Na Ibiapaba, em vez de um açude grande, cinco pequenos
Proposta foi apresentada à diretora de Irrigação do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, que a levará para análise do governo federal

Trinta e três empresários da indústria e da agropecuária do Ceará reuniram-se ontem com Larissa Rego, diretora do Departamento de Irrigação do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), que, durante um par de horas e em respeitoso silêncio e absoluta atenção, a ouviram falar sobre o tema – a irrigação.
Ela começou transmitindo uma informação importante: hoje, ela se reunirá, em Brasília, com técnicos do ministério de Minas e Energia para tratar sobre o abastecimento de energia elétrica dos perímetros irrigados no país, incluídos os cearenses, como Varjota, Baixo Acaraú, Tabuleiros de Russas e Jaguaribe-Apodi.
Depois, Larissa Rego comentou sobre a Lei Nacional de Irrigação, aprovada e sancionada em 2013, mas até agora aguardando sua regulamentação, tarefa que cabe ao Congresso Nacional. Ela disse que o MIDR quer expandir os Polos de Agricultura Irriga do país, que hoje são 17, e citou o da Ibiapaba, recentemente criado, como um bom exemplo dessa expansão. Anunciou, também, que, muito brevemente, será criado o Perímetro Irrigado do Cariri, no Sul cearense, para o que segue contando com o apoio da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), com cujo presidente Amílcar Silveira tem mantido permanente contato.
Ela revelou que, graças à evolução de sua agropecuária, “o Brasil garantirá alimento para 60% da população mundial”.
Um dos empresários presentes levantou uma questão relativa à Chapada da Ibiapaba, que hoje enfrenta um sério problema, que é a situação da barragem do Jaburu, cujas fundações sofrem, por causa do solo da região, infiltrações que reduzem a sua capacidade do represamento.
O mesmo empresário disse, ainda, que “toda a chuva que cai na Ibiapaba escorre, naturalmente, por gravidade, para o a geografia do Piauí, que tem dois rios perenes – o Parnaíba e o Poti, sendo que este nasce em terras cearenses e, aproveitando-se do relevo, corre em direção ao território piauiense, onde, em Teresina, se encontra com o outro, cuja foz, três centenas e meia de quilômetros adiante, é um dos mais belos espetáculos da natureza – o Delta do Parnaíba.
Outro empresário lembrou à diretora de Irrigação do MIDR que o governo do Ceará já tem – pronto para ser licitado – o projeto de construção do açude Lontras, com capacidade para 420 milhões metros cúbicos de água, volume que será suficiente para garantir não só o abastecimento das populações das cidades ibiapabanas de Viçosa do Ceará, Tianguá, Ubajara, Ibiapina, São Benedito, Carnaubal, Croatá, Guaraciaba do Norte e Ipu, mas também suas atividades econômicas, incluindo, destacadamente, a irrigação.
Deve ser Vale lembrado o seguinte: faz 100 anos que a população de Ipueiras, em cuja geografia o Lontras será construído, sonha com esse projeto. O governador Elmano de Freitas está empenhado em obter dos deputados e senadores cearenses as emendas necessárias, no Orçamento da União, que garantam os R$ 700 milhões que a construção do Lontras consumirá.
Há outro problema em relação ao Lontras: ele será construído no sopé da serra da Ibiapaba, popularmente conhecida como Serra Grande. Para subir essa montanha – cuja altitude varia de 800 metros, em Guaraciaba do Norte, a 945 metros em Viçosa – será necessário um potente conjunto de motobombas. Uma motobomba desse porte leva de um a dois anos para ser fabricada.
Larissa Rego ouviu, também, argumentos de outros empresários sobre o mesmo tema, mas disse que a implantação do Polo de Irrigação da Ibiapaba é o caminho mais fácil e rápido para levar à construção do açude Lontras. Mas há um problema, que ela mesma revelou: “O Lontras não entrou no PAC!”, que é o Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal, apesar de todo o esforço feito pelo governador Elmano de Freitas.
Para substituir o Lontras, cujo custo é alto, os especialistas da Secretaria de Recursos Hídricos do Governo do Ceará sugeriram – e a sugestão foi aceita pelos produtores da Ibiapaba – a construção de cinco pequenas barragens ao longo da Chapada.
Larissa Rego prometeu levar às autoridades do MIDR as demandas que ouviu e anotou, inclusive, as relativas à construção das cinco barragens em diferentes municípios da Ibiapaba.