Casa dos Ventos estuda investimento milionário em hub de aço verde no Pecém
Ceará disputa com Maranhão projeto que tem investimento estimado em centenas de milhões de dólares
A Casa dos Ventos está entrando na corrida para a criação de um hub de aço verde. A previsão de centenas de milhões de dólares em investimentos está sendo disputada entre os portos de Itaqui, no Maranhão, e Pecém, no Ceará, sendo que o último tem algumas vantagens. A intenção é produzir e exportar HBI (Hot Briquetted Iron, em inglês), material obtido através da redução do minério de ferro, nesta versão será feito com hidrogênio verde (H2V).
Esse pode ser um novo mercado para a energia renovável e verde do Brasil: a produção de aço “fossil-free”, sendo que o HBI tem como vantagens ser mais fácil de manuseio, armazenamento e transporte. Assim, esse é um dos possíveis vetores de desenvolvimento da tecnologia de hidrogênio líquido.
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Segundo o executivo de Novos Negócios da companhia cearense, José Augusto Gomes Campos, essas duas possibilidades são o resultado do estudo de competitividade realizado pela empresa com diversos players dos setores de mineração e siderurgia.
“Realizamos esse estudo para identificar a melhor condição desse negócio. Estamos desenvolvendo as alternativas e deixando as possibilidades abertas”.
As informações foram obtidas com exclusividade pelo Diário do Nordeste no evento Energy & Decarbonization. A iniciativa, na sua primeira edição, foi organizada pela Casa dos Ventos para 60 representantes de novos ou já consolidados clientes e parceiros, em um resort de luxo na praia do Cumbuco, região metropolitana de Fortaleza.
Campos explica que independente de ocorrer em um destes dois portos, ou ainda de um terceiro que poderá aparecer como alternativa de negócio, “o importante é que o projeto tenha competitividade e tenha identificados o mercado, o potencial comprador do produto final e todos os acordos sejam fechados dentro de um ambiente controlado, em que todas as pontas (do negócio) estejam fechadas”.
O executivo reforça que não é possível fazer um investimento dessa envergadura, deixando “uma das pontas desamarrada”. Ele dá como exemplos necessários ter comprador final, fornecedor do minério de ferro e logística.
"Estamos trabalhando para fechar todas as pontas, negociando para ter o projeto consolidado. Agora, estamos ainda (na fase de) se buscar esses parceiros. Estamos trabalhando com vários deles, mas, infelizmente, por questões de confidencialidade, ainda não podemos abrir".
Diferenciais do Pecém
Sobre os motivos pelos quais o porto do Ceará está na mira da Casa dos Ventos, Campos revela alguns dos diferenciais, como ter a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) que traz competitividade do ponto de vista tributário. “Isso evita que se exporte o imposto, por exemplo. Assim, ter uma ZPE já constituída e com incentivos claros, bem desenhados, vem ao encontro do que falamos da necessidade de ter segurança jurídica para os investimentos e, no Porto do Pecém, a gente encontra”.
Além disso, o fato da empresa já ter um relacionamento estabelecido com o Pecém, com espaço físico incluído, para o projeto de amônia verde, também pode ser um facilitador para uma eventual instalação do projeto de hub do aço verde, além de já ter toda a infraestrutura portuária já existente.
Tem muitos projetos no mundo em que uma parte relevante do investimento é a infraestrutura portuária que ainda precisa ser construída e isso aqui no Pecém já existe, está construído e consolidado"
"E aqui ainda tem a questão da localização, de estar no Nordeste com uma condição única de produção de energia renovável, porém ainda tem desafios na logística do minério que vai ser a matéria-prima com a produção do HBI", acrescenta.
Já o Porto de Itaqui tem como vantagem a proximidade da operação de exportação da empresa Vale, mas, segundo o estudo da Casa dos Ventos, teria limitações de infraestrutura.