Saiba quando a população de Fortaleza estará com pleno acesso ao 5G
Serviço começou a funcionar em 48 bairros da Capital, mas não chega a populações mais pobres
O 5G começou a operar nesta segunda-feira (5) em Fortaleza, mas chegou para poucos. Os relatos eram de desconhecimento do serviço e da impossibilidade de utilizá-lo pela baixa abrangência territorial, falta de aparelho compatível ou ambos. A situação evidencia a necessidade de ampliar o acesso à internet nas periferias para evitar o agravamento das desigualdades sociais, além das áreas rurais.
Mas, afinal, quando a população cearense terá pleno acesso à quinta geração de telefonia móvel e de internet? A reposta dependerá de diversos fatores, mas já é possível estimar que ocorrerá em, pelo menos, sete anos.
As empresas vencedoras dos blocos nacionais do leilão do 5G no Brasil (Claro, Tim e Vivo) têm até 2029 para atender 100% dos municípios com 30 mil ou mais habitantes (no mínimo 1 antena para cada 15 mil), conforme estipulado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Segundo o órgão, em Fortaleza, as operadoras também precisam ter, no mínimo, 102 estações de 5G ativadas até 28 de novembro deste ano.
Nesse contexto, para a população de faixas de rendas mais baixas usufruir do serviço, serão fundamentais os investimentos em infraestrutura dos setores públicos e privados, além de políticas públicas.
Outra barreira é a dificuldade de acesso ao aparelho habilitado para usufruir da internet mais veloz. Atualmente, esses celulares têm valores a partir de R$ 2 mil.
Fortaleza está perto da cobertura total?
Segundo a Anatel, atualmente, a obrigação das capitais é de uma antena para cada 100 mil habitantes. Somente em julho de 2023, passará a ser para cada 50 mil.
Em julho de 2024, contudo, será uma antena para cada 30 mil pessoas. Finalmente, em julho de 2025, todas as capitais deverão ter um equipamento para cada 10 mil habitantes.
Nesse contexto, o professor do Departamento de Telemática, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Edson Almeida, calcula serem necessárias mais de 2 mil antenas para atingir a cobertura total em Fortaleza.
“Não temos a informação de quantas existem, mas, na minha avaliação técnica, num cenário otimista, deve-se ter, no máximo, um grupo de sete células por bairro”, explica.
Neste panorama hipotético, hoje teríamos 336 antenas no total de 48 bairros com o serviço disponível. Edson explica que o custo médio do equipamento é caro, chegando a R$ 1,4 milhão por cada estrutura.
“No caso do 3G para o 4G não houve esse grande investimento porque eram internets muito próximas uma da outra. Foi mais fácil por ser a melhoria de um legado, mas o 5G difere, porque rompe tudo que já existia para colocar uma nova estrutura”, esclarece.
O professor pondera que, além dos investimentos, também precisará de instalação em locais de maior circulação, como shoppings, grandes prédios, estacionamentos. Portanto, haverá um processo de negociação da locação desses espaços que pode ampliar o tempo para a efetivação.
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Quantas antenas as operadoras já instalaram em Fortaleza?
Sobre a meta estipulada pela Anatel, a Tim afirma já ter superado o quantitativo de uma antena para 100 mil habitantes. Segundo a operadora, há mais de 60 equipamentos de 5G prontos para ativação em Fortaleza.
"O número de novas estações pode ser acelerado mediante o crescimento do uso da nova tecnologia. Hoje já chegamos a ter 10% de uso da rede por 5G em capitais onde já houve a ativação do sinal", afirmou.
A empresa garante que segue os cronogramas da Anatel, mas "trabalha para antecipar os prazos e metas, alcançando o mais breve possível todos os bairros da capital nos próximos meses".
A Claro afirmou contar com cinco sites ativados até o momento em Fortaleza, nas regiões de Aldeota e Meireles, e seguirá ativando à medida que for autorizado.
O Diário do Nordeste também pediu detalhes à Vivo e aguarda resposta.
Poluição visual precisa ser pensada; antenas podem ser camufladas
O professor Edson Almeida, do Departamento de Telemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), alerta que a necessidade de distribuição de antenas vai gerar poluição visual.
A população vai percebê-las mais baixas, em postes, áreas residencias e prédios não tão altos. A vantagem é que não são tão grandes, mas a nossa preocupação é em locais públicos, como parques"
"Sugerimos que seja feito como ocorre em países com esse cuidado: instalar antenas camufladas, por exemplo, em formatos de árvores de fibras”, diz. Segundo o especialista, o modelo já é utilizado na Alemanha e Austrália. Aqui em Fortaleza, poderia de adaptado para a Avenida Beira-Mar.
Veja os prazos da Anatel:
Cronograma de atendimento aos municípios com população igual ou superior a 30 mil habitantes (1.174 municípios):
- Até 31/07/2022: atender as capitais dos estados e o Distrito Federal (no mínimo 1 antena para cada 100 mil habitantes);
- Até 31/07/2023: ampliar a quantidade de antenas nas capitais dos estados e no Distrito Federal (no mínimo 1 antena para cada 50 mil habitantes);
- Até 31/07/2024: ampliar a quantidade de antenas nas capitais dos estados e no Distrito Federal (no mínimo 1 antena para cada 30 mil habitantes);
- Até 31/07/2025: ampliar a quantidade de antenas nas capitais dos estados e no Distrito Federal e atender os municípios com população igual ou superior a 500 mil habitantes (no mínimo 1 antena para cada 10 mil habitantes);
- Até 31/07/2026: atender os municípios com população igual ou superior a 200 mil habitantes (no mínimo 1 antena para cada 15 mil habitantes);
- Até 31/07/2027: atender os municípios com população igual ou superior a 100 mil habitantes (no mínimo 1 antena para cada 15 mil habitantes);
- Até 31/07/2028: atender 50% dos municípios com população igual ou superior a 30 mil habitantes (no mínimo 1 antena para cada 15 mil habitantes);
- Até 31/07/2029: atender 100% dos municípios com população igual ou superior a 30 mil habitantes (no mínimo 1 antena para cada 15 mil habitantes);
Cronograma de atendimento aos municípios com população inferior a 30 mil habitantes (4.396 municípios):
- Até 31/12/2026: atender pelo menos 30% dos municípios com população inferior a 30 mil habitantes;
- Até 31/12/2027: atender pelo menos 60% dos municípios com população inferior a 30 mil habitantes;
- Até 31/12/2028: atender pelo menos 90% dos municípios com população inferior a 30 mil habitantes;
- Até 31/12/2029: atender 100% dos municípios com população inferior a 30 mil habitantes;