O que esperar do reajuste da conta de energia em 2025
Projeção é de queda para este ano, mas aumento em 2026

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decide, na manhã desta terça-feira (15), o índice de reajuste anual aplicado às tarifas da Enel Distribuição Ceará. Embora o percentual ainda não tenha sido divulgado, especialistas indicam uma possível redução de até 8%.
Por outro lado, ainda existe o risco de um aumento médio de 3% na conta pela prestação do serviço. O novo valor está previsto para entrar em vigor já a partir do próximo dia 22.
Segundo Felício Santos, especialista em regulação da Energo Soluções e diretor Adjunto de Assuntos Regulatórios do Sindienergia CE, a diminuição poderá ser de 2,10% a 8,75%.
“Isso depende da concessão ou não pela Aneel de um procedimento de diferimento tarifário que a distribuidora solicitou para 2025. Trata-se de uma espécie de empréstimo que a distribuidora solicita para antecipar benefícios ou postergar custos”, observa.
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Santos explica que o valor é embutido nas tarifas de energia elétrica, cujos valores são corrigidos pela taxa básica de juros (Selic) e recompostos nos ciclos tarifários seguintes.
“Se esse diferimento tarifário não for concedido pela Aneel, o reajuste é de 8,75% negativo, ou seja, redução. Se ele for concedido, o reajuste vai na casa dos 2%”, destaca.
Aumento pode ficar para 2026
Segundo Santos, o objetivo da distribuidora é suavizar o impacto do reajuste para o consumidor. Ao reduzir neste ano, contudo, será acrescido no seguinte com maior peso.
"No cenário projetado para este ano, com uma redução de 8,75%, a perspectiva para 2026 é de um reajuste de 17,6%. Essa variação representaria uma grande volatilidade de um ano para o outro, passando de -8,75% para +17,6%", calcula.
"Contudo, caso o diferimento tarifário seja concedido, essa variação entre 2025 e 2026 seria amenizada, resultando em uma redução de 2% em 2025 e um aumento de 1,7% em 2026", completa.
Raphael Amaral, professor do departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará (UFC), reitera que os cenários tarifários para a Enel em 2025–2026 dependem do diferimento tarifário solicitado à Aneel.
Sem o diferimento, projeta-se uma queda de até 8% neste ano, seguida por um aumento de até 14% em 2026. Com o diferimento, espera-se uma variação menor em 2025 (queda de até 2% ou aumento de até 3%, possivelmente abaixo da inflação) e um aumento mais suave em 2026 (cerca de 1.7% a 2%).
“O diferimento é positivo porque evita quedas ou aumentos abruptos. Sem ele, pode haver uma queda significativa, mas, em compensação, um aumento no ano seguinte. Além disso, existe a tendência de aumento nos custos de energia e a Enel perderá incentivos fiscais no próximo ano; esses fatores também afetam os custos", aponta.
"A tendência de mercado é de mais aumentos do que quedas no preço da energia, mas vamos esperar para ver o que a Enel decidirá”, finaliza.
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O presidente do Conselho de Consumidores da Enel Ceará, Erildo Pontes, acrescenta que entram no cáculo do reajuste todos os aspectos financeiros, como transporte, compra de energia, tributos e inflação. Entre os principais componentes do cálculo estão:
- Custos não gerenciáveis: Incluem gastos com compra de energia, encargos setoriais e transmissão. Estes são repassados integralmente aos consumidores.
- Custos gerenciáveis: Relacionados à operação e manutenção da distribuidora. Estes custos são revisados periodicamente para garantir eficiência.
- Índice de Reajuste Tarifário (IRT): É o índice final calculado pela Aneel, levando em conta os custos mencionados e os ganhos de produtividade da distribuidora.
- Inflação: O cálculo também incorpora indicadores econômicos, como o IGP-M e o IPCA, para refletir a variação de custos.
Histórico dos últimos reajustes
Nos últimos cinco anos, o percentual de reajuste médio aplicado à tarifa de energia elétrica da Enel Ceará foi o seguinte:
- 2024: -2,8%
- 2023: +3,06%
- 2022: +24,85%
- 2021: +8,95%
- 2020: +3,9%
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