Próxima de anunciar novo reajuste, Enel Ceará registra lucro de R$ 464 milhões em 2024

Companhia de energia teve alta de quase 50% nos rendimentos mesmo após redução tarifária

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Redação producaodiario@svm.com.br
Foto que contém a sede da Enel Ceará, em Fortaleza
Legenda: Sede da Enel Ceará, em Fortaleza
Foto: Davi Rocha

Enel Distribuição Ceará, concessionária de energia elétrica que atua no Estado, fechou 2024 com bons números financeiros. A companhia, que tem capital aberto na B3, a principal bolsa de valores do País, encerrou o ano passado com lucro líquido de R$ 464,9 milhões, alta de 47,4% no comparativo com 2023.

Nos resultados, a Enel Ceará teve indicadores manteve praticamente estável a situação financeira. Com exceção do lucro líquido, os demais índices tiveram poucas variações, como as leves altas na receita bruta e na margem líquida e quedas na receita líquida e no Ebit (lucro antes de juros e impostos).

Entrou na contabilização dos resultados financeiros da Enel Ceará o acionamento das bandeiras tarifárias pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), acionadas conforme o custo para produzir eletricidade no País. A bandeira vermelha, por exemplo, indica que a conta de luz ficará mais cara em virtude do menor volume nos reservatórios de água das hidrelétricas e do funcionamento das termelétricas.

Nos 12 meses de 2023, a única bandeira tarifária em vigor foi a verde, ou seja, não houve aumento na conta de energia. Já em 2024, foram oito meses de bandeira verde (de janeiro a junho, agosto e dezembro). Nos meses de julho e novembro, a bandeira amarela — intermediária — estava em vigor; em setembro, foi a vez da vermelha patamar 1, e em outubro, da vermelha patamar 2.

Com isso, consequentemente, houve um aumento da arrecadação pelas concessionárias de energia. Para efeitos comparativos, em junho de 2024, o preço mínimo cobrado pela Enel Ceará para produzir 100 megawatts/hora (MWh) de eletricidade foi de R$ 61,07. Já em outubro, o valor partia de R$ 599,72, alta de 982%. 

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Reajustar ou não?

Esse lucro líquido entra na equação desta terça-feira (15). Será realizada pela Aneel reunião pública ordinária da diretoria para aprovar o reajuste na conta de energia cobrada pela Enel Ceará.

A tendência é de que, após um 2024 de redução tarifária, a concessionária solicite à Aneel a alta na conta, porém não está descartada uma segunda redução consecutiva no preço médio cobrado pela empresa.

No ano passado, a Enel Ceará solicitou uma redução média de 2,81% no preço da tarifa. Isso interrompeu um ciclo de dez anos de reajustes que solicitavam alta no valor da conta de energia, quando a concessionária ainda se chamava Companhia Energética do Ceará (Coelce).

Confira ano a ano o reajuste nas tarifas de energia no Ceará:

  • 2014: +16,77%
  • 2015: +10,28% (extraordinária)
  • 2015: +11,69%
  • 2016: + 12,97%
  • 2017: + 0,15%
  • 2018: + 4,96%
  • 2019: + 8,29%
  • 2020: + 3,94%
  • 2021: + 8,95%
  • 2022: + 24,85%
  • 2023: + 3,06%
  • 2024: - 2,81%

Não há informações preliminares sobre o percentual a ser adicionado ou reduzido na conta de energia da Enel Ceará. A nova tarifa reajustada — seja para mais, seja para menos — entra em vigor já na próxima terça-feira, 22 de abril, após aprovação da diretoria colegiada da Aneel.

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Enel Ceará pede prorrogação de contrato em meio à piora em indicadores de fornecimento

Em comunicado divulgado aos acionistas no fim de março, a concessionária informou que pediu que o contrato de concessão da Coelce por mais 30 anos. O atual vínculo foi iniciado em 1998, quando a então estatal cearense foi privatizada, e segue válido até 2028. Em 2016, passou a se chamar Enel Ceará.

Esse pedido acontece em meio a uma série de questões envolvendo a concessionária, que envolvem uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) e reclamações de usuários.

Também houve uma significativa piora nos indicadores de fornecimento, medidos pela Aneel. Uma das poucas exceções foi no Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC), que mede quanto tempo cada unidade consumidora (casa ou comércio, por exemplo) ficou sem eletricidade durante uma queda de energia.

O indicador baixou ligeiramente, de 9,76 horas para 9,68 horas. Ainda assim, o DEC da Enel Ceará em 2024 se manteve muito próximo do limite estabelecido pela Aneel, de no máximo 9,85 horas sem fornecimento de energia durante o ano. Entre os conjuntos, a disparidade no abastecimento de eletricidade fez com que algumas cidades cearenses ficassem 28 horas sem energia.

Foto que contém a fachada da Enel Ceará, em Fortaleza
Legenda: Fachada da sede da Enel Ceará, em Fortaleza
Foto: Davi Rocha

Já a Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC), que mede quantas vezes houve queda de energia em um conjunto, saiu de 3,9 vezes em 2023 para 4,19 vezes em 2024, abaixo do limite estipulado pela Aneel, de 6,46 interrupções.

O conjunto de fatores impactou no Desempenho Global de Continuidade (DGC) da Enel Ceará, deixando a concessionária cearense entre as dez com o pior fornecimento de energia do País.

O reajuste solicitado pela Enel Ceará considera em balanços elaborados pela concessionária equivalentes ao ano anterior e encaminhados à Aneel. A partir disso, a agência calcula quanto será o reajuste, seja ele positivo ou negativo. 

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