Rentabilidade da poupança deve mudar com aumento da taxa de juros; entenda

Previsão do mercado é que a taxa básica de juros chegue a 9,25% em nova reunião do Copom, que começa nesta terça-feira (7)

Escrito por Heloisa Vasconcelos , heloisa.vasconcelos@svm.com.br
Mão colocando moeda em cofrinho de porco rosa
Legenda: Há discussão em aberto sobre uma mudança nas regras vigentes, mas plano não deve entrar em prática no curto prazo
Foto: Shutterstock

Investimento queridinho da maioria dos brasileiros, a poupança deve começar a render ainda menos em relação a outras opções de renda fixa a partir da próxima quarta-feira (8).  

Caso o Comitê de Política Monetária (Copom) concretize o aumento na Selic previsto pelo mercado na reunião que começa nesta terça-feira (7), as regras da rentabilidade da caderneta de poupança mudarão

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Pelas regras vigentes, a rentabilidade da poupança é de 70% da Selic + TR (hoje em 0) quando os juros básicos da economia brasileira estão abaixo de 8,5%. Hoje, a Selic está em 7,75% ao ano e a previsão do mercado é que o Copom suba a taxa para os 9,25% nesta semana. 

Caso a Selic ultrapasse o limite da primeira regra, a rentabilidade passa a ser de 0,5% ao mês + TR, ou 6% ao ano. Com a regra antiga, a rentabilidade seria de 6,47% ao ano. 

Mudança nas regras da poupança 

A alteração da rentabilidade quando a Selic atinge 8,5% ocorre de forma automática, conforme regra estabelecida pelo Banco Central. Mas, de acordo com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, há estudos em andamento para modificar a remuneração da poupança, tornando a correção mais próxima da que é usada para fazer o financiamento de projetos imobiliários.  

Isso porque a poupança, que pode ser sacada a qualquer momento, é uma fonte para o crédito imobiliário, que tem prazos mais longos. Esse descasamento estabelece a exigência de um colchão (reserva) mais alto para possibilitar os saques, o que poderia ser evitado caso a rentabilidade seguisse um indicador como o IPCA ou o IGP-M. 

Em evento do setor imobiliário, Campos Neto se posicionou falando justamente sobre a possibilidade de tornar a rentabilidade da poupança mais próxima aos juros de financiamento. 

Com a Selic em 2%, estávamos preocupados com a migração alta para a poupança. Com a taxa de juros subindo, temos preocupação com a saída de recursos da poupança
Roberto Campos Neto
presidente do Banco Central

Segundo a analista de investimentos da Rico, Paula Zogbi, mesmo que essa mudança venha a acontecer, as regras atuais devem ser mantidas por algum tempo.  

“A gente ainda nem conhece esse plano, mas mesmo quando ele for apresentado demora bastante para uma mudança como essa ser efetivamente aplicada. A ideia seria que a poupança realmente voltasse a ser mais utilizada para moradia mesmo, para financiamento imobiliário, foi isso que o Banco Central disse pelo menos. Mas tudo isso é muito preliminar. A gente ainda não sabe o que vai acontecer”, destaca. 

Rentabilidade inferior 

A poupança já não era a opção mais vantajosa da renda fixa rendendo 70% da Selic, estando, inclusive, com rendimento abaixo da inflação. Agora, com a lucratividade fixada em 6% ao ano diante da TR, zerada há anos, a competição com outras opções de igual segurança se torna ainda mais desleal. 

A maioria dos CDBs do mercado rendem equivalente a pelo menos 100% do CDI, índice que normalmente está 0,10 ponto porcentual abaixo da Selic.  

Paula Zogbi recomenda que quem quer guardar dinheiro com objetivo de reserva de segurança, podendo acessar a qualquer momento, vale mais a pena investir em títulos do Tesouro Selic ou Fundos DI.  

“Você consegue acessá-los em um dia se você pedir resgate e eles são seguros. Eles não sofrem tantos efeitos de marcação a mercado, então é muito improvável que a pessoa perca dinheiro investindo nesses títulos, mesmo no curto prazo”, detalha. 

Para objetivos de longo prazo, o mais recomendado é diversificar, tendo em vista sempre o perfil do investidor. 

“Ter um pouquinho em investimentos indexados ao IPCA para proteger da inflação, fundos de investimento, multimercados, fundos de ação, as próprias ações... Tudo isso vai depender aí do seu perfil de investidor, do quanto você está disposto a correr riscos e do dos seus objetivos”, recomenda. 

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