Transnordestina deve transportar lítio produzido no Ceará; mineral será exportado para China e Índia

Devem ser transportados pela ferrovia 150 mil toneladas do minério para o Porto do Pecém. Metal será exportado para Ásia, Europa e América do Norte

Legenda: Hoje, a DCL Minerais conta com 52 áreas de prospecção no Ceará e está em busca da Guia de Utilização de 10 delas junto à Agência Nacional de Mineração
Foto: Arquivo pessoal/DCL Minerais

Em 2027, quando se espera que a Transnordestina comece a operar, deverão ser transportados pela ferrovia cerca de 150 mil toneladas mensais de lítio produzidos pela DCL Minerais a partir de Quixadá rumo ao Porto do Pecém. Do porto, o metal alcalino sairá rumo a países como China, Alemanha, Canadá, Arábia Saudita e Índia.

O mineral é essencial para a produção de baterias como as utilizadas em smartphones, computadores e veículos elétricos, além de possuir aplicações na indústria aeroespacial e farmacêutica.

No fim de setembro deste ano, foi firmado um pré-contrato entre a empresa DCL Minerais e a Transnordestina Logística S/A (TLSA) para transporte do lítio. Para a produção das 150 mil toneladas mensais, totalmente destinadas ao mercado externo, será construído pela DCL um galpão para britagem e estoque na cidade do interior cearense.

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"Nós vamos fornecer o lítio a granel e em bags (sacolões de mil quilos). O galpão está com orçamento feito, no início de dezembro será feita uma sondagem da área e, em janeiro, começamos a limpeza do local", explica Daniel Correa, proprietário da empresa. O espaço demandará investimento de cerca de R$ 25 milhões.

O galpão de britagem e estoque terá uma área onde será feita a flotação, processo que, conforme explica Daniel, beneficia os minerais para a obtenção do lítio. A usina de flotação processará os minerais ambligonita, spodumenio e lepidolita até chegar no mineral final.

Nessa base, de acordo com Daniel, será feita ainda uma estrada que ligará o local a um terminal de cargas do qual a DCL é detentora em parceria com a Transnordestina.

O espaço compreenderá uma área de 350 mil metros quadrados. "A construção levará de três a cinco meses e serão empregadas diretamente 50 pessoas, além da geração de 150 empregos indiretos", explica Daniel. Quando estiver funcionando, serão entre 80 e 100 trabalhadores atuando no local.

A coluna procurou a TLSA para detalhar a parceria, mas não teve retorno até a publicação. O espaço segue aberto.

Transporte

Hoje, a DCL já conta com uma liberação para a comercialização de lítio e tramita na Agência Nacional de Mineração (ANM) a autorização para as 150 mil toneladas/mês. "Nós vamos tirar a Guia de Utilização (junto à Agência Nacional de Mineração) de 10 áreas". A Guia de Utilização emitida pela ANM se trata de uma licença para comercialização do bem mineral.

A empresa já produz cerca de 1.500 toneladas e, em janeiro, deve fazer o primeiro embarque saindo do Pecém, de acordo com Daniel, para Hong Kong. O transporte até o porto será feito por carretas. "Nós temos 9 contratos com multinacionais".

Legenda: Daniel Correa mostra britador, que possui capacidade para processar 500 toneladas de lítio por hora
Foto: Arquivo pessoal

A produção de 150 mil toneladas será possível antes mesmo de a Transnordestina começar a operar. Assim, até a ferrovia ficar pronta, a produção também chegará ao Pecém por meio das rodovias. "Serão 111 viagens/dia com as carretas", afirma Daniel.

Produção de lítio no Ceará

Tomás Figueiredo, advogado especialista em Mineração e ex-diretor da Agência Nacional de Mineração, explica que há várias empresas no Ceará com a possibilidade de produzir lítio, mas em pequenas quantidades, de forma experimental. "Algumas delas estão realizando estudos de prospecção, a fim de definir sua reserva e só então se organizar para a produção".

Ele detalha que o Ceará é uma das três principais províncias de lítio no Brasil. "É difícil precisar o potencial (do Estado), pois é necessário um aprofundamento dos estudos geológicos e um melhoramento da escala nos mapas geológicos existentes".

Legenda: Hoje, a DCL conta com a liberação da primeira área para extração de lítio e tramita na Agência Nacional de Mineração (ANM) a autorização para a produção das 150 mil toneladas/mês, segundo Daniel Correa
Foto: Arquivo pessoal

“Pela pujança do que vem sendo desenvolvido no norte de Minas Gerais, é possível ter ideia do potencial que temos aqui (no Ceará)”, avalia Figueiredo. Atualmente, Minas Gerais possui a mais “conhecida e desenvolvida” extração e produção de lítio no País.

A DCL Minerais, empresa mineira, possui áreas de extração em Minas Gerais, além de Pará e Bahia.

No Ceará, de acordo com Daniel Correa, são 52 áreas, das quais em 10 a DCL busca a obtenção da Guia de Utilização. “Na semana passada compramos 27 áreas, estamos ajustando os contratos”. Todas elas “ficam em um raio de até 100km de distância de Quixadá”.

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