tomei essa decisão, que foi muito dolorosa, porque eu respiro, gosto e me sinto na obrigação de militar", disse.
"Mas me submeti a isso, me afastei, me escondi na Meruoca. Passei lá dias terríveis, sofrimento pessoal em nome de não brigar com Ciro".
Ele disse que, passada a eleição de 2022, ele pensou que as lideranças do PDT, citando não apenas Ciro, mas Roberto Cláudio, o ex-prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), e André Figueiredo, presidente do PDT Ceará, fossem ter um "gesto de humildade". "Ficaram mais agressivos comigo, (...) passaram a me chamar de traidor", relembrou. Ele pontua, no entanto, que não houve 'traição'.
"Eu podia ter militado pela Izolda. Você acha que, se eu tivesse militado no partido, ela não tinha saído (candidata)? Ela perdeu (na votação do diretório estadual) por cinco, seis votos. Você acha que eu não tinha 5 ou 6 pessoas no partido? Eu não falei com ninguém, me afastei em respeito ao Ciro", reforçou.
Ainda relembrando a eleição de 2022, ele disse que avisou "aos dois lados" que não entraria na campanha. "Estive com o Camilo (Santana, ministro da Educação), tive com o Ciro, tive com o Roberto. A todos, eu disse que não entraria. Fui sincero, fui franco, sempre dando a minha opinião", detalha.
Sem entendimento após as eleições, ele decidiu deixar o PDT "com muito pesar". Hoje, no PSB disse que a "maior preocupação é o partido" e reforçou: "O nosso aliado preferencial é o PT". "Com muitas queixas, com reclamações e eu faço isso publica e privadamente. Nunca procurei fazer hegemonia no estado do Ceará e não vejo isso por parte do PT, e reclamo. Mas entre o PT e ao PL, mil vezes o PT", finalizou.