Região da Água Fria ficou quatro vezes mais tempo sem energia do que Aldeota em 2024

Mesmo com diferença entre regiões, distribuição de energia em Fortaleza é mais eficiente do que no restante do Ceará

Escrito por
Mariana Lemos mariana.lemos@svm.com.br
foto de casa sem energia, a luz de velas
Legenda: Região da Água Fria, em Fortaleza, ficou em média 7,5 horas sem luz em 2024
Foto: Shutterstock

A depender da região em que moram, os residentes de Fortaleza podem ter uma experiência diferente em relação ao fornecimento da energia elétrica

Ao longo de 2024, as residências da região da Água Fria, como também é conhecido as imediações do bairro Edson Queiroz, ficaram em média 7,5 horas sem luz. Foi a maior duração de interrupção entre os conjuntos (subdivisões de distribuição de energia) de Fortaleza.

Já na região da Aldeota, o tempo médio de interrupção no fornecimento de energia foi de 1,74 hora. Ou seja, os 56 mil consumidores da Água Fria ficaram quatro vezes mais tempo sem energia do que os 40 mil da região da Aldeota.

Embora muitos conjuntos levem nomes de bairros de Fortaleza, as subdivisões podem atender a mais de um bairro. 

A duração de interrupção consiste no DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora), indicador calculado e divulgado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). 

Quanto maior o DEC, mais tempo os consumidores daquela região ficaram sem energia. O conjunto Distrito Industrial de Fortaleza, que atende moradores da Capital e de Maracanaú, registrou o segundo maior tempo de falta de luz - média de 6,87 horas.

Outras divisões bem posicionadas no ranking de maior tempo sem fornecimento de energia são as do Dias Macedo (5,9) e do Papicu (5,73).

Já no extremo oposto, os conjuntos do Centro e da Varjota acompanham o da Aldeota no ranking de menor tempo sem energia. Os quase 18 mil consumidores do Centro e os 19 mil consumidores atendidos pela subdivisão da Varjota ficaram em média 3,2 horas sem luz.

A Enel Ceará informou que o conjunto elétrico Água Fria é severamente afetado pelo furto de cabos, o que compromete a qualidade do fornecimento de energia. 

“Cabe ainda pontuar que, mais de 35% das ocorrências do conjunto Água Fria são ocasionadas por furtos de cabos, postes abalroados e interferência de terceiros com danos à rede elétrica. Somente no ano passado, cerca de 320 quilômetros de cabos de energia foram furtados no Ceará”, disse a empresa em nota.

A Enel reafirmou o compromisso com a melhoria contínua do serviço prestado, com investimento de R$ 7,4 bilhões entre 2025 e 2027, aumento de mais de 50% em relação ao plano anterior. 

'DIFERENÇA DE INVESTIMENTOS'

Os diferentes resultados entre regiões de Fortaleza podem indicar uma diferença de investimentos da Enel Ceará, concessionária responsável pela distribuição de energia no Estado. É o que aponta Erildo Pontes, presidente do Conselho de Consumidores da Enel Ceará. 

Me parece que no conjunto da Aldeota a manutenção e automação dos equipamentos tem sido mais eficiente do que no conjunto Água Frita. Isso nos leva a deduzir que os investimentos nos dois casos foram bem diferentes, com mais investimento na Aldeota.
Erildo Pontes
presidente do Conselho de Consumidores da Enel Ceará

Erildo avalia que os diferentes padrões de ocupação das regiões podem influenciar na infraestrutura destinada às regiões. Ele avalia que a qualidade dos serviços prestados melhorou a partir do ano passado, em meio a vontade da empresa de renovar a concessão por mais trinta anos.

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“Houve melhoria significativa ano passado, provavelmente a companhia já com esse propósito de renovar a concessão. O que não aconteceu em 2023, que eles anunciaram inclusive a venda. Mudaram de ideia e quiseram investir, fizeram investimentos em automação e naturalmente está melhorando”, afirma.

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DISPARIDADE ENTRE CAPITAL E INTERIOR 

Embora algumas regiões de Fortaleza passem mais tempo sem luz do que outras, o fornecimento de energia na Capital é mais resiliente do que no interior do Estado

Todos os conjuntos de Fortaleza ficaram abaixo do limite de duração das interrupções e da frequência de interrupções no fornecimento de energia - medidas pelo Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC).

Essa não é a realidade de diversas cidades foram da Região Metropolitana de Fortaleza, que ultrapassaram os limites dos indicadores de continuidades definidos pela Aneel.

Consumidores atendidos pelo conjunto Icapuí (das cidades de Icapuí e Aracati) passaram em média 28,24 horas sem energia ao longo de 2024. Também registraram tempo considerável sem luz das regiões de Beberibe (28,2 horas), Baixo Acaraú (27,55 horas) e Aracati (25,66 horas). 

As mesmas regiões estão entre os conjuntos com maior frequência de interrupções no fornecimento de energia. Beberibe foi a cidade com maior registro: uma média de 16,4 interrupções por unidade consumidora.

As subdivisões de Trairi e Aquiraz também registraram mais de dez interrupções de luz por unidade consumidora. De modo geral, o limite imposto pela Aneel é de seis a oito descontinuações no fornecimento. 

A Enel Ceará informou que os conjuntos Aracati, Acaraú, Aquiraz, Beberibe, Icapuí e Trairi também foram afetados frequentemente por furto de cabos em 2024. 

Dos 115 conjuntos de distribuição da Enel Ceará, 16 ultrapassaram o limite de interrupções por consumidor. Veja quais: 

  • BEBERIBE - 16 interrupções por unidade (limite: 7 interrupções)
  • TRAIRI - 10,5 interrupções por unidade (limite: 7 interrupções)
  • AQUIRAZ - 10 interrupções por unidade (limite: 7 interrupções)
  • BANABUIÚ - 9,8 interrupções por unidade (limite: 7 interrupções)
  • GUARAMIRANGA - 9,8 interrupções por unidade (limite: 7 interrupções)
  • ICAPUÍ - 9,71 interrupções por unidade (limite: 7 interrupções)
  • BALANÇO - 9,44 interrupções por unidade (limite: 7 interrupções)
  • CASCAVEL - 8,7 interrupções por unidade (limite: 8 interrupções)
  • PARAIPABA - 8,5 interrupções por unidade (limite: 8 interrupções)
  • BAIXO ACARAÚ II - 8,5 interrupções por unidade (limite: 7 interrupções)
  • PECÉM - 8,3 interrupções por unidade (limite: 8 interrupções)
  • ARACATI - 7,9 interrupções por unidade (limite: 7 interrupções)
  • JAGUARIBE - 7,4 interrupções por unidade (limite: 7 interrupções)
  • BARRA DO FIGUEREDO - 7,17 interrupções por unidade (limite: 7 interrupções)
  • MORADA NOVA - 6,2 interrupções por unidade (limite: 6 interrupções)

Os indicadores compõem o Desempenho Global de Continuidade (DGC), avaliação da Aneel das concessionárias de energia. A Enel Ceará ficou entre as dez pior avaliadas. 

Ao longo de 2024, os consumidores do Ceará ficaram sem energia por cerca de 9,68 horas — ligeiramente abaixo do limite estipulado de 9,85 horas. 

Houve uma média de 4,19 interrupções de energia por unidade consumidora. O número é abaixo do limite estabelecimento pela Aneel, de 6,46 horas.

Os indicadores de DEC e FEC registrados em 2024 foram melhores do que em 2023. 

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